Depois de ter declarado Aton o ùnico e verdadeiro Deus a ser adorado nas Duas Terras do Egito, e proibido qualquer menção ou adoração a outros deuses em todo o país, o faraó Akhenaton retirou dos Irmãos de Heliópolis todos os seus privilégios, confiscando-lhes terras e bens, declarando fora da lei seus ritos e cerimônias; e colocando-os sobre a sujeição de Moisés, ele atraiu o ódio dos membros daquela poderosa Fraternidade.
Os sacerdotes não aceitaram Moisés como seu superior e logo conclamaram aos principais chefes dos estados egípcios que reunissem os seus exércitos e fizessem guerra contra Akhenaton, a quem chamavam de herege e cultor de deuses estrangeiros, pois o deus de Moisés era o deus de Israel, e Aton, o deus que ele adotara, era o mesmo deus dos hebreus.
Dizendo ao povo egípcio que se o Deus de Israel reinasse sobre os corações e mentes do povo do Egito, logo os filhos de Israel estariam dominando o país, pois eram grandes em número e muito fortes em corpo e espírito. Assim era, pois muitas pessoas influentes no Egito pertenciam ao povo de Israel. Com isso, os sacerdotes colocaram grande parte do país em revolta contra aquele faraó.
E naqueles dias houve uma grande guerra por toda a terra do Egito. Ela durou mais de dez anos, e muitos foram os que morreram porque o povo se dividiu; e em todas as cidades, as pessoas lutavam com fúria e coragem pelos deuses que adoravam, pois os homens combatem com mais ardor pelas coisas em que acreditam do que por suas famílias ou bens.
Perdida a guerra, porque foram muitos os que se levantaram contra aquele faraó e seu vizir Moisés, (ou Osarseth) logo foi morto aquele Akhenaton e no seu lugar subiu ao trono seu filho Tut-Ank-Amon, um menino de dez anos de idade, cujo governo procurou restabelecer a paz no país revivendo a religião nacional de muitos deuses. Mas ele não conseguiu fazer as pazes com os Irmãos de Heliópolis, e estes, (porque Tut-Ank-Amon se recusou a perseguir e prender os seguidores de Aton e condenar Moisés á morte) envenenaram o jovem rei no nono ano do seu reinado.
Este Tutankamon é aquele que foi sepultado em uma suntuosa tumba no Vale dos Reis, com um enorme tesouro e todos os seus serviçais.
E depois disso aconteceu que os egípcios fizeram rei a um general de nome Horemheb, que logo começou a perseguir e massacrar os seguidores da antiga religião, devolvendo os privilégios da Irmandade de Heliópolis, a qual se fez novamente muito poderosa e voltou-se contra Moisés. Este, para salvar sua vida fugiu para o deserto da Judéia, onde se refugiou no oásis de Madian, que fica nos pés do Monte Horeb, cujo cume nunca se vê, porque está sempre coberto de nuvens.
E isso ocorreu no ano de 1325 antes do nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo; e foi nesse ano que o faraó Horemheb baixou decreto tornando escravos os filhos de Israel, mandando-os trabalhar nas pedreiras, olarias e construções do país, fabricando tijolos, desbastando e polindo pedras para erguer os grandes templos e edifícios, cujas ruínas ainda hoje se podem ver no país do grande rio Nilo.
Essa é a razão pela qual, desse tempo em diante, os filhos de Israel se tornaram os legítimos representantes da Arte Real.
Foi nas pedreiras de Gósen onde primeiro se adotou a prática de dividir os obreiros em graus, pois ali os trabalhadores eram agrupados em três especialidades, sendo a primeira referente aos que retiravam as pedras das pedreiras, os segundos os que as lavravam e os terceiros aqueles que comandavam os grupos e faziam a administração.
Essa formulação foi trazida depois para a Fraternidade dos Filhos de Aton, organização fundada pelo faraó Akhenaton para disseminar a nova religião e treinar a elite que deveria governar o reino egípcio.
Nessa organização, os estudantes eram escolhidos no seio da sociedade pelos méritos que mostravam em seus estudos e nas atitudes da vida, ou prática da Maat, como se chamava o viver de forma virtuosa no antigo Egito.
