Sou autora desta resenha que encontra-se publicada originalmente na Revista Linhas Críticas volume 9, número 15, p.308-315, jul.dez.2002



Creativity: Flow and The Psychology of Discovery and Invention

 

de: Mihaly Csikszentmihalyi 
New York: Happer Collins, 1996. 456 p. 
ISBN 0-06-017133-2

Dr. Mihaly Csikszentmihalyi estuda o tema criatividade há quase 40 anos, desde 1962, quando desenvolveu sua tese de doutorado, norteada por este assunto. Em 1988, ele introduziu a visão sistêmica de criatividade. É autor renomado de vários trabalhos científicos e de livros bestsellers como: The Creative Vision, Being Adolescent, Flow: The Psychology of Optimal Experience e The Evolving Self. Atualmente, é Professor e Presidente do Departamento de Psicologia na Universidade de Chicago.

O livro Creativity: Flow and The Psychology of Discovery and Invention está escrito na língua inglesa e apresenta a seguinte estrutura de conteúdo: Introdução (Setting the Stage), Parte I (The Creative Process), Parte II (The Lives) e Parte III (Domains of Creativity). Cada parte é subdividida em capítulos. O Apêndice A (resumo biográfico dos entrevistados no estudo) e o Apêndice B (modelo do protocolo da entrevista) também são partes integrantes do livro.

Na parte introdutória, o autor revela que um dos objetivos do livro foi entender melhor o caminho da satisfação. O estudo foi realizado no período de 1990 a 1995, baseando-se em histórias de 91 pessoas criativas contemporâneas, entrevistadas pelo autor e seus alunos da Universidade de Chicago. Quanto aos critérios de seleção, os partícipes deveriam ter realizações importantes no domínio cultural (ciências, artes, negócios, política); estar ativo e envolvido no domínio; e ter pelo menos 60 anos. Foram entrevistados indivíduos cuja criatividade é reconhecida, destacando 14 Prêmios Nobel. Através dos dados coletados, foram analisados o perfil, o processo criativo e as condições que encorajam ou impedem as idéias originais em pessoas criativas. Um dos primeiros resultados da pesquisa contraria o senso comum que considera as pessoas criativas pessimistas - os indivíduos entrevistados demonstraram ter auto-imagem positiva. O sentimento do novelista Robertson Davies é bem expressivo: "Pessimism is a very easy way out when you're considering what life really is, because pessimism is a short view of life". As ricas experiências de vida dos entrevistados enfatizam que a criatividade é fascinante, quem se envolve com ela sente-a pelo resto da vida, pois ela proporciona um dos mais excitantes modelos para a vida.

Na Parte I - The Creative Process -, o autor apresenta uma pergunta intrigante: Onde está a criatividade? Fundamentando-se no modelo sistêmico, ele responde que a criatividade não deve estar restrita às mentes, mas deve ser a interação entre o pensamento das pessoas e o contexto sócio-cultural. Para o autor, o insight é interessante, mas não se pode afirmar que uma idéia é criativa, a não ser pelos critérios de lógica, beleza, utilidade e através da avaliação sócio-cultural.

Csikszentmihalyi apresenta três termos distintos ao esclarecer o que é uma pessoa criativa: a pessoa brilhante é iluminada e expressa pensamentos inusitados, interessantes e estimulantes; a personalidade criativa refere-se às pessoas de percepção tranqüila e cheias de insight. Mas pessoas como Leonardo da Vinci, Thomas Edison, Pablo Picasso, Albert Einstein, que mudaram a cultura através de realizações notáveis, são pessoas criativas, porque seus trabalhos têm definição pública. Destarte, para o autor a criatividade é o resultado de relações sistêmicas através de três fatores: o domínio, que são as regras simbólicas e procedimentos; a área, onde há a decisão se a nova idéia será incluída no domínio, e a pessoa. A criatividade surge quando a pessoa usa os símbolos de um domínio (música, engenharia, negócio), tem uma nova idéia que se torna reconhecida pela área apropriada. Em outras palavras, a criatividade é a interação entre domínio, área e a pessoa, e o resultado da oportunidade, perseverança, estar no lugar e na hora certa. Existem traços facilitadores no processo criativo: predisposição genética para um certo domínio; interesse no domínio, ou seja, dose de curiosidade e interesse; acesso ao domínio através de boas escolas e mentores e o acesso à área.

