Religiões - A Eterna Busca
RELIGIÕES - A ETERNA BUSCA:
Donde o Criador se Revela à Criatura,
Aonde o Homem Encontra sua Humanidade/Divina.
(títulos provisórios)
PRÓLOGO
A idéia de escrever este livro começou com a triste constatação de que muitas pessoas, além de não seguirem religião alguma, não acreditam em Deus, somada à indignação com toda sorte de sofrimento humano de qualquer raça ou credo: todas as guerras e misérias da nossa espécie. Ter noção do que foi a Segunda Grande Guerra, choca e indigna qualquer pessoa, que fica feliz de não ter nascido nesse período lamentável da história humana. Entretanto, dois acontecimentos mais recentes acentuaram essa necessidade de expressão, que foram: 1- a triste realidade vivida pelos cristãos - católicos e protestantes - na Irlanda do Norte que se ofendem, cospem e matam, uns aos outros, a armas e bombas, onde o que me surpreende é que possam usar os nomes de Deus e Jesus Cristos, Símbolos Máximos do Amor, para justificar esse desrespeito ambilateral; 2- o não menos triste episódio entre os afegãos, que são islâmicos, e os americanos, cujo número mais significativo de religiosos são protestantes, mas com a grande maioria da população dividida entre ateus e os mais variados segmentos religiosos.
Este livro pode, apesar de não ser o seu foco, servir de ajuda para turistas internacionais, no sentido de ajuda-los a entender melhor a forma de pensar e de agir das pessoas das mais diversas etnias e países, já que o fundamento religioso de cada povo, notoriamente, influencia sua base social, política e jurídica, integrando o corpus de conhecimentos que integra sua base cultural.
Seu conteúdo segue os caminhos da existência de Deus na concepção humana. Sempre foi uma aspiração da humanidade aproximar-se da Divindade Criadora do Universo bem como assimilar os saberes do sagrado – que diz respeito às vontades e ações divinas e espirituais; e do funcionamento do universo e dos seres que nele habitam, como um todo e, em especial, do próprio ser humano. Nessa busca, entender Deus tem sido o maior desafio, embora a fé não pressuponha entendimento.
A falta de conhecimento sempre leva a erros grosseiros de julgamento. O sentimento de amor paternal e filial é inerente da raça humana. Ter ciência de um Pai Maior, Criador de todas as coisas, dos seres vivos, e, por extensão do universo, dotou o ser humano de um sentimento filial de gratidão e admiração ímpares, que gerou uma vontade de encontro e/ou proximidade ainda maior.
O surgimento das religiões, ao longo da história da humanidade, vem da tentativa de encontrar um caminho que possa servir de bússola na compreensão de Deus, estar mais próximo dEle, sentir-se amparado por seu imenso poder. A partir da busca de Deus e da descoberta do funcionamento das coisas e do universo, toda a história humana foi-se moldando: a formação das cidades, a descoberta de astrologia, química, física, biologia, motor, máquina, regras sociais, políticas e religiosas, integrando e interagindo em todos os segmentos da formação do “corpus” da cultura humana.
Segundo Douglas Davies, ninguém pode compreender a humanidade sem compreender as crenças da humanidade. Entre tudo que o homem acredita, o estudo das religiões, segundo o mesmo autor, é uma tarefa complexa, envolvendo antropologia, sociologia, história, teologia, teosofia, política, psicologia, fenomenologia, lingüística e semântica.
Pode-se citar entre as religiões mais antigas que continuam em prática até hoje, com um número significativo de seguidores no Brasil, as que nasceram nos continentes que primeiro concentraram população numerosa: o Bramanismo (da Ásia) - que originou o Hinduísmo e o Budismo; o Judaísmo (que nasceu no nordeste da África) em cujo seio nasceu o Cristianismo (que se fundamentou na Europa, primeiro, como Catolicismo e, depois, também, como Protestantismo) que, por sua vez influenciou o surgimento do Islamismo (África, gerando um conflito contínuo entre árabes e judeus), bem como do surgimento do Espiritismo Kardecista (também na Europa); e o Candomblé (do noroeste e sudoeste da África) de onde se originou a Umbanda (América do Sul), sob a influência do Cristianismo e do Espiritismo.
