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                                              CENTRAIS DE ENERGIA

     Uma idéia que temos defendido desde os nossos primeiros estudos sobre a Ordem é que a maçonaria é um elemento cultural, e como tal repousa numa idéia, numa prática e numa instituição. A idéia é a de que as sociedades tendem naturalmente a se estratificar, em razão das diferenças existentes entre os seres humanos. As pessoas são diferentes e nas suas diferenças elas procuram se agrupar, buscando em cada ser humano os seus elementos de identidade. Assim, cada grupo desenvolve uma identidade cultural e tende a aceitar nos seus quadros somente elementos que comunguem de suas características específicas. Nascem, dessa forma, as confrarias, que nada mais são que reunião de pessoas que se juntam por comunhão de interesses e necessidade de fortalecimento mútuo.
     Como idéia, a confraria é tão antiga quanto a socialização do ser humano, pois se refere à necessidade que a sociedade tem de selecionar, entre as pessoas pertencentes a um grupo social em particular, os elementos de escol, e com eles forjar um alicerce estável e firme para a manutenção da sua cultura e das suas con-quistas sociais. Existem confrarias de todos os tipos, formadas para os mais diversos objetivos. Desde a mais inocente ( ou profana) das práticas, como as confrarias dos colecionadores de selos ( filatelistas) ou os amantes do vinho ( enólogos), ás mais ambiciosas, com interesses enraizados nos mais íntimos círculos do poder, a confraria é a mais antiga forma de compartimentalizar e tratar in-formação, que a sociedade humana conhece.
      Todos os povos antigos cultivavam a idéia de que os fundamentos da sua cultura social, moral e espiritual deveriam repousar num grupo de elite, no qual se pudesse depositar os segredos mais importantes da sua civilização. Essa crença surgiu da necessidade de autogoverno da própria sociedade, e a organização desses grupos de elite se assemelha à constituição de um fundo de reserva moral e intelectual onde essa mesma sociedade pode buscar os seus líderes. Foi dessa idéia que nasceram as antigas Fraternidades, fundadas justamente pela necessidade de aglutinar os espíritos superiores e com eles formar uma espécie de “central de energia” psíquica e moral, onde o Estado pudesse buscar os seus líderes.
      Nas Antigas civilizações do Egito, Grécia, Pérsia, Caldéia, China e India, principalmente, eram comuns a existência de Fraternidades que congregavam os membros mais ilustres dessas sociedades. Essas Fraternidades, criadas em principio para preservar e defender a cultura religiosa, acabavam se tornando verdadeiras escolas de cidadania e elemento de aglutinação para espíritos de quali-dade. Os grandes homens, aqueles que se destacavam na sociedade, fosse por suas conquistas econômicas, militares, políticas ou intelectuais, eram formalmente convidados para se iniciarem nos chamados" Mistérios".(1) 

 A CONFRARIA INSTITUCIONALIZADA

     A idéia da formação de grupos de elite, capazes de desenvolver a cultura e assegurar a manutenção do poder atrai a mente dos homens de espírito desde os primeiros tempos da sociedade humana.  Pessoas que comungam de interesses similares buscam naturalmente o agrupamento com seus iguais. Assim, as pessoas associam-se em razão de suas profissões, de seus interesses sociais, de lazer, e até em razão de heranças biológicas ou culturais comuns. Pratica-se a associação até como forma de sobrevivência ou como motivo de fortalecimento do grupo. É dessa forma que nascem as associações sindicais, os diversos tipos de clubes, os grupos, as confrarias etc. Agrupar-se é uma tendência inata do espírito associativo que o homem desenvolveu desde a sua origem.
      Em princípio, a associação é praticada de forma empírica. Começa a partir do momento em que o homem percebe a impossibilidade de viver sozinho em um ambiente que exige a cooperação para a obtenção de melhores resultados. Essas associações são naturais, promovidas pelo interesse do grupo. Mas, a partir de certo momento, na vida prática do grupo, verifica-se a necessidade de uma organização. É que para a manutenção e a extensão do poder conquistado não basta a mera convergência de interesses. É preciso que haja uma estrutura, um plano de trabalho, um direcionamento, sem os quais o movimento se dispersa. Nasce, dessa forma, a instituição.
 
A CONFRARIA MAÇÔNICA

      Como organização formalmente reconhecida a maçonaria nasceu em 1723 com a publicação das Constituições, livro escrito pelo pastor anglicano James Henderson. Foi a partir dessa data que uma instituição com esse nome e com essa identidade deu entrada na história das realizações humanas. Em tempos anteriores a essa providência, a maçonaria pode ser vista como uma prática pára-religiosa, cultivada entre os profissionais de construção, que para preservar e defender seus interesses a transformaram numa filosofia de caráter místico, semelhante às doutrinas gnósticas muito em voga na Europa após o advento das cruzadas. Com o desencadear das guerras religiosas, e a grande repressão que a Igreja e os príncipes católicos moveram aos defensores da liberdade de pensamento, os praticantes dessas doutrinas se juntaram aos antigos pedreiros livres e fundaram diversos núcleos de pensamento místico-liberais, que deram origem às Lojas maçônicas, como hoje as conhecemos.
       Portanto, podemos dizer que a maçonaria, como idéia, é tão antiga quando a presença do homem na face da terra; como prática ela é contemporânea das primeiras civilizações, e como instituição é uma criação dos maçons ingleses, que em 1723, lhe deram a devida formalização como Entidade cultural.




João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 07/10/2009
Reeditado em 22/02/2010
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