Análogo às características descritas na literatura, os respondentes também apresentaram a complexidade inerente às pessoas criativas, ou seja, os traços distintos de pensamento e ação. Ter uma personalidade complexa é ser capaz de expressar todos os atributos do repertório humano, usualmente atrofiados, porque pensamos que um pólo é bom e o outro é mau. Conforme Csikszentmihalyi, as dez dimensões da complexidade são:

1- Os indivíduos criativos possuem grande quantidade de energia psíquica, mas eles buscam também a tranqüilidade. Eles trabalham longas horas em estado de concentração, mas sabem que as atividades seguidas por preguiça, ócio ou reflexão são importantes para o sucesso do trabalho.

2- Os indivíduos criativos são simultaneamente inteligentes e simples. Ser intelectualmente brilhante pode afetar a criatividade, pois a pessoa torna-se defensiva e perde a curiosidade necessária à criação. Goethe disse que a simplicidade é o mais importante atributo dos gênios.

3- As pessoas criativas combinam brincadeira e disciplina, responsabilidade e irresponsabilidade. O espírito brincalhão é típico de indivíduos criativos, mas a brincadeira não vai muito longe sem a antítese, a perseverança.

4- Os indivíduos criativos alternam entre imaginação e fantasia, pois ambas são necessárias para sentir o presente sem perder o toque do passado. Albert Einstein escreveu que a arte e a ciência eram duas formas que os humanos inventaram de escapar da realidade.

5- As pessoas criativas apresentam traços simultâneos de introversão e extroversão.

6- Os indivíduos criativos são humildes e arrogantes, ambiciosos e altruístas, competitivos e cooperadores. Geralmente, eles abnegam do conforto pessoal, em prol do sucesso do projeto.

7- Os indivíduos criativos geralmente fogem do papel de gênero estereotipado: o que é próprio do homem e da mulher. Eles apresentam direção andrógina, ou seja, têm a habilidade de ser ao mesmo tempo agressivos e cuidadosos, sensíveis e rígidos, dominantes e submissos.

8- Geralmente as pessoas criativas são rebeldes e independentes.

9- Muitas pessoas criativas são passionais e objetivas em relação aos seus trabalhos. Sem a paixão, logo se perde o interesse, sem ser objetivo, o trabalho perde a credibilidade. O processo criativo tende a ser o que alguns respondentes chamaram de alternação yin-yang entre os dois extremos.

10- Geralmente as pessoas criativas apresentam a liberdade e a sensibilidade, angústia e sofrimento seguidas de grande quantidade de prazer e divertimento.

Para os respondentes, viver no lugar certo é fundamental, porque a pessoa tem acesso ao domínio pretendido e alguns ambientes oferecem mais interação pessoal e efervescência de idéias. Algumas pessoas da amostra mudaram-se para lugares onde existia a informação de interesse. Onde é o lugar certo? Infelizmente não há resposta simples. A criatividade não é determinada somente pelos fatores externos, mas pela resolução pessoal para fazer o que deve ser feito.

Em relação ao tempo misterioso para surgir uma idéia, os respondentes não souberam precisar - o período de incubação depende da natureza do problema -; podem ser várias horas, semanas ou meses. Quanto tempo a Teoria de Einstein ficou incubada? E as idéias da 5ª Sinfonia de Beethoven? É impossível precisar quando os primeiros germes da obra criativa aparecem na mente de seus autores, é impossível saber quanto tempo o período de incubação demora.

Quanto à experiência do AHA!, muitas pessoas da amostra - mas não todas - recordaram com intensidade e precisão o momento particular quando o maior problema cristalizou-se em suas mentes e a solução tornou-se inevitável; ou seja, quando o insight emergiu do subconsciente conectando-se às idéias, encaixando-se tão bem que a pessoa passou do estado de concentração à atenção e, depois, à relaxação: o AHA!. Interessante que, para eles, o trabalho criativo nunca termina. Os entrevistados disseram que, a despeito de trabalharem cada minuto de suas carreiras, ainda não tinham trabalhado um dia sequer de suas vidas. Csikszentmihalyi lembra que, enquanto continuamos em nossos trabalhos entediantes, eles têm o luxo de fazer o que gostam, não distinguindo se é trabalho ou brincadeira. Assim, a mensagem-chave é que os leitores também podem gastar a vida fazendo o que gostam de fazer.