No grande Templo de Aton em Khut-Aton, o Sumo Sacerdote Moisés (Osarseph) oficiava os ritos que iniciavam os neófitos nos Mistérios de Aton. Esses ritos, que eram semelhantes aos que foram adotados pelos antigos maçons operativos, foram modificados ao longo dos séculos, mas ainda hoje, na Ordem maçônica, se conservam muitos atos litúrgicos que foram inspirados naqueles rituais, especialmente no que diz respeito à iniciação e aos ensinamentos que são guardados nos símbolos e nas alegorias adotadas pela Maçonaria especulativa.
Por esse motivo há quem defenda a origem egípcia da maçonaria. Por isso, também, é que os Irmãos encontram, nos Templos maçõnicos, muitos símbolos egípcios, e na doutrina da Ordem, muitas referências à antiga religião solar daquele povo.
E muitas coisas que hoje são ensinadas em nossas Lojas têm raiz nessas antigas tradições que o povo do Nilo legou á Arte Real.
A Fraternidade dos filhos de Aton tinha sede no Templo daquele Deus, em Carnac. Ali, os iniciados na nova religião monoteísta, além dos mistérios mais profundos da daquela fé, aprendiam também os segredos da construção dos grandes edifícios e a prática da medicina e as artes da agricultura e da metalurgia.
Segundo a tradição egípcia, essas ciências foram ensinadas aos egípcios pelo deus Thot, o Enviado de Aton, onze mil anos antes da unificação política do Egito, promovida pelo primeiro faraó, de nome Menés, que viveu cerca de três mil anos antes do nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo.
Esses iniciados eram aqueles que, naqueles tempos, eram chamados de Mestres nas chamadas profissões sagradas, como tais eram consideradas as ocupações dos médicos, engenheiros, sacerdotes, astrônomos e homens de ciência, capazes de interpretar a Vontade dos deuses e interferir no curso da natureza, provocando chuvas, mudando o a direção dos ventos, transformando metais comuns em ouro, etc.
E aqueles que se notabilizavam na arte da construção, que se faziam principalmente com pedras, ficaram conhecidos como Pedreiros, e mantinham entre si uma sólida Irmandade que preservava os segredos da profissão, os quais eram repassados somente aos aprendizes que eles escolhiam, razão pela qual era comum falar-se em uma Confraria dos Irmãos Pedreiros, (porque ainda não existia a palavra maçom).
A Irmandade dos Filhos de Aton, da qual o próprio faraó era o Grão Mestre e Moisés o seu Sumo Sacerdote, tornou-se a mais importante instituição do Egito. Ali era formada a elite intelectual, social e política do país, através de um sistema de aprendizado que compreendia diversos graus de sabedoria profana e sagrada, ministrados conforme a necessidade do estado. Artes profanas em um primeiro estágio, artes sagradas em um segundo estágio, e os segredos mais profundos da natureza e da religião em um terceiro estágio, superior, o qual era também dividido em diversos graus, que comunicavam diferentes tipos de sabedoria.
Dessa forma, os iniciados que passavam para os graus superiores aprendiam também a arte de fabricar ouro, (que os seguidores de Maomé, mais tarde, chamaram de Alquimia), e a sabedoria que os capacitava a interpretar a Vontade do G A D U através do movimento das estrelas e das estações do ano, ( Astronomia, Astrologia) e depois, em graus mais avançados, aprendiam também a arte de guiar os homens em seus pensamentos e ações e a governá-los com retidão e justiça, que era a aplicação religiosa, política e social do conceito da Maat.
A estes que atingiam os graus mais altos na sabedoria se chamavam Mestres e eram eles que ocupavam os cargos mais altos no governo da nação, dirigindo a Política e a Religião, que na prática eram uma coisa só.
