A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS

“Quando a morte conta uma história, você deve parar para ouvir”.

1939. Alemanha nazista, 2ª guerra mundial. Como sabemos, o período mais hediondo da história, que protagonizou o maior show de horrores do cenário político mundial,o holocausto, promovido pelos nazistas, que defendiam a bandeira do Partido Nacional Socialista (com a suástica ao centro), símbolo opressor da ditadura de Hitler (o Führer), que lutava contra o semitismo, defendendo a supremacia da raça ariana e exterminando milhões de judeus.

Cerca de 7,5 milhões de pessoas perderam a dignidade e a vida em campos de concentração. A Morte, presença constante nessa ocasião, é quem nos narra essas atrocidades de guerra. Ela é a testemunha silenciosa, mas não se vê como a ceifadora de vidas, mas tão somente a acolhedora de almas. Por vezes, é quase possível desenvolver algum sentimento de afeto por essa figura simbólica, tão temida por tantos. Durante este período, a Morte se encontra por três vezes com Liesel Meminger, a protagonista da história. A roubadora de livros.

Uma menina de origem alemã, que vê sua vida mudar drasticamente com o desaparecimento do pai comunista, o abandono da mãe e o falecimento do irmão mais novo. O título parece remeter a uma ação vândala e criminosa, mas A Menina que Roubava Livros, toma alguns livros mais pelo impulso de manter viva em sua memória o pouco da história de sua vida. Cada situação inesquecível de sua vida é marcada pelo furto de um livro. Eles remetem ao significado de sua própria existência, conferindo a ela algum sentido. Liesel é adotada por uma família alemã de origem humilde e passa a viver com eles em Molching, uma localidade próxima a Munique. Ironicamente, (sobre)vive com sua nova família na rua Himmel (Céu em alemão, mas mais próximo do sentido de inferno) e entre as dores e tristezas que cercam este período, encontra nos livros que rouba alguma compensação pelas perdas que acumula, onde cria um universo imaginário que passa a funcionar, se não como uma válvula de escape, talvez como uma zona fictícia de conforto.

Aliada a essa ocupação, surge a sede de conhecimento. Eis o propósito de sua vida. Aos poucos, a construção desse conhecimento vai se incorporando a sua própria vida e a menina mantém com as palavras uma relação de amor e ódio. Personagens inesquecíveis do livro: Hans Hubermann, o pai adotivo, acordeonista e de bom coração; Rosa Hubermann, a mãe adotiva, dona de casa, lavadeira e rabugenta; Rudy Steiner, o melhor amigo e candidato a namorado, seu primeiro amor e Max Vanderburg, o judeu do porão, seu grande amigo e similar segredo. E a mulher do prefeito, é claro. Sua amiga e cúmplice. Pouco a pouco, ela se vê vítima das consequências desastrosas da guerra e solitária, vazia.

A comoção que o livro nos causa, não é só por tratar-se de uma obra de ficção, com um final dramático que beira a tragédia. O pior é reviver cenas de um filme que nunca se assistiu, perceber que o pano de fundo que deu origem a este best seller é um fato verídico e que esse é apenas um dos diversos olhares sobre o holocausto. Lembra, em certas passagens, o Diário de Anne Frank, quando a menina decide registrar em um livros suas próprias memórias. Só se afasta dessa comparatividade por conta do desfecho inusitado. Vale a pena conferir!

Patrícia Rech
Enviado por Patrícia Rech em 29/06/2009
Código do texto: T1673976
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