O SÍMBOLO PERDIDO
AUTOR- DAN BROWN
EDITORA SEXTANTE-- RIO DE JANEIRO, 2009
Acabo de ler o Símbolo Perdido, novo sucesso mundial do escritor americano Dan Brown. Desta vez o fóco do autor é a Maçonaria. Ele constrói, a exemplo do que fizera em o Código da Vinci, um enredo policialesco envolvendo a Ordem Maçônica em conspirações políticas, conflitos familiares, investigações científicas e toda a parafernália do gênero. Dan Brown é mestre nessas mistificações. Sua habilidade consiste em pegar trabalhos sérios de pesquisa, feitos por outros autores, e transformá-los em movimentados romances policiais. Fez isso em o Código da Vinci se apropriando do trabalho realizado por três jornalistas inglêses, Baigent, Leigh e Lincoln, que nos anos sessenta lançaram a controvertida tese de que os primeiros reis franceses, da linhagem dos Merovíngeos, eram descendentes diretos de Jesus Cristo através de um filho, ou filha, que ele teria gerado com Maria Madalena. Esse trabalho foi publicado em um curioso livro chamado The Holly Blood and the Holly Grail e Dan Brown aproveitou a idéia para compor o seu enredo.
O trabalho dos jornalistas inglêses, do ponto de vista histórico e intelectual é interessante, o Código da Vinci não. Mas para quem procura apenas uma forma de alienação mental, ou uma maneira de relaxar depois de um dia estressante, a aventura do Dr. Langdon na procura do Graal ajuda. O mesmo se pode dizer do Símbolo Perdido. É um amontoado de clichês, costurados com boa técnica literária, de forma a dar ao leitor algumas horas de gostosa alienação.
Nada é verossímel na história que ele conta. Em sã consciência, nenhum maçom, ou qualquer outra pessoa medianamente informada sobre o assunto, ao ler a estória de Dan Brown irá acreditar que um vídeo mostrando pessoas importantes praticando ritos maçônicos poderia representar um perigo para a segurança nacional de um país tão poderoso como os Estados Unidos da América. Videos como esse circulam diariamente pela Internet e não parece que isso seja tão preocupante que a própria CIA tenha que mobilizar um aparato tão grande por causa disso.
Depois, todo mundo sabe que a Maçonaria é uma organização poderosa, justamente porque congrega uma grande maioria de pessoas que ocupam importantes funções nos governos, nas empresas, na sociedade em geral. Isso ocorre em todos os países ocidentais, não só nos E.U.A., embora naquele país a Sublime Ordem dos Obreiros da Arte Real, como gostamos de chamar os maçons, tenha realmente um poder considerável. Qualquer pessoa que conheça razoavelmente a história americana sabe que os Estados Unidos foram fundados por maçons. Que sua Constituição reflete a doutrina maçônica, inspirada no Iluminismo. Que Jorge Washington, Benjamin Franklin, Jonh Quincy Adans, Tómas Jefferson, Andrew Jackson e outros pais da pátria pertenciam à Fraternidade. E que a grande maioria dos "índios" que subiram nos navios no porto de Boston e arrojaram ao mar as caixas de chá ingleses, dando início à guerra da independência, eram maçons.
A estória costurada por Dan Brow envolvendo símbolos e lendas maçônicas é um tanto ingênua. O "bandido", desta vez, não é uma organização, como a Opus Dei, que no Código da Vinci quer eliminar a todo custo os vestígios da linhagem sagrada. Em o Símbolo Perdido o bandido é um psicopata, que se torna maçom em razão do ódio que vota ao próprio pai, também um iminente maçom. E em razão disso quer destruir a família e a Ordem, que na sua torta cabeça, é a responsável por todas as suas desditas.
É verdade que o simbolismo arcano guardado pela Maçonaria está disseminado por todas as instituições americanas. Washington é uma cidade maçônica por excelência. A Maçonaria lá está, presente em toda parte. Mas não será lendo o Símbolo Perdido que o leitor aprenderá alguma coisa sobre a verdadeira Maçonaria, nem sobre a real influência da Ordem na vida e nas instituições americanas. Se o leitor tiver interesse nesse tema aconselhamos que leia A Cidade Secreta da Maçonaria, de David Ovason, publicado no Brasil pela Ed. Planeta. Esse sim, é um trabalho envolvente e revelador. Aliás, foi nesse trabalho que Dan Brown se inspirou para escrever o Símbolo Perdido.
