COMER, REZAR E AMAR

O livro Comer, Rezar e Amar de Elizabeth Gilbert narra a busca de uma mulher por todas as coisas da vida. Trata-se de um relato sobre os objetivos de uma mulher que, ao se deparar aos 36 anos de vida, percebe-se vazia, buscando significados para a própria existência. Dessa forma, joga tudo para o alto e, durante um ano, faz uma viagem por três países com a letra “i”: Itália, India e Indonésia.

Seguindo a sequência do raciocínio que dá nome ao livro, na Itália ela se entrega ao prazer de apreciar a boa gastronomia: é o “Comer”, quando segundo a própria autora, engorda os 11 quilos mais felizes de sua vida. Já na Índia, o “Rezar”, após passar algum tempo em um ashram, dedica-se ao resgate da própria fé, onde após a contínua exploração espiritual, segue para a Indonésia, o “Amar”, onde aprende o equilíbrio entre razão e emoção – matéria e espírito – prazer mundano e transcendência divina. E conhece um grande amor....

Curiosamente, um dos maiores aprendizados que se percebe é de sua passagem pela Índia, pois a julgar pelo modo com que divide os capítulos, percebe-se a intencional semelhança com os cordões de contas denominados ‘japa malas’, usados para a concentração durante a meditação ritual. Dessa forma, temos 109 capítulos a exemplo dos japa malas que possuem 108 contas – a 109ª conta é um extra que, segundo a própria autora “funciona como um estepe ou, numa razão mais nobre, uma pausa durante a concentração para agradecer aos mestres”, o que ela faz com grande maestria.

Numa visão bem humorada, rindo de si mesma por diversas situações, Gilbert não apresenta melindres em se expor como o faz em Comer, Rezar e Amar, assumindo sua fragilidade, neuras e inseguranças tão peculiares no universo feminino, porém o faz de maneira tão natural que causa admiração nos leitores. Muitos viajam ao próprio interior sem encontrar respostas para as dores da alma, mas o que pode parecer uma fuga, nada mais é do que um encontro consigo mesma: por todos os lugares em que passa, nossa heroína extrai o melhor de si e das pessoas que a cercam, sobretudo porque paralela à viagem por tantos lugares significativos, seu foco é em si mesma, na busca por um sentido em sua vida e pelo desejo de se tornar um ser humano melhor.

Um excelente livro para quem, como Elizabeth Gilbert chega à crise dos 30, mas que em vez de se entregar à depressão ou questionamentos sem respostas, parte - dona(o) de si- à procura de respostas, mesmo que elas estejam tão próximas de nós mesmos, onde apenas uma viagem ao próprio interior bastaria para que se pudesse sanar tantas dúvidas.

Patrícia Rech
Enviado por Patrícia Rech em 18/11/2009
Código do texto: T1931362
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.