HONORÁVEIS BANDIDOS

(Um retrato do Brasil na Era Sarney)

Palmério Dória

2009

1ª edição

Geração Editorial

Chega!!

Chega de Pedro Álvares Cabral, D. Pedro, D. João...

No meu tempo ensinavam que um vento desviou a nau de Cabral e ele descobriu o Brasil.

Eu achava lindo aquilo.

E não estou dizendo que devemos ignorar nossa Velha História.

Mas alegar que somos um país assim por termos sido colonizados pelo que havia de pior em Portugal, na época, é o mesmo que um assassino cruel se defender dizendo:

-Sou assim porque meu tataravô judiava muito da minha bisavó!

O jornalista Palmério Dória relata fatos dos últimos 50 anos da História do Brasil, sempre centralizado em José Sarney que em 1959 assumiu seu primeiro poder político.

Uma grande qualidade do livro é dar nomes aos bois (Roseane, Jorge Murad, Jader, Lobão, Renan, Collor, Fernando Sarney,etc...) e às empresas (ALUMAR, ELETRONORTE, CAMARGO CORRÊA, ODEBRECHT, PETROBRÁS, PRECE, BrOi, etc...).

A farra das passagens, o retorno de Roseane, a gráfica do Senado, o Mensalão, processo sustado por Ministro alegando "falta de custos para extração de fotocópia", o milhão encontrado na empresa de Roseane e Murad, a Fundação José Sarney, etc...

O que assusta no livro de Palmério é que ninguém o processou por calúnia...

O que causa terror é que não é ficção e nem fatos ocorridos há séculos.

O que dá desespero é que foram eleitos por... NÓS!!

Ou seja: é hoje, é aqui e conosco !

O que está feito, feito está.

Podemos continuar a reclamar do vento na nau de Cabral,

podemos continuar a assistir JN que fala e não acrescenta,

podemos votar no trabalho de marketing pago pelos partidos para o horário eleitoral,

podemos nos informar melhor e votar melhor e então fazermos parte da mudança para um Brasil melhor.

Claro que após ler este livro fica mais desanimador votar.

Mas ler este livro é um bom começo.

Se não achar aí, peça pelo site do jornal Folha de São Paulo.

Leitura fácil e custa menos de 30,00.

Uma frase que abre o livro:

"NÃO EXISTE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA MAIS BEM-SUCEDIDA DO QUE A QUE CONTA COM O APOIO ESTATAL"

(Misha Glenny)