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João Anatalino
www.joaoanatalino.recantodasletras.com.br
AUTOR- DAN BROWN
EDITORA SEXTANTE-- RIO DE JANEIRO, 2009
Acabo de ler o Símbolo Perdido, novo sucesso mundial do escritor americano Dan Brown. Desta vez o fóco do autor é a Maçonaria. Ele constrói, a exemplo do que fizera em o Código da Vinci, um enredo policialesco envolvendo a Ordem Maçônica em conspirações políticas, conflitos familiares, investigações científicas e toda a parafernália do gênero. Dan Brown é mestre nessas mistificações. Sua habilidade consiste em pegar trabalhos sérios de pesquisa, feitos por outros autores, e transformá-los em movimentados romances policiais. Fez isso em o Código da Vinci se apropriando do trabalho realizado por três jornalistas inglêses, Baigent, Leigh e Lincoln, que nos anos sessenta lançaram a controvertida tese de que os primeiros reis franceses, da linhagem dos Merovíngeos, eram descendentes diretos de Jesus Cristo através de um filho, ou filha, que ele teria gerado com Maria Madalena. Esse trabalho foi publicado em um curioso livro chamado The Holly Blood and the Holly Grail e Dan Brown aproveitou a idéia para compor o seu enredo.
O trabalho dos jornalistas inglêses, do ponto de vista histórico e intelectual é interessante, o Código da Vinci não. Mas para quem procura apenas uma forma de alienação mental, ou uma maneira de relaxar depois de um dia estressante, a aventura do Dr. Langdon na procura do Graal ajuda. O mesmo se pode dizer do Símbolo Perdido. É um amontoado de clichês, costurados com boa técnica literária, de forma a dar ao leitor algumas horas de gostosa alienação.
Nada é verossímel na história que ele conta. Em sã consciência, nenhum maçom, ou qualquer outra pessoa medianamente informada sobre o assunto, ao ler a estória de Dan Brown irá acreditar que um vídeo mostrando pessoas importantes praticando ritos maçônicos poderia representar um perigo para a segurança nacional de um país tão poderoso como os Estados Unidos da América. Videos como esse circulam diariamente pela Internet e não parece que isso seja tão preocupante que a própria CIA tenha que mobilizar um aparato tão grande por causa disso.
Depois, todo mundo sabe que a Maçonaria é uma organização poderosa, justamente porque congrega uma grande maioria de pessoas que ocupam importantes funções nos governos, nas empresas, na sociedade em geral. Isso ocorre em todos os países ocidentais, não só nos E.U.A., embora naquele país a Sublime Ordem dos Obreiros da Arte Real, como gostamos de chamar os maçons, tenha realmente um poder considerável. Qualquer pessoa que conheça razoavelmente a história americana sabe que os Estados Unidos foram fundados por maçons. Que sua Constituição reflete a doutrina maçônica, inspirada no Iluminismo. Que Jorge Washington, Benjamin Franklin, Jonh Quincy Adans, Tómas Jefferson, Andrew Jackson e outros pais da pátria pertenciam à Fraternidade. E que a grande maioria dos "índios" que subiram nos navios no porto de Boston e arrojaram ao mar as caixas de chá ingleses, dando início à guerra da independência, eram maçons.
A estória costurada por Dan Brow envolvendo símbolos e lendas maçônicas é um tanto ingênua. O "bandido", desta vez, não é uma organização, como a Opus Dei, que no Código da Vinci quer eliminar a todo custo os vestígios da linhagem sagrada. Em o Símbolo Perdido o bandido é um psicopata, que se torna maçom em razão do ódio que vota ao próprio pai, também um iminente maçom. E em razão disso quer destruir a família e a Ordem, que na sua torta cabeça, é a responsável por todas as suas desditas.
É verdade que o simbolismo arcano guardado pela Maçonaria está disseminado por todas as instituições americanas. Washington é uma cidade maçônica por excelência. A Maçonaria lá está, presente em toda parte. Mas não será lendo o Símbolo Perdido que o leitor aprenderá alguma coisa sobre a verdadeira Maçonaria, nem sobre a real influência da Ordem na vida e nas instituições americanas. Se o leitor tiver interesse nesse tema aconselhamos que leia A Cidade Secreta da Maçonaria, de David Ovason, publicado no Brasil pela Ed. Planeta. Esse sim, é um trabalho envolvente e revelador. Aliás, foi nesse trabalho que Dan Brown se inspirou para escrever o Símbolo Perdido.
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João Anatalino
www.joaoanatalino.recantodasletras.com.br