Notas
A cidade de Kuth-Aton, construída por Akhenaton é hoje conhecida como El Amarna. As inferências aqui são nossas e foram inspiradas nos trabalhos de Maneto e Apion. Todavia, muitos escritores modernos já aventaram a hipótese de que a revolução monoteísta de Akhenaton se identifica ( se é que não foi literalmente) com o êxodo hebreu descrito na Bíblia. Sigmund Freud, em seu livro “Moisés e o Monoteísmo”, identifica o líder hebreu com o próprio Akhenaton, sugerindo que o Êxodo, na verdade, é uma memória da revolução religiosa promovida por aquele faraó.(1)
A revolução monoteísta de Akhenaton é um dos episódios mais marcantes da história antiga. Baseados nas recentes descober-tas feitas no sítio de El Amarna, alguns estudiosos têm aventado a possibilidade de o Êxodo israelita para o Egito na época de Jacó (Israel) e sua posterior volta para a Palestina, sob o comando de Moises, constituirem, na verdade, memórias de acontecimentos relatados na história egípcia. Levantou-se, inclusive, as possibilidade de que José, o filho de Jacó, que a Bíblia diz ter sido vendido por seus irmãos como escravo para o Egito, e depois tornou-se um poderoso vizir, graças aos seus dotes de adivinho e talentoso admi-nistrador, ser na verdade, o personagem conhecido pelo nome de Yuya, que foi ministro de dois faraós, Tutmósis IV e Amenhotep III, este último, pai de Akhenaton.
Nesse caso, Akhenaton também teria sangue hebreu e Moisés, na verdade, seria talvez o próprio faraó que promoveu a famosa revolução moneteísta no Egito. Em qualquer caso, porém, Moisés teria, pelo menos, um parentesco muito próximo com esse rei. Dessa forma, a religião monoteísta dos hebreus seria resultante da revolução religiosa provocada por aquele rei. Destarte, o nome Adonai, pelo qual os hebreus chamavam ao seu deus, constituiria apenas a forma hebraica do deus egípcio Aton,( ou o contrário), que Akhenaton sustentava ser o único deus do universo.
A tumba do vizir Yuya foi encontrada em 1905 no Vale dos Reis. A possibilidade de que esse poderoso ministro dos reis de Amarma ter sido, realmente, o José bíblico, foi levantada por Ah-med Osman em seu livro ”A Stranger in The Valley of Kings” e se aceita, poderia explicar as raízes do monoteismo hebreu.
Gósen é identificada como a antiga Avaris, capital dos hicsos, povo semita que dominou o Egito entre os séculos XVIII a XV a C. Seus reis eram conhecidos como ”os reis pastores”, e não poucos historiadores acreditam que hicsos e hebreus sejam exatamente o mesmo povo, ou que pelo menos, exista uma relação de parentesco muito próxima entre eles. Assim, a escravidão a que foram submetidos os filhos de Israel no Egito e a sua conseqüente saída ( ou expulsão) das terras do Nilo coincide com o término do domínio hicso sobre os egípcios.
Quanto á organização dos pedreiros, acima citada, o relato dessa experiência foi feito por Maneto, historiador egípcio que viveu no terceiro século a C. Essa informação é referida também por Apion, historiador judeu-egípcio que viveu no primeiro século da era cristã. No entanto, Maneto se refere a essa organização de pedreiros como sendo composta por hebreus e egípcios expulsos das cidades pelo fato de serem leprosos, (o que justifica o fato de Moisés se preocupar tanto com a lepra entre os hebreus e até ter prescrito muitas regras a respeito do tratamento dessa doença). Apion diz que esses leprosos tinham sido postos a trabalhar nas pedreiras para que não contaminassem a população sadia. Lá eles teriam se organizado e escolhido como seu líder um sacerdote de Heliópolis chamado Osarseth, o qual lhes deu uma organização de sociedade exclusiva e secreta, que repudiou os deuses do Egito e adotou costumes completamente diferentes dos vigentes entre os egípcios. Esses costumes eram muito semelhantes aos que Moisés prescreveu para os hebreus, O trabalho dos israelitas na construção de grandes edifícios mostra que sua tradição como Irmãos Operativos é anterior à construção do grande Templo de Jerusalém, o Templo de Salomão, que a maioria dos autores maçon identifica como origem da Arte Real.(2)
O faraó Amemhotep IV (Akhenaton ) reinou 17 anos, de 1367 a 1350 a C. Seu período é identificado como um dos mais agitados da historia egípcia, por causa da prosperidade econômica e pelas profundas mudanças políticas, sociais e religiosas que ocor-reram no pais durante seu governo. A guerra que ele provocou com sua tentativa de impor uma religião monoteísta aos egípcios foi bem retratada no romance de Mika Waltari, “ Sinouê, O Egípcio”, mas também é um dos mais bem documentados episódios da história daquele povo, graças aos documentos recuperados nas escavações feitas em El Amarna.