Sobre o fluir da criatividade, verificou-se que as pessoas criativas são iguais entre si no que se refere a gostar de fazer o que fazem, sem esperar que as realizações lhes dêem fama ou dinheiro. O mais extraordinário, segundo o autor, é que engenheiros, químicos, escritores, músicos, por exemplo, verbalizaram que fazem o que fazem primeiramente porque é divertido. Então nós temos que assumir que não é o que estas pessoas fazem que conta, mas como elas fazem.

Os indivíduos entrevistados surpreenderam o autor, ao ponto de ele indagar: qual é o divertimento? A experiência descrita pelos respondentes é o que Csikszentmihalyi chama de flow (fluência), ou seja, as condições que tornam a vida apreciável, alegre, importante e significativa. Muitos descreveram tais sentimentos, reportando às atividades que os direcionaram à consciência, produzindo neles uma experiência indizível. Os principais elementos mencionados para descrever a experiência flow: no trabalho agradável existem objetivos claros em cada passo; existe feedback imediato em qualquer ação, pois sabe-se o que se faz; existe comparação entre desafios e habilidades; a ação e a qualidade estão interligadas; as distrações são excluídas e atenta-se somente ao que é relevante; não existe preocupação de falhar; a autoconsciência desaparece pois envolve-se muito no que se faz; o tempo e as horas passam rapidamente sem se perceber; a atividade torna-se autotélica, ou seja, não tem sentido fora dela, e a razão para fazê-la é a experiência agradável que a mesma proporciona. O autor explica que, quando se está em flow, não há sensação de felicidade, sente-se apenas o que é relevante à atividade - felicidade é distração. Após o momento do fluir - final da sessão ou no momento de distração - é que emerge o sentimento de felicidade, o desejo de bem-estar, a satisfação de ver o poema terminado ou o teorema provado.

Na Parte II - The Lives -, o autor destaca o caminho criativo dos entrevistados. São apresentados detalhes e fatos importantes sobre suas trajetórias de vida: da infância até a maturidade. A história de cada um é fascinante; de forma diferente eles vivenciaram momentos bons, excitantes e adversos. Verificou-se que as conquistas dos mesmos foram influenciadas pela dádiva de terem nascido com genes excepcionais, pela ajuda do meio ambiente, porque estavam no lugar certo e no tempo certo e souberam aproveitar as oportunidades.

Na acepção do autor, todos os adultos criativos foram e continuam abençoados pelo espírito infantil. Respondentes como o físico Manfred Eigen e o compositor Ravin Shankar exibiram dons inusitados em seus domínios, antes dos 10 anos. Outros, como o químico Linus Pauling e o novelista Robertson Davies, apresentaram seus talentos aos 20 anos. John Reed causou impacto na indústria aos 40 anos e John Gardner descobriu seu dom para a política aos 50 anos. Interessante é o espírito surpreendente dos mesmos, pois continuam demonstrando a vivacidade e a curiosidade ardente, que são traços próprios de uma criança. Através de sons ou números, pessoas ou estrelas, máquinas ou insetos, é fato que a fascinação existe e geralmente ela continua presente na vida da pessoa criativa; assim como a evidência material: um velho telescópio construído na infância, um livro velho que serviu de inspiração, um poema juvenil ou um esboço.

Sobre a influência dos pais, muitos entrevistados informaram que receberam estímulo e apoio familiar. Robertson Davies e Donald Campbell, por exemplo, disseram que os pais os ajudaram e foram generosos. Em outros casos - história de Elizabeth Noelle-Neumann -, toda a família mobilizou-se para atender o interesse da criança. John Hope Franklin informou que seus pais providenciaram a base intelectual e moral da sua vida. No caso dos artistas, em geral os pais se preocupam e pensam que os filhos morrerão de fome, suicidar-se-ão ou se tornarão alcoólatras, como temiam os pais do poeta Mark Strand. Somente em poucos casos a influência parental apareceu como força negativa. Alguns não tiveram a ajuda parental, porque perderam os pais precocemente; ou, ainda, o pai, mesmo vivo, era inacessível. Parte dos indivíduos da amostra (30%) eram filhos de fazendeiros ou imigrantes pobres; 10% eram oriundos da classe média e 34% eram filhos de pais intelectuais (professor, escritor, regente de orquestra ou cientista pesquisador).

