DIVINA PROVIDÊNCIA E COMPROMISSO ÉTICO
REFERENCIA:
SUSIN, Luiz Carlos. Divina providência e compromisso ético. In: REB – Revista Eclesiástica Brasileira. P. 68-84.
RESUMO:
O objetivo do artigo “divina providência e compromisso ético” é apresentar, de forma sucinta e esquemática, as questões que envolvem a ética atual, bem como os seus desafios para a pós-modernidade. No que tange a questão da ética relacionada com a providencia divina, se faz preciso haver o seguinte questionamento: de que forma se pode falar de providência divina sendo que toda e qualquer cultura existente tem uma grande relevância para a responsabilidade humana? De que forma que tal questionamento pode ser respondido ou, possivelmente, investigado? Para isso, o artigo faz menção a temáticas relacionadas a graça e da natureza, do sobrenatural e natural, do dom e do esforço humana, binômio que perpassa a Teologia da Graça. Após este trajeto, se faz uso da questão da responsabilidade social e ética frente a sociedade, à luz da providencia divina.
É de fácil percepção que atualmente existe certo aceleramento da racionalidade, pois nunca se houve tanto progresso nas ciências em benefício do próprio homem. Este, por sua vez, é o principal responsável por este mesmo progresso, sendo que é ele mesmo que o produz e o cria. Não há como negar que cabe ao homem a responsabilidade de cuidar de forma equilibrada. Outrora já alerta do perigo que este mesmo progresso pode caiusar para a humanidade, basta lembrar do caso Galileu e das hipóteses levantadas por Charles Darwin. Neste ponto que o Papa João Paulo II escreve a sua magna encíclica Fides et ratio, da qual ressalta a possibilidade da ciência estar em constante equilíbrio com a religião. Não seria exagero afirmar que ambas, a ciência e a religião, possuem algo em comum, a saber, a busca da verdade. Assim sendo, não há o porquê das duas estarem em conflito. O melhor que elas têm a fazer é estar em perpetua relação e em diálogo. Para que este ideal seja concretizado, é preciso que tanto os cientistas quanto os religiosos estejam disponíveis para que esta relação aconteça e seja real, do contrário, as pequenas guerras entre ambas sempre vão ocorrer.
Acaso a história seja analisada, se percebera que a questão da ética foi considerada como um privilégio dado às pessoas de terminado tempo para ser usada de forma fraterna entre os outros. Claro que nada foi perfeito e esta longe se sê-lo, mas se percebe que houve uma tentativa, seja por parte de tal grupo ou outro, de melhorar as relações sociais de um tempo histórico. Seria difícil falar de um “fim da ética”, pois esta passa por todos os tempos de forma necessária e precisa. É justamente ai que entra a questão da Igreja propriamente dita, como forma “reguladora” de comportamentos éticos e de implantação de uma moral capaz de perpassar por todas as pessoas, bem como em suas variadas relações.
A questão da divina providência é de ser notada neste ponto, afinal de contas o que a religião prega, de forma geral, é a divindade de Deus pelo homem e, ainda, a sua providência prometida a todos. Basta citar a função de Jesus na terra: ele, por sua vez, difundia a idéia da existência de um ser maior do que o humano. E, mais ainda, fez da promessa “escatológica” principal ferramenta de sua evangelização missionária. Daí se vê o quanto ele usou da graça como modelo perfeito de pregar a existência de uma divina providência capaz de ultrapassar a racionalidade humana. Na Bíblia, e em especial o Novo Testamento, se pode ver de forma bem clara o quanto Jesus falou e preparou os seus discípulos sobre seu destino. Este é um exemplo claro do quanto ele usou da divina providencia como alicerce de sua pregação apostólica.