O próprio Vizir Yuya,( cuja tumba foi encontrada no Vale dos Reis em 1905), que alguns autores identificam com José, o filho do patriarca Jacó, que foi vendido como escravo por seus irmãos e se tornou primeiro ministro de dois faraós, é um exemplo do poder que os hebreus tinham no Egito. A Bíblia também se refere a esse fato dizendo. “Entretanto, se levantou no Egito um novo rei que não conhecia (aceitava) José e que disse ao seu povo “ Vós bem vedes que os filhos de Israel estão muito numerosos e mais fortes do que nós. Oprimamo-lo pois, com manha, para não suceda que, sobrevindo alguma guerra, ele se una com os nossos inimigos, e vencendo-nos, saiam depois do Egito.” (Êxodo “1: 8,9,10). Por isso a nossa crença de que a imigração dos hebreus para o Egito,
No Antigo Egito, a idéia de um estado de perfeita ordem e harmonia estava embutida no culto à deusa Maat, a deusa da justiça e da retidão de caráter. Acreditava-se que essa divindade era a mediadora entre as potências do céu e da terra. Ela regulava as relações entre os deuses, estabelecendo a harmonia entre eles e deles com a espécie humana, fazendo com que estes pudessem viver em paz e em união. Por isso, todos os homens de responsabilidade na sociedade egípcia deviam viver de acordo com a Maat, ou seja, agir de acordo com rigorosos princípios religiosos morais, vivendo uma vida justa e perfeita, em todos os sentidos. Falhar em viver segundo esses princípios implicava em ser julgado com muita severidade no chamado Salão de Maat ( o Tribunal de Osíris, onde as almas dos mortos eram julgados), ao passo que aqueles que viviam suas vidas de acordo com essas regras eram conduzidos pelo deus Osíris através da Tuat, ( a terra da escuridão) até o outro lado, onde recebiam a Luz de Rá, ( O sol radiante) e se integravam à luz que emanava daquele deus.
Na iconografia egípcia, a deusa Maat aparece como sendo a esposa, ou a parte feminina do deus Thoth, que com ele veio ao mundo quando as águas do abismo primitivo se abriram pela pri-meira vez. Seu símbolo era uma pena, que representava a leveza de alma que devia caracterizar todo aquele que ambicionava atingir a iluminação. Nos tempos mais antigos do Egito, o nome dessa deusa estava conectado também com os artesãos, sendo considerada a sua protetora e guia. Uma obra com qualidade Maat significava uma obra perfeita. (3)
Maat era a deusa da moral e da Justiça. Ela representava também o conjunto de pensamentos e ações que o homem, na terra, devia cultivar para merecer a salvação final. Na tradição religiosa egípcia, Maat era a deusa que “pesava” a alma do defunto, verificando se ela era leve o suficiente para ascender ao território luminoso de Rá. Na simbologia religiosa, Maat significava uma relação de reciprocidade entre os deuses e os homens, no sentido de que os deuses deviam servir aos homens e os homens honrar aos deuses. Assim, na terra como no céu, as virtudes deviam ser cultivadas para que os reinos do profano e do sagrado se mantivessem em perfeito equilíbrio. Por isso se dizia que os homens de responsabilidade, principalmente, tinham que viver de acordo com Maat. Ao maçom atento, que estudou e entendeu realmente o que a Arte Real tentou lhe ensinar, essa doutrina não passará despercebida. (4)
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(1) Ahmed Osman- Moisés e Akhenaton- Madras, 2008
(2) Flavio Josefo- Antiguidades dos Judeus- Kleger Publications-NY-1985
(3) E. Wallis Budge- Os Deuses Egipcios- II Vol. Londres, 1968
(4) João anatalino- Conhecendo a Arte Real, Madras, São Paulo, 2007
DIA 19 DE NOVEMBRO- LANÇAMENTO NACIONAL DO LIVRO " O FILHO DO HOMEM", ROMANCE HISTÓRICO SOBRE A VIDA DO JOVEM JESUS QUE OS EVANGELHOS NÃO RELATAM. ESSE LIVRO JÁ PODE SER ADQUIRIDO ATRAVÉS DESTE SITE.
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