As sete Artes Liberais

Foi durante o reinado de Carlos Magno que as Sete Artes Liberais tornaram-se um curiculo disciplinar, para fins de ensino. Organizadas por Alcuino, capelão – mor daquele rei, as disciplinas foram divididas em duas partes: o trivium (retórica, gramática e lógica) e o quadrivium
(aritmética, música, geometria e astronomia). Essa divisão já vinha sendo aplicada desde os tempos de Aristóteles, e durante o Império Romano, esse era o currículo que orientava o aprendizado dos cidadãos bem educados de Roma.
As Sete Artes Liberais estão vinculadas a outros conhecimentos tradicionais e apresentam grandes simetrias com outras disciplinas, especialmente a astronomia. Nesse sentido, é possível fazer uma analogia com o simbólismo dos planetas, relacionando a retórica com
Vênus; a gramática com a Lua; a lógica com Mercúrio; a aritmética com o Sol; a música com Marte; a geometria com Júpiter e a astronomia com Saturno.
Nos tempos de Roma, e mais tarde, durante a época de Carlos Magno, o estudante das Artes começava a suavida escolar aos catorze anos, estudando, em primeiro os chamados “três caminhos” do trivium, que o monge Pedro Abelardo (1079-1142) chamava de os três componentes da ciência da linguagem. Essa tríplice disciplina era composta pela
gramática ( a ciência de falar sem erro), a dialética,( a aprendizagem que consiste em saber distinguir o verdadeiro do falso), e a retórica, que é a disciplina que nos ensina a arte da persuasão


O trivium era o que poderíamos chamar, numa analogia com a educação moderna, o primeiro grau do aprendizado. De fato, para o aluno poder aprender outras coisas era preciso primeiro aprender a falar, a escrever e a pensar. Por isso tinha que aprender gramática, retórica e dialética. Sem
esses conhecimentos, difilmente o estudante conseguiria acompanhar o difícil e rigoroso método escolástico de ensino, que se fundamentava principalmente na lógica de Aristóteles. Depois vinha o quadrivium, comouma espécie de segundo grau, para complementar o aprendizado do
estudante.Em algumas escolas americanas, especialmente aquelas que seguem o modelo clássico, ainda se trabalha com um currículo semelhante, para os alunos que desejam tornar-se Master-of-Arts. No Brasil, até algumas décadas atrás, o chamado ensino clássico também guardava alguma
semelhança com esse modelo.(1)
A importância do trivium é que cada elemento contém potencialmente as habilidades filosóficas exigidas para a vida intelectual madura. É uma pena que esse sistema tenha sido banido das escolas brasileiras,substituído por um currículo que só sobrecarrega a mente do aluno com
informações, ( muitas vezes inúteis para a careira que ele escolheu, ou mesmo para os seus projetos de vida) sem ensiná-lo a usá-las adequamente.
Dessa forma, a Maçonaria, ao recuperar a importância das Sete Artes Liberais e inclui-la no programa de aprendizado maçônico, presta um grande serviço à educação. Que o Irmão possa realmente se valer disso. (2)
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(1) As Lojas maçônicas dos Estados Unidos, em sua grande maioria,
praticam o chamado Rito do Real Arco. Esse rito tem uma profunda ligação
com motivos astrológicos e é um dos mais ricos em conhecimentos
arcanos.
O próprio termo Arco Real está conectado com a simbologia do Zodiaco e
sua liturgia (palavras de passe, sinais, toques e posturas em Loja)
guardam uma estreita analogia com esses motivos.

(2) No Rito Escocês Antigo e Aceito, as Sete Artes Liberais são objeto de
estudo no Grau 31. Também estão conetactadas com a simbologia da
Escada Mística do Kadosh.

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DO "MESTRES DO UNIVERSO", PUBLICADO PELA ED. 24X7, SÃO PAULO, 2010

João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 03/12/2009
Reeditado em 02/02/2011
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