A última grande transferência de riquezas.
CERULLO, Morris. A última grande transferência de riquezas. Rio de Janeiro. Central Gospel Ltda., 2004.
O Dr. Morris Cerullo é Presidente do Evangelismo Mundial há mais de 55 anos. Recebeu o título de Doutor Honorário em Divindades e Humanidades concedido por líderes espirituais e acadêmicos de várias partes do mundo. Seu ministério inclui a preparação de ministros com Escolas de Ministério com programas mensais transmitidos por grande parte do mundo, Cruzadas Evangelísticas, Revista Blessed (abençoado), Programação diária na TV, Rede de TV – A Nova Inspiração – vinte e quatro horas no ar e mais de cinqüenta livros publicados.
Resenhado por Paulo Pereira Lopes, aluno do curso Bacharel em Teologia do Instituto Bíblico Ebenezer.
Nesta obra o autor afirma que três grandes transferências de riquezas foram registradas na Bíblia e que Deus as registrou com os seguintes propósitos: revelar que os meios de troca para assegurar suas bençãos em nossa vida são importantes para ele, encorajar-nos, mostrando que seu desejo é nos abençoar e para nos ensinar sobre as coisas que ele tem feito para que edifiquemos memoriais espirituais para sua glória; além de nos ensinar princípios extraídos da vida de grandes homens do passado, que se traduzem em poder para recebermos em nossas vidas presentes.
No primeiro capítulo Cerullo diz que a primeira grande transferência de riquezas foi a riqueza do Egito ter passado para as mãos de José. Segundo o autor, José era uma pessoa chave para a sobrevivência de Israel e, como tal, estava posicionado em local estratégico e como era obediente a Deus, deveria receber as ferramentas que precisava para cumprir a vontade divina, porque a transferência de riquezas sempre começa com um sonho de Deus. Diz ele, ainda, que esta é uma geração-chave com um propósito-chave; e como Deus é um Deus de propósitos, criou um plano para esta geração cumprir. O plano divino apresentado é alcançar o mundo inteiro com o evangelho de Jesus Cristo e para que esse propósito seja alcançado tal geração seja retirada da zona de conforto tal e qual José foi retirado do seio de sua família. Cerullo afirma que somente os religiosos não concordam com esta visão; afinal, estes pregam o comodismo. Morris atesta que santos ou ministros que andam em dívidas e pobreza é porque não estão crendo no que Deus está falando sobre o plano final; e assevera que a pobreza e a dívida precisam desaparecer e que estes homens devem deixar os demônios saberem que Deus tem um plano especial para suas vidas. Segundo Cerullo, o primeiro critério estabelecido por Deus para que seja estabelecida a transferência de riquezas é manter o sonho vivo e dele não desistir em hipótese alguma. O segundo critério exigido para o recebimento da transferência de riquezas é ter um caráter ilibado; uma vez que sem caráter, a riqueza destrói o indivíduo.
No segundo capítulo, Morris afirma que a segunda grande transferência de riquezas na história bíblica foi quando o povo hebreu pegou os despojos do Egito e que Deus estabeleceu um tempo para que esta riqueza passasse do Egito para as mãos de seu povo, porque Deus jamais pretendeu que tal riqueza ficasse nas mãos dos ímpios; mas sim de seu povo. Segundo Cerullo, após o episódio em que Abraão diz ser Sara sua irmã e Faraó se encantar com a beleza dela, e por isso concedeu-lhe ovelhas, bois, jumentos escravos e outros presentes, caracterizando-se assim a transferência de riquezas das mãos do ímpio para a mão do homem de Deus. Outro episódio em que Cerullo quer apontar transferência de riquezas é quando Ló foi levado cativo de Sodoma e Gomorra; Abraão persegue e batalha com quatro reis saindo vencedor e, por isso, volta com os despojos de Sodoma e Gomorra; as riquezas daqueles ímpios foram transferidas para as mãos de Abraão. Ainda ensina que por ouvir o clamor dos hebreus cativos no Egito, Deus revelou um incrível plano a Moisés de que não somente libertaria o povo, como os faria receber a segunda grande transferência de riquezas registrada na Bíblia. Para isso, Moisés deveria ir até o Egito e proferir uma palavra profética de Deus a Faraó. Quando Moisés falou a Faraó, pedindo para deixar o povo ir para o deserto, Deus endurece o seu coração porque já havia planejado trazer dez pragas ao Egito para que, dessa forma, os egípcios desejassem ardentemente que os hebreus fossem embora e, para isso, deram todo o seu ouro, prata e demais tesouros estabelecendo-se assim a segunda grande transferência de riquezas.
