Não é mais um texto bonitinho.
Naquele fim de mundo....................
Seu pai o deixara quando ele ainda nem podia andar...
O destino não estava a seu favor.....................
Sua mãe, morreu de "verme" quando ele estava aprendendo a dizer seu próprio nome.
No seu humilde lar, seu tio-avô, um adoecido amolador de facas e tesouras, sustentava aos dois com uma miséria.
Leandro nunca se entregava, rezava por sua mãe toda noite, suplicava desabando em choro aos pés da cama que Deus a tratasse bem.
Decidiu continuar e lutar, porque não queria decepcioná-la.E tinha plena convicção que ela estaria lhe vigiando. Ele decidiu que queria crescer.
Quando completou quatorze, um rico chacreiro, lhe arrumou emprego.
No seu primeiro dia de trabalho como cortador de cana, descobriu o quanto seria dificil atingir seus sonhos. Mas não desistiu.
E cada vez mais os dias pareciam mais infinitos.
Sol escaldante, Mãos ardendo, as vezes até sangrando...
Ao mesmo tempo em que pedia a Deus, para que o ajudasse, blafesmava por tantas injustiças.
Entre uma facada e outra, dava uma pausa, para limpar o suor em sua testa, quando não, para olhar para o céu e gritar alto:
"O senhor me odeiaaa!! Falaa eu sei que me odeiaa!"
Os anos se passaram, seu tio-avô tambem se fora.
Leandro não queria mais viver, mas não por sentir fome a toda hora, ele não queria viver pois não tinha ninguem para confiar, ninguem para amar, ninguem..para amá-lo.
Foi quando em mais uma manhã de trabalho, escutou uma bela voz:
"Da Licença?"
Leandro enxarcado de suor, cobriu seus olhos do sol que vinha na direção contraria a suas vistas, e pode ver apenas um contorno, uma silhueta, que durou alguns segundos até que pudesse identificar a dona da doce voz.
"Pois não?" - respondeu Leandro, com ar sereno e cansado.
A partir daí então, Leandro não prestou atenção em mais qualquer palavra da bela morena de pele clara, que se aprentou como Rita, e que perguntava para ele sobre o chacreiro.
Leandro estava apaixonado.
Não estava só apaixonado pela bela silhueta que deixaria qualquer homem louco. Estava apaixonado pela bela voz, que o fizera tremer dos pés a cabeça, pela primeira vez sentia aquilo.
Era uma sensação nova, de estranheza, com alegria e vergonha ao mesmo tempo...tudo aquilo misturado com um enorme "nó nas tripa".
Após esse primeiro impacto, Leandro pode entender que a moça, nova servente da chácara, iria trabalhar com ele.
Daquele dia em diante, parece que sua vida inteira havia mudado.
Parou de culpar Deus, pelas coisas...Suas rezas para sua mãe, eram mais curtas a noite, pois assim tinha mais tempo de pensar em rita antes de pegar no sono.
Rita foi morar com Leandro, juras de amor eterno, entre beijos de um homem que nunca teve uma mulher, brigas corriqueiras que logo terminavam com uma noite de amor estonteante.
Trabalhavam juntos...moravam juntos...era tudo perfeito.
Sua vida desgraçada então tinha um novo propósito, um novo ar, uma nova convicção, uma nova meta, uma nova alegria, uma nova vontade. Ele queria crescer...
Rita era sua musa inspiradora, era a mulher que ele fantasiava em segredo quando pequeno, ouvindo radio-novela com sua mãe, enquanto o locutor descrevia a personagem.
Era feliz com Rita, e mesmo sem conhecer nenhuma outra, sabia que não a trocaria por ninguem mais na sua vida.
Sempre lhe dizia que sua vida não valeria nada sem ela.
Leandro nem mesmo acabará suas preces noturnas, quando foi para a cama deitar-se com sua amada. Ela não estava ali.
Tomou um susto, e quase que por puro reflexo, tomou seu facão de tantos anos em sua mão direita, e saiu pra procurá-la.
Leandro foi até a chácara, entrou sem bater, medo e fúria o acompanhavam.
Foi então que ele teve certeza que Deus o odiava.
Rita estava deitada com o chacreiro.
Por alguns segundos não disse nada,
Olhou calado, a expressão de pavor de sua amada que tentava desesperadamente achar alguma inutil explicação para o fato.
O velho patrão de tantos anos, parecia nem se importar com a presença dele.
"...Um homem sem motivos para viver, é um homem disposto a morrer.
Um homem disposto a morrer, é um homem disposto a tudo...."
Não.....
Leandro não matou Rita...
Não na minha historia, não o meu personagem...
Mesmo sem cultura, sem motivos para viver...com uma raiva mortal...com um facão na mão..
Ele não a matou...
Ele queria crescer...
E mesmo com tudo aquilo..com toda aquela pressão, e o seu instinto de decepar o velho maldito e a quenga da sua mulher...Ele fez diferente.
Com um olhar de desprezo, Leandro vira as costas e volta para o seu humilde barraco, coloca as coisas de Rita do lado de fora do seu lar.
Guarda seu facão...
Deus ja se preparava para ouvir mais uma ofença de Leandro, quando ele surpreendeu...
"Deus, obrigado pela minha vida.
Obrigado pelo trabalho, pela casa...pela santa da minhã mãe..
Pedoe o meu pai por ter fugido..e proteja meu tio-avô ai no céu.
Diz que logo estarei com eles, mas não agora.
Porque agora eu vou crescer.
Obrigado por me mostrar a verdade sobre Rita,
Mas principalmente Deus, obrigado por me deixar ver todas as manhãs esse sol lindo, o canto do sabiá...me banhar no rio.... obrigado por conversar comigo quando eu precisei de alguem..obrigado pela vida perfeita... e por favor, me perdoe minhas blasfemias.
Mas Deus..leve isso em conta... se eu sempre te culpei esses anos, é porquê sempre tive fé que o senhor existe.. "
Leandro cresceu.