Resumo do livro o Mito da Idade Média de Regine Pernoud

O livro “O Mito da Idade Média” da historiadora francesa Régine Pernoud especialista em Idade Média, já demonstra no seu titulo a que basicamente a que si pretende. Destruir o mito construído em torno da Idade Média como “idade das trevas” de uma época marcada apenas por mortes, massacres, cenas de violência, fomes e epidemias, enfim abolir a idéia do senso comum que as pessoas têm a respeito deste período de mais de mil anos da na nossa história. Nos nove capítulos que constitui o livro ela comenta sobre varias questões deste período.

No primeiro capitulo começa comentado a respeito das idéias e conceitos equivocados que as pessoas têm sobre o período. Como uma época de ignorância, superstições, recorrendo a exemplos de construções arquitetônicas de catedrais para mostrar como a sociedade da época apesar de ser vista de desta maneira consegui construir monumentos arquitetônicos maravilhosos que até hoje estão a nossa disposição, assim desmistificando a idéia do senso comum de uma época de ignorância de estagnação intelectual.

No capitulo II intitulado de Desajeitados e Inábeis, Regine Pernoud começa explicando o uso do termo renascimento e desse movimento histórico do renascimento. O termo renascimento como o renascer das artes e das letras clássicas, a redescoberta da antiguidade. Enfim o que a autora coloca é que, o que difere o renascimento do período anterior é que este tem como principio a imitação do mundo clássico, pois no período anterior já se conhecia e estudavam-se os autores antigos gregos e romanos. O que de se fazia de novo era o uso da antiguidade, que antes exploradas a sua arte e literatura durante a época medieval, na Renascença o começa a imitar os modelos das obras antigas. Como bem ela observa que o Renascimento poderia não ter ocorrido se durante o período medieval estes textos não fosse copiados e conservados. Na visão dos renascentistas do século XVI e dos posteriores entre a Antiguidade e o Renascimento não teria acontecido nada, foi um período de “séculos grosseiros” “tempos obscuros” como coloca a autora.

Neste capitulo III, inicia tratando das letras que como as artes no século XVI não escaparam da imitação do gênero greco-romano. Nada de inovação, o requisito era a imitação dos gêneros clássicos das formas literárias (odes, elegias) da antiguidade. Outro ponto lembrado pela autora é a omissão dos textos, obras literárias da Idade Média ocultados pelo Renascimento que definiu como padrão “a lei da imitação” como destaca a autora, a exemplo disso é que ignorou-se o surgimento de um gênero novo o romance desconhecido na antiguidade, a lírica cortês e de seu novo olhar sobre a mulher a quem se dirige o poeta como a sua suserana. A autora continua lembrando que foi neste período medieval que se dá a elaboração da escala musical que será a de todo ocidente até hoje, além da intensa composição musical como a criação de hinos e cantos litúrgicos. Para a autora devido a formação clássica recebida até pouco tempo, impossibilitará a enxergar as obras da Alta Idade Média diferentes de “produções grosseiras e bárbaras”.

Agora no capitulo IV ela inicia uma discussão em torno do uso do termo feudalidade ou feudal, que foi interpretado de acordo com a época por entendimentos diferentes, como para os historiadores do século XIX que considerava como uma anarquia. Para a autora a sociedade feudal foi fortemente hierarquizada e continua a explicar a origem do sistema feudal, que com o fim do império romano no século IV o poder local que acaba se sobressaindo, pois a segurança fornecida pelo Estado já não existia mais, o que leva os senhores donos de terras a se apoiarem para garantir a sua segurança e de suas terras, este pacto estabelecido era de homem para homem, um contrato mútuo. Este modelo se configura no século V e VI variando as circunstancias de acordo com o lugar e o tempo. Faz ainda menção então a Carlos Magno que tenta restaurar o Império Romano do Ocidente, que para a autora ele não pode concretizar efetivamente já que o poder concentrador não se pode ter mais. Continua agora destacando a importância dada ao costume durante a Idade Média, que ela considera a “grande força da idade feudal”. Observa também o papel dos castelos e mosteiros a função educativa desenvolvida nestes ambientes, a origem da vida cortês que inicia no seio do castelo, a importância deste na sociedade feudal como órgão de defesa, centro cultural, os mosteiros que eram tanto centro de orações como centro de estudo, aqui se encontrava uma intelectualidade no meio rural, que a partir do século XVI passaram estas atividades serem concentradas nas cidades. Neste mesmo capitulo ela trata ainda do papel do rei na sociedade feudal, o rei como sendo o senhor entre os outros senhores, o arbitro dos conflitos, administrando o seu feudo pessoal, assumindo a defesa do reino. Faz também uma diferenciação entre monarquia feudal e monarquia clássica, está ultima surgi a partir do Renascimento com o direito romano legitimando todo o poder de dominação política, jurídica e tributária.

