A AMÉRICA SOB OS LENÇÓIS
O livro de François Forestier "Marilyn e JFK" (tradução de Jorge Bastos; Editora Objetiva, 2008) não é mais um dos inúmeros relatos sobre a vida de JFK - Jonh Fitzgerald Kennedy(1917-1963), e seu ´famoso affair com Marilyn Monroe. É mais do que isso é o relato dos anos dourados, onde a América não havia perdido a sua inocência, embora a Guerra Fria dividisse países e mentes. Época do marcatismo que em nome dos valores democráticos, cria um movimento conservador que estremeceu a América nos anos 50. O senador Joseph McCarthy liderava uma feroz campanha anticomunista, levando dezenas de artistas, produtores e intelectuais à falência e ao desespero. Muitos entraram na lista negra apenas por serem suspeitos de pertencer ao Partido Comunista ou de simpatizar com os ideais socialistas. Hollywood era uma grande festa, onde a máfia, comunistas, produtores, artistas, empresários e políticos frequentavam os mesmos espaços públicos. O livro começa descrevendo o assassinato de Kennedy , mas esse fato é apenas pano de fundo para o autor esmiuçar os Kennedy, a começar pelo patriarca, o ex-embaixador Joe Kennedy, pai de JFK, e sua sordida relação com os chefões da máfia, encrencas com Edgar Hoover, o chefão da CIA. Outro fio narrativo esmiuça a vida de Norma Jean, mais conhecida como Marilyn Monroe que despontava como estrela de primeira grandeza de Hollywood. Os personagens retratados, parecem saídos do cinema noir. O livro esboça um panorama dos meandros do poder e da fama, onde JFK e Marilyn Monroe, Frank Sinatra, agentes da CIA se entrelaçam num enredo. Onde os mitos de JFK e Merilyn , são deixados de lado, o que vale é a dimensão humana. O relato se aproxima da linguagem cinematográfica, seu autor o francês François Forestier é crítico de cinema da revista Nouvel Observateur. Com uma narrativa que beira a roteiro de um filme. É um retrato de como a elite americana vivia nos glamourosos anos 50. A trama vai se desnovelando até chegar ao seu ápice - a trágedia que culmina com o assassinato de JFK, e a morte prematura de Norma Jean, depois de ingerir uma dose excessiva de pílulas com champanhe, esses acontecimento marcam o fim da inocência americana.