Conforme o insight de Csikszentmihalyi, os respondentes apresentaram-se iluminados e positivos, pois os mesmos ainda estão profundamente envolvidos em atividades excitantes e gratificantes. Como o alpinista que alcança o topo da montanha e depois contempla a visão magnífica ao redor, a vitória dos entrevistados é porque eles sempre seguiram suas metas. Quanto aos trabalhos que mais lhes absorveram as energias, as respostas foram entusiásticas, detalharam com satisfação o envolvimento pessoal na carreira, apesar do trabalho árduo que sempre desenvolveram. A dedicação pode ser interpretada como workholismo ou inabilidade obsessiva para apreciar outro aspecto da vida, exceto realizações. Entretanto, para os entrevistados, o trabalho árduo não é uma forma para evitar a vida, mas é o que torna a vida deles completa.

Refletindo sobre as vidas desses indivíduos criativos e iluminados, verificam-se nuanças, complexidades, experiências e cursos de vida distintos. Alguns foram precoces e outros foram infantes normais. Alguns relataram dificuldades, como a perda do pai, ou experimentaram vários sofrimentos, enquanto outros tiveram vida familiar feliz. Muitos encontraram professores encorajadores, outros foram ignorados e tiveram experiências ruins com mentores. Alguns sabiam precocemente a carreira pretendida; entretanto, outros mudaram suas direções profissionais quando amadureceram. Para muitos, os anos no colégio e graduação foram os mais importantes das suas vidas: período em que eles encontraram suas vozes e quando a vocação tornou-se clara. Quanto ao suporte dos companheiros, os indivíduos da amostra informaram ter relações maritais estáveis e satisfatórias - alguns casaram-se jovens e permanecem casados com os seus cônjuges por 30, 40 ou mais que 50 anos. Homens e mulheres responderam que, dentre todas as suas realizações importantes, eram extremamente orgulhosos de suas famílias.

Em relação à Parte III - Domains of Creativity -, o primeiro domínio apresentado é o da palavra. Para esta abordagem foram escolhidos três poetas e dois novelistas. Para o autor, a importância do ato de escrever é que as palavras revelam o que acontece dentro das pessoas. Neste sentido, poemas e literatura permitem experiências às quais as pessoas não teriam acesso de outra forma, pois as palavras conduzem a pessoa para altos níveis de complexidade. A escolha das palavras, a construção das imagens e estórias é tão importante para o escritor quanto o conteúdo da mensagem - eles sabem que o poder das palavras depende de como elas são usadas. Então, os escritores apreciam brincar com palavras: ampliar seus significados, arranjá-las em novas combinações e polir até que elas brilhem. Eles demonstraram uma envolvência total em mundos imaginários criativos, que são tão necessários quanto o mundo físico. Strand relatou que freqüentemente escreve sem nada específico na mente, inicia pelo simples desejo de escrever: "Writing for him (...) is necessity, like swimming for a fish or flying for a bird".

Para escrever sobre o domínio da vida, o autor citou os biologistas Salk, Wilson e Klein, que, a despeito de estilos de vida distintos, contribuíram igualmente em seus domínios. Eles compartilham as complexidades e similaridades dos indivíduos criativos: altruístas e egocêntricos, ansiosos e insistentes, workaholics, perseverantes e teimosos diante dos obstáculos. Todos eles desafiaram os dogmas das suas áreas e informaram também uma meta comum: conectar os seus conhecimentos especializados com outros domínios. Eles mencionaram a forte responsabilidade que sentem sobre outras pessoas. Não há dúvida: o domínio da biologia oferece infinita oportunidade para fluência daqueles que se aventuram a atravessar os seus limites. A revelação de Salk, que não se vê como um adulto maduro, é exemplo de vida feliz: "I'm seventy-six now and I still feel like a child, an adolescent, as if I still have lots to do".