No terceiro capítulo, é apontada a terceira grande transferência de riquezas como sendo feita a Salomão, que poderia ter pedido qualquer coisa a Deus que lhe seria concedida e que, segundo Cerullo, pediu caráter. O autor afirma que Deus ficou tão satisfeito porque Salomão colocou o reino em primeiro lugar, motivo pelo qual lhe concedeu as coisas que a maioria dos homens teria pedido; ou seja, riqueza e fama. Para Cerullo, Deus está enviando outra transferência de riquezas que será muito maior do que as já vistas até aqui.
No quarto capítulo, começa a detalhar como se dará isto: Deus está concedendo poder para seu povo, que deve se preparar concentrando-se no seu Reino; possuindo o caráter que Deus procura em pessoas nas quais possa confiar e que não tenham medo de atingir o alvo estabelecido por Deus.
O capítulo cinco descreve situações de algumas pessoas que, mesmo padecendo de extrema necessidade e estando presentes em reuniões ministradas por Cerullo foram alcançadas por uma explosão de milagres, chegando a ganhar até cem vezes mais do que o valor ofertado.
Para Cerullo, Deus quer destruir a pobreza das vidas de seus filhos e, para isso, é necessário que seu plano seja seguido como o fez José, Moisés e Salomão. Assim sendo, no sexto e último capítulo afirma que a última grande transferência de milagres já começou. Segundo o autor, Deus lhe revelou que está abençoando seu povo com o propósito de prepará-lo para os últimos dias quando todos os outros meios de suprimento entrarão em colapso. Cerullo diz que a Igreja deve estar preparada agora; porque quando o cavalo preto vier, conforme descrito no livro de Apocalipse capítulo seis, versículos cinco e seis, será muito tarde. Diz ele ainda que os ímpios começarão a derramar riqueza nos bolsos dos justos, por serem impelidos pelo Espírito Santo que lhes implementará tal desejo em seus corações. Para Cerullo, tais riquezas confiadas aos fieis, tem o propósito específico de dar-lhes a chance de receberem mais; no momento em que forem liberadas as ofertas, dever-se-á esperar uma colheita sobrenatural. Quando os fieis derem este passo de fé para agir de acordo com as revelações de Deus a Cerullo, as conseqüências se refletirão numa vida financeira que nunca mais será a mesma, com todos os grilhões financeiros quebrados e para que se creia que Deus age em toda a situação impossível.
Concluindo sua obra, Morris alerta que os fieis devem estar preparados para o tempo final, e que a fé muito mais do que um fato é uma questão de atitudes; afinal, Deus não lhe concedeu esta visitação por acaso. Antes, deu-lhe tal revelação para estabelecer o propósito divino que consiste em semear a maior oferta financeira possível para que se cumpra a Grande Comissão de Cristo.
Entendo que o Dr. Morris Cerullo faz uma tendenciosa interpretação dos textos bíblicos apontados nesta obra. É esta obra, antes de ser uma revelação de Deus, uma declaração equivocada a fim de embaçar a mordomia cristã. Seus leitores são induzidos por meio de palavras, até de certa forma espetaculares, a crerem que é fator preponderante contribuir para seu ministério com ofertas ousadas para que Deus lhes abençoe. O desejo de Deus é que "todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade" (1Tm 2.4). Todos devem ouvir a mensagem que Jesus deixou e aprendê-la. É Jesus Cristo mesmo quem diz que “a vida de um homem não consiste na abundancia de bens que possui” (Lc 12.15); portanto, a felicidade está no ser e não no ter. Ao invés de colocarmos nossa confiança na instabilidade da riqueza, o apóstolo Paulo diz que devemos colocá-la “[...] em Deus” (1Tm 6.17).