Tanto o Judaísmo, quanto o Bramanismo e o Candomblé iniciaram o repasse de conhecimentos e sua prática na oralidade durante séculos e séculos. A escrita posterior dos dois primeiros serviu para o registro e o repensar, o que levou a perpetuação de sua cultura e permitiu seu estudo, questionamento e revisão, de onde surgiram os desdobramentos, fez o conhecimento se aprimorar e influenciou todas as normas sociais vigentes, em todas as épocas e regiões do planeta, como elemento transformador por excelência. A fase escrita do Candomblé, aberta à leitura do público geral, começou apenas no século XX, o que pode explicar, de certa forma, porque demorou para atingir o status social de religião, fora do seu corpo de adeptos e sua pouca difusão, em relação às demais.
Assim, Deus vem se revelando, desde o início dos tempos, gradativamente, ao homem, de acordo com sua capacidade de entendimento, de sua busca de crescimento como ser e do seu desenvolvimento no estar no mundo. Cada povo, entretanto, tem interpretado Deus de forma diferente, o que originou as religiões, que têm sua importância reconhecida, pois além de servir de elo entre a criatura e o Criador, também se destacam, ao longo dos tempos como um grande elemento disciplinador de normas sociais para seus seguidores, ajudando na conscientização da necessidade do bem comum, precedendo e influenciando as leis civis.
O ser humano sempre teve o impulso de estabelecer no campo do seu pensamento os significados da vida. A vontade de saber e entender sempre foi-lhe inerente.
No início, o homem olhava para o céu e admirava os trovões e as estrelas, imaginava que lá estava seu deus e era o mais perto que conseguia chegar da definição do seu criador. Ele nem tinha palavras, mas seus olhos buscavam compreende-lo e já o viam como um ser grandioso. Religiões politeístas eram comuns entre os povos nômades, tribos que andavam pelo mundo em busca de alimento e sobrevivência.
Com o surgimento da agricultura e dos povos sedentários, formadores das primeiras vilas e cidades, de onde surgiram as civilizações, começou a emergir, entre os povos politeístas, o conceito de religião monoteísta e de normas sociais fixas. No entanto, embora sendo exceção, algumas tribos e civilizações continuaram idolatrando a vários deuses, como forma de preservação de sua cultura, identidade passada de geração a geração, outras, repassam esses mesmos saberes, mas já considerados lendas e mitos, parte da história e conhecimento humanos. Até hoje, assistimos filmes e lemos livros que exibem a mitologia grego-romana, a mais erradicada da era anterior a Cristo.
No entanto, o monoteísmo prevaleceu e povoou quase toda a terra com seu conceito de um Criador Único, pai de todos. Dele, o Cristianismo – entenda-se aqui por Cristianismo todas as religiões que adotam Jesus Cristo como mestre e exemplo – e o Islamismo, pela ordem, contemplam aproximadamente 70% da população mundial de religiosos, seguidos mais de perto pelo Budismo e o Judaísmo, e, depois, pelas religiões de matiz asiática e africana. Há também algumas práticas que não chegam a ser religiões praticamente ditas, como alguns cultos e filosofias de vida, na sua maioria, com base monoteísta que serão mencionados pela influência que tiveram sobre ou sofreram de outras práticas religiosas, sendo impossível ter uma compreensão mais ampla da religiosidade sem menciona-las neste contexto, já que nenhum costume ou religião surgiu do nada, totalmente inovador.
Daí, uma dissertação humanístico-religiosa em cima dos rituais religiosos e textos sagrados que prevaleceram na formaram a cultura dos povos, além de comentários sobre filosofias que têm larga propagação nos dias atuais, sendo, basicamente, um estudo sobre as vertentes monoteístas: crença num só Criador e sua influência nos rumos da humanidade, mais acentuadamente, no Brasil, que, pela sua abertura e composição étnica, não deixa de ser uma síntese mundial.