O capitulo V prossegui agora tratando a respeito da escravidão que os manuais de historia trata do desaparecimento no inicio da Idade Média e seu ressurgimento brusco no Renascimento. A autora considera que o servo medieval é tratado como pessoa o senhor não tem direito de vida e morte sobre este. A servidão se caracteriza pela forte ligação do homem ao solo que vive dependente dele, ele é um homem livre tem direitos de casar , constitui família, a terra cultivada por este passa para seus filhos após a morte, diferentemente da do escravo na Roma antiga, que não tinha estes direitos é era tido como um objeto pelo seu senhor, tendo plenos poderes sobre este.

O capitulo seguinte chamado “A mulher sem alma”, trata do estatuto da mulher na Idade Média, dos poucos estudos sérios realizados a seu respeito. Lembra que no período medieval as rainhas eram coroadas em pé de igualdade com os reis, o que pode demonstra o lugar o lugar que estas podiam ocupar e a influencia que podia exercer. Segundo a autora está posição da mulher diminuiu devido a influencia e o uso do direito romano para restringir a liberdade da mulher. O direito romano coloca Pernoud foi bastante estudado e utilizado por os que detinham propriedade e poder. A autora entende que o ressurgimento do direito romano é um regresso em relação ao direito consuetudinário este baseado no uso e costumes, pois permitia aos filhos adquirirem jovem sua autonomia e a mulher podia conserva o que lhe pertencia, o pai e mãe exerciam junto à educação dos filhos. Enfim a mulher durante a Idade Média desfrutava de grande importância, até na igreja onde ocupava cargos, administravam territórios, o que ela questiona se hoje seria possível admitir a igreja conventos de homens dirigidos por uma mulher. Entretanto isto ocorreu na Idade Média, onde o estatuto da mulher na igreja foi igual na sociedade civil, no entanto, aos poucos lhe foi retirado, depois da Idade Média como ressurgimento do direito romano.

Nos capítulos seguintes VII, VIII e IX ela discute a ação da Inquisição, comenta sobre o processo contra Galileu contemporâneo aos processos de feitiçarias no século XVII conhecido pelo século da razão, onde a quantidade de processos de feitiçarias é grande. Segundo Pernoud a instituição da Inquisição foi uma reação de defesa da fé em uma sociedade que a sua preservação é fundamental. Comenta ainda das atividades de investigação da inquisição contra as heresias, como a dos cataros, albigenses. Ela enxerga até por certo ponto de vista um lado positivo da ação inquisição, ao instituir um processo de investigação dos supostos hereges. Destaca também o uso da inquisição pelo poder temporal, que no século XVI sob o poder dos imperadores foi onde se fez mais vitimas pela inquisição.

Continua comentando agora a respeito do papel da História, que ela acredita que seja a busca da verdade, através das fontes, dos documentos. Fala do perigo da manipulação da história, dos erros cometidos nos estudos da Idade Média, que de acordo com ela advém da não preocupação em uma consulta precisa das fontes, dos documentos, questiona o uso do termo “Idade Média”, para refere-se a um período de mil anos da nossa história.

Enfim termina o livro no capitulo IX trazendo considerações sobre o ensino de historia, como ela é ensinada e como deve ser ensinada. Considera um absurdo a divisão feita na história “cortas a história em fatias”, cortes desiguais simplista, sem ligação, achando que isso pode ficar a vida toda assimilada pelo o aluno. Propõe um ensino de história de acordo com a idade do aprendiz, a idade mental do educador não pode ser igual de uma criança ela coloca .Defende que o ensino de história deve recorrer a historia local, do meio em que o aluno vive que é mais formativo do que o resumo do manual, principalmente nas series inicias. Mais adiante quando o aluno passa a ter uma maior possibilidade de analise, pode-se iniciar abordagens da História mais abrangente e precisa através dos textos, dos documentos do período.