PROBLEMAS TEOLÓGICOS DA BÍBLIA (BREVE APONTAMENTOS)

CITAÇÃO DA OBRA:

SCHEREINER, Josef. Palavra e mensagem: introdução teológica e crítica aos problemas do AT. Tradução de Benôni Lemos. São Paulo: Paulinas, 1978. p. 10-25.

RESUMO:

Deus possui a função de principal personagem da história, no que se refere a palavra da aliança. Um bom exemplo que confirma a sua importância são os mandamentos. Estas são a ressonâncias da presença de Deus no meio dos homens. Mais do que isso: é reflexo da preocupação de Deus para com os homens, pois os mandamentos representam uma ordem, que deve ser realizada dentre os homens. Daí se gera as bênçãos e as maldições repercutidas na estrutura religiosa de um determinado povo. Tais bênçãos são representadas pelas alegrias, enquanto a maldição é o sofrimento. Isso ocorre devido a vigilância do povo frente aos mandamentos, bem como a sua pratica. Tudo que foi apresentado até aqui gera uma aliança, ou seja, uma relação entre a história, mandamentos, bênçãos e maldições.

Há outra forma de palavra, que é a forma profética. Tal forma ressoa uma estrutura mais individual, concreta e pertencente a determinado profeta. Ocupa-se, ainda, da história, quer dizer, presente num determinado período. É sinônimo de permanente repetição profética no percurso histórico. Mas o profeta não fica, apenas, falando das belezas e maravilhas de Deus, ele também adverte o povo para possuírem concreta postura frente aos mandamentos e a vontade do próprio Deus. Desta forma, cabe ao profeta executar as bençãos e maldições no momento de sua missão. Afinal de contas: a promessa profética deve ajudar ao povo viver de acordo com os desígnios de Deus, por isso é o profeta que deve colaborar para a execução da vontade de Deus para o povo.

Óbvio que tanto a palavra aliança quanto a profética não possuem, em sim mesmas, limites. Pelo contrário, são formas dinâmicas. Assim, elas são passíveis de aplicação. A aliança, por exemplo, para ser aplicada deve ser usada, também, a parênese. Esta significa a explicação ou comentário de uma leitura bíblica. Fazendo com que a palavra não seja mal interpretada, ma sim bem entendida e contextualizada. Há também a forma em que o profeta instrui a comunidade. Isso recebe o nome de oráculo. Pois a palavra quer ser ouvida pela comunidade, por isso cabe o profeta instruir a comunidade à luz da própria palavra de Deus. Segundo os historiógrafos é a palavra de Deus que deve ser tomada como base para a autêntica prática profética em prol da vontade de Deus.

A palavra, num patamar teológico, se torna categoria indispensável para interpretar a criação e a história. A primeira pode ser observada pela própria imagem de uma vontade soberana. É a linguagem divina ressoada em conceitos humanos. Já a segunda, a história da salvação, toma Deus como centro da própria palavra, ou seja, cabe a ele o mérito de obter o poder da palavra e valor da própria revelação.

Não há dúvida que Deus se apresenta pela palavra e isso significa a verdadeira revelação. Sua presença é viva e eficaz no decorrer da história. Sua presença revelada quer expressar a liberdade humana em cumprir com os mandamentos. Gerando, assim, dois problemas repercussores da problemática da palavra de Deus. Um destes problemas é referente a sua estrutura “teândrica”.

Esta simboliza o resultado do trabalho literário que tal profeta teve ao escrever suas profecias. Ele, o profeta, não escreve por si-só, ou seja, pelo puro “intuito literário”, e sim à luz do próprio Deus. Outro problema é sobre o sobre o conceito de profeta-instituição. Isto porque a palavra escrita pelo profeta deve possuir sentido maior do que ela mesma: deve transcender seu valor filológico.

Há, porém, um questionamento que vale a pena ser visto: qual o valor e a importância social da palavra de Deus. Ver-se, ao longo de sua formulação, que a palavra é proferida com a intuição de mostrar ao povo como devem agir frente aos outros. Não apenas isso, o pregador também acusa o povo quando este não esta caminhando rumo a palavra e a vontade do criador. É inquestionável que a palavra escrita tenha sido formada, me primeira instância, sob forma oral. Mas é aceitável, também, que anterior a ela tenha existido outras formas orais que não foram relatadas.

Thiago Marques Lopes
Enviado por Thiago Marques Lopes em 09/02/2010
Código do texto: T2078263