"ETERNAMENTE DAVI" Parte do romance espírita de: Flávio Cavalcante

ETERNAMENTE

DAVI

Romance espírita

de

Flávio Cavalcante.

PROÊMIO

Se no mundo existem mais mistérios que a nossa vã filosofia possa imaginar, acabei de ter uma prova disso. Estou falando com relação à vida pós-morte, o mundo dos espíritos propriamente dito. Antes levantei muitas dúvidas com relação a tudo que se referisse a este assunto. Mas quando se tem uma prova da qual você não possa duvidar dela, a história muda de figura. Foi exatamente o que aconteceu comigo. A minha mudança de opinião foi desde quando conheci uma bela moça, por nome de Suzana, menina de cabelos cumpridos e lisos, de feição angelical, alma boa praça. A história que enfatizo aqui, se trata do romance desta garota com Davi, encarnado e desencarnado. Davi morava em Garanhuns, rapaz boa índole, tipo do cidadão que não se via com tropinhas de amigos para cima e para baixo. Ele cometeu suicídio por causa de uma traição de sua mulher; antes disso, ele já tinha namorado Suzana e logo após o seu desencarne, Davi, já no mundo desconhecido pelos encarnados, sabia que sua ex-namorada andava em centros espíritas e aí, a acompanhou para tentar alguma comunicação . Conseguiu através dos copos que andam, por acaso. Isso veremos como tudo aconteceu.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente ao nosso pai, criador de todos nós, que é soberanamente bom. Aos meus pais na vida carnal, que me colocou no mundo e cuidou de mim com muito amor e carinho. Agradeço aos meus irmãos encarnados e desencarnados que contribuíram para com apoio moral, o feito de tudo. Agradeço também ao protagonista desta história, que mesmo desencarnado, foi um dos grandes responsáveis para informações obtidas neste trabalho.

Flávio Cavalcante.