Para descrever o domínio do futuro, o autor relacionou indivíduos que demostraram interesse pelo bem-estar mundial: Commoner, Hendersen, Boulding e Gardner. Em comum, eles trabalham com a interconexão entre os eventos que acontecem na terra. Eles mencionaram as mudanças contrastantes da ação para a reflexão e da paixão para a objetividade - estas alternações sempre foram necessárias para que os mesmos se ajustassem às novas situações. Suas criatividades abriram-se organicamente da idéia para a ação, a seguir da avaliação para os resultados. Mesmo trabalhando muito em prol de outras pessoas, eles disseram que nunca fizeram nada que não queriam ter feito: flow é o estado típico de suas consciências.

Nas derradeiras páginas, o próprio Csikszentmihalyi demonstra que vive o estado de fluência, de explícita felicidade, decerto contagiado pelas experiências dos entrevistados e pela auto-realização: o livro. Sereno e enfático, ele realça que o mundo seria um lugar diferente se não existisse criatividade, pois a espécie humana não sobreviveria sem criatividade. O futuro está em nossas mãos, a cultura que criarmos determinará o nosso destino. Sobreviver não depende apenas de equipamentos biológicos, mas também de ferramentas sociais e culturais que escolhemos para usar. Ser humano significa ser criativo. Ele assegura também que é possível aumentar o número de pessoas com os traços de indivíduos criativos. Para isto, o interesse e a criatividade das pessoas devem ser estimulados a partir de experiências familiares positivas, suporte emocional do meio ambiente, herança cultural e pela exposição a diversas oportunidades.

Ao relacionar flow e aprendizagem, ele diz que nós somos motivados para aprender, tornarmos experts e inovarmos em novas direções. O que conta mais é a habilidade para as realizações efetivas no lugar cultural onde é relevante encontrar a palavra certa do poema, o comportamento celular secreto ou a forma para fazer melhor o microchips. Então, uma forma óbvia para aumentar a criatividade é trazer a experiência flow para dentro dos vários domínios.

Ao final, Csikszentmihalyi apresenta reflexões significativas sobre a necessidade e o que deve ser feito para aumentar a criatividade pessoal. Ele admite que cada pessoa tem uma energia física indispensável para viver criativamente. Todos os cérebros são semelhantes para adquirir a energia criativa necessária para processar a informação. Para usar a energia mental criativamente, faz-se necessária uma atenção individual direcionada para alcançar a inovação. O primeiro passo para a vida criativa é cultivar a curiosidade e o interesse para o domínio certo.

Como cultivar flow em cada dia da vida? Csikszentmihalyi surpreende os leitores e cita algumas maneiras para reaprender e apreciar a curiosidade, para conseguir novas experiências: levantar de manhã com uma meta específica, olhando adiante; fazer alguma coisa agradável e manter-se sempre ligado a ela para aumentar a complexidade. Depois de estimular a energia criativa é necessário protegê-la, desenvolvendo hábitos de disciplina. As atividades facilitadoras dos processos criativos subconscientes são: andar, nadar, dirigir, jardinagem e carpintaria. Nem constante stress nem monotonia são situações boas para a criatividade. O indicado é alternar stress com períodos de relaxação - o melhor relax é fazer atividades diferentes da tarefa usual. Por fim, é essencial aos indivíduos criativos manter a simplicidade para que a criatividade permaneça viçosa e estimulante até os 90 anos de idade ou mais, conforme demostraram os entrevistados.

A leitura do livro Creativity: Flow and Psychology of Discovery and Invention permite ao leitor uma experiência concreta de fluência. Cada página do livro apresenta uma fonte inesgotável e energética de como viver criativamente. O escritor apresenta uma maestria literária: a linguagem é acadêmica, e simultaneamente tem a leveza de um poema. Todo o conteúdo é vibrante e cheio de emoção, porque é o retrato fiel da vida fantástica dos entrevistados.

Onã Silva
Mestre em Educação, Licenciada em Artes Cênicas, Enfermeira pós-graduada em Saúde Pública

VOLUME 9, NÚMERO 15 p. 308-315, jul./dez. 2002

Onã Silva A Poetisa do Cuidar
Enviado por Onã Silva A Poetisa do Cuidar em 16/10/2009
Reeditado em 15/02/2013
Código do texto: T1870700
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