o velho que acordou menino
O velho que acordou menino, de Rubem Alves, narrando memórias de sua infância, esclarece uma série de costumes que repetimos sem saber ao certo de onde vieram.
Assim como ele não sabia a origem de muita coisa que "era como era", nós vamos incorporando hábitos sem perceber quantos antes já os viveram.
Ele reconta Minas Gerais, a maria-fumaça, o urinol, o fogão à lenha, o alpendre, o porão, os escorpiões, as jaboticabeiras, as praças,o telefone à manivela, velórios, casamentos arranjados, os brinquedos artesanais inventados, o silêncio entre pais e filhos, a submissão feminina, a igreja e outros adereços que montam uma paisagem singular, de fotografias da memória, com a sempre surpreendente e simples linguagem, tão peculiar de suas crônicas.
São inúmeras as reflexões. O livro traz a tona a sensação do quanto iguais são nossos medos, nossos sonhos, nossas dores. É mais que um testemunho de vida, é a sua cumplicidade com ela.
Solange Pereira Pinto
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Trechos:
"É curto o caminho que vai dos sonhos a algum terreno baldio escuro..."
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"Por isso eu me senti sempre órfão. Não tinha com quem falar sobre as minhas dores.
Se eu as trouxesse a ele minhas dores, meu pai não saberia acolhê-las.
Seria doloroso demais. Para ele. Ele era fraco. Empunhava sua vara de condão e minhas
dores se transformavam em risos. Para ele. Mas em mim elas continuavam a dore. Fui sempre sozinho."
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"Quando jogamos conversa fora voltamos a ser crianças: soprando bolhas com palavras, bolhas que serão logo esquecidas".