De fato, este livro defende a tese que a busca do encontro da criatura com o Criador é mais importante do que sermos donos de qualquer verdade e caminho humanos, que apenas a verdade do Pai deve ser levada em conta, ou seja, o amor que toda religião professa como verdade, que vem do Criador e se manifesta pela bondade de seus seguidores, como também a valorização de todo aquele que consegue se colocar sob este manto de elevação em relação ao seu próximo. Quem é capaz de se indignar cada vez que presencia uma injustiça contra qualquer pessoa e tenta fazer o que estiver ao seu alcance para ajudar, então é parceiro de um bem maior que nós mesmos, este é o revolucionário admirável. A bondade é o maior reflexo do Criador em nós. Não se pode ir contra a essência que veio do Pai que é bom, porque muito mais do que fazer os outros infelizes, aquele que assim se conduz é o primeiro infeliz.
Deus quer, em seu rebanho, homens de boa vontade em ter para com os outros respeito, consideração, amor e solidariedade - seres construtivos, não destrutivos. No sentido de aproximar o homem do Pai Criador, toda religião tem seu mérito. As religiões, quando erram, não erram em nome do Pai, erram em nome do homem. É preciso também não confundir as interpretações dos homens com as vontades de Deus. Deus é amor. Fazer guerra e brigar em nome de Deus é ofendê-lo gravemente. É preciso também não confundir os erros de qualquer representante com a sua religião, porque muitas vezes, seus atos não correspondem ao que a própria religião prega.
Muitas pessoas, hoje, descrentes das religiões, a partir de atos divulgados de seus representantes, descrêem de qualquer religião – o que representa cerca de 7% da população mundial, enquanto outras, mais descrentes ainda, adotam o ateísmo. Daí, surge a primeira necessidade: mostrar que existe um Pai e que a religião é apenas um instrumento de elo do homem com o Criador, mas difere Dele em pessoa. É infalível no que diz respeito a este encontro, ou seja, espiritualmente dizendo. Entretanto, são seres humanos que formam seu corpo, portanto, em todas as religiões haverá momentos falhos, historicamente dizendo, no tocante à parte terrena e material, mas estas falhas são humanas e não divinas. Acredito que é uma necessidade ter uma religião e buscar o encontro que ela propicia. Ela serve de diretriz para orientar a caminhada espiritual, como uma bússola norteia o navegante.
Este livro pode até mesmo ser considerado uma ousadia, pois devia ter sido escrito por um grande filósofo, teólogo, historiador, mas, como nenhum deles se propôs a faze-lo desta forma, e urge faze-lo, ei-lo então. Sai da visão uma pessoa comum e é dirigido para pessoas comuns, e, quem sabe, talvez, atinja as mais cultas. Espera-se contar com a bondade delas diante da simplicidade da forma em relação ao que se pretende - falar de um assunto tão complexo e polêmico: dizer do movimento que leva a criatura em busca do seu criador, do amparo que isto lhe causa, da gratidão e das revoluções e evoluções na história da humanidade que nasceram deste sentimento.
A Teologia e a Teosofia envolvem as ciências do gênero religioso como a Bibliologia, Cristologia, entre outras.
A Teologia é a ciência que estuda o conhecimento de Deus e suas relações com o ser humano, ligado dentro de uma relação cientifica sendo direcionada pelas diretrizes de um determinado segmento religioso, ou seja, formada nessa ciência dentro da visão específica desse segmento, cujos trabalhos são reconhecidos pelo corpus acadêmico de uma religião. No Brasil, os Teólogos Católicos, os Protestantes Tradicionais e os Ecumênicos são os mais apreciados e respeitados.
Na verdade, este é um postulado monoteísta de base teosófica. Para a dissolução de qualquer dúvida, a etimologia é adequada. Teosofia, na concepção atual, é o estudo referente ao conhecimento de Deus e suas relações com o homem, feito numa condução pessoal e independente, de forma autodidata, podendo ser ou não, estar direcionado pelo ponto de vista religioso do estudioso, e, posteriormente, reconhecido pelo corpus acadêmico de seu segmento religioso. Muitos teósofos, estudiosos autodidatas, considerados leigos – que não são diplomados em teologia e/ou são líderes, representantes oficiais de qualquer segmento religioso – também têm apresentado trabalhos sérios e interessantes.
Agradeço ao Pai - Ser Maravilhoso que nos criou, verdade absoluta, nascente de qualquer conhecimento -, bem como a todos os meus semelhantes que tiverem o desprendimento de ler este livro - a quem desejo uma boa leitura e uma reflexão que a ultrapasse.
(Introduz este livro que espera patrocínio)
Ana da Cruz. Religiões - A Eterna Busca.