ÍNDICE

1. O ROMANCE

2. ALGUÉM O PROCURA

3. A MUDANÇA

4. 1ª EXPERIÊNCIA

5. 2ª EXPERIÊNCIA

6. 3ª EXPERIÊNCIA

7. O BOY DESVENDA O MOTIVO DE SUA MORTE

8. A PRESENÇA DE UMA VIDENTE

9. PROBLEMA DE ORDEM ESPIRITUAL

10. PRESENÇA DE ENTIDADES EVOLUÍDAS NA SESSÃO DO COPO

11. PERIGO NO CENTRO ESPÍRITA JESUS NO LAR

12. REVELAÇÃO DO AUTOR PARA DAVI

13. DAVI ADMITE TER QUE IR AO CENTRO ESPÍRITA

14. O BOI NÃO QUER IR AO CENTRO

15. A ASCENÇÃO DE DAVI

16. ALERTA AOS CURIOSOS

O ROMANCE

Era uma manhã ensolarada; rua movimentada de calçamento grotesco e mal acabada. Apesar do sol, dava-se pra notar que havia caído uma leve chuva pela manhã e os respingos faziam no horizonte celeste um belo arco-íris. Apesar da manhã começar ensolarada, muta gente não deixava de estar vestido num casaco. A rua estava por parte molhada. Era um dia de domingo e por certo, dia de feira, Davi, fazia compras com uma bolsa de listras coloridas; e trajava uma calça Jeans não muito nova e camisa azul com gola de bolinhas coloridas, no pescoço, ele usava um crucifixo preso num trancelim grosso de uma prata caliginosa que pelo seu estado de conservação, estava na cara de que se tratava de uma bijuteria. Ele não preocupado em expor a barata bijuteria que tentava se esconder por entre seu peito macaco-cabeludo, sob a camisa com três botões fora das casas. Estava ele, no mercado de carnes e peixes; o cheiro ativo de um canal aberto por onde passavam restos de vísceras de animais abatidos naquele local, às vezes o incomodava; e a mão do rapaz passava vez em quando nas proximidades do nariz, e seus lábios desenhava um formado no canto da boca dizendo a palavra “eca”; mas algo lhe chamava a atenção; era uma placa em uma das bancas na outra repartição do mercado, que vendia cereais; não era costumeiro aquele tipo de anúncio dentro de um mercado de carnes e peixes; na placa dizia “Cabeleireira”. Davi com ar de brincalhão se aproximou da cabeleireira e fez aquele ar de riso energúmeno; a moça já sabia no ato, mesmo inconsciente, que a intenção do rapaz, até pelo olhar despudorado e cáustico que ele cinicamente fazia questão de mostrar, se tratava de uma punhalada de más intenções, que mesmo sem dizer uma só palavra, já a deixara cabisbaixa a espera de uma forte rebordosa pejorativa. Lentamente, Davi se aproxima da sua sala, rindo cinicamente e diz: “Estranho, não?” Não vejo nada de estranho, disse a moça com um olhar meigo e encalistrado; Davi continuou rindo externando o seu cinismo ainda mais, notando que a moça não estava gostando de sua atitude de aramandaia anarquista, o qual imediatamente tentou retroagir do erro, mas embora era tarde demais; com muita sanha, a moça obtemperou na mesma proporção, dizendo palavras obscenas e chulas, e assim descarregou toda a sua fúria sobre o rapaz que estava se achando abafador; o qual retrucou de imediato reconhecendo a indelicadeza em cima da menina que tentava ganhar o seu dinheiro honestamente. “Me desculpe, não foi minha intenção de forma alguma ofende-la”, responde Davi como quem não gostou da resposta, mas se contraiu por saber que ele foi o provocador. Davi olha para a cabrocha, abespinhada; ele, ainda meio risonho, até porque era de natureza orgânica ver no seu semblante uma expressão de cinismo até em conversa circunspecta, disse mesmo sem querer de uma forma nada gentil para a moça. Continua o provocador falando sem saber a hora certa de parar. Só achei engraçado! Não é costumeiro encontrar em um mercado de carnes e verdes, um salão de beleza! Eu falo até preocupado com você mesma; tá certo que não é má a sua idéia inovadora, mas, acho que antes de alguém vir lhe procurar; aqui, deveria ter no mínimo, um bom banheiro e principalmente um banheiro com um bom chuveiro; o cheiro horrendo de peixe que você vai sair daqui, Deus do céu que livre nem chegar perto. Basta o meu cheiro natural, que não nada agradável. (Cheira as axilas). Homem fede por natureza. Ele dizia isto, mas olhos não deixavam de encara-la. A moça fez questão de não dar ouvidos e começou a arrumar algumas coisas que estavam desarrumadas em cima de seu chique balcão cheio bugiganga, batom, pente, secador de cabelo, a moça nervosamente tentava organizar, de uma forma bem desorganizada e olhava de vez em quando através do espelho e vê Davi sentado sobre uma cadeira; pergunta a moça causando surpresa ao Davi; Seu nome é Davi, não é ?! Retruca espantado; sim e de onde você me conhece? “Não interessa de onde eu lhe conheço; a cara do safado já é descrita na testa”; disse a moça, tentando entrar desajeitadamente na mesma do Davi; “com qual direito você vem tirar sarro com a minha cara, no meu estabelecimento de trabalho? Por que não vai olhar se estou ali na esquina, oh moleque?” A partir daquele momento, Davi, observara algo diferente no fundo do olho daquela moça. Inconscientemente, sabia ele que naquele momento de ira e desarmonia algum cupido acabou de flechar o seu coração profundamente. Meio descabreado e ambíguo com o que acontecera, ele voltou para casa, passando o dia cabisbaixo, como se algo de ruim tivesse acontecido . A noite chega, no seu quarto com apenas uma cama de solteiro, uma estante com alguns livros velhos, um ventilador soprando um ar fresco e um som três em um já bastante usado. Davi liga o som e coloca uma música no estilo romântico, para ver se consegue dormir, mas é em vão a sua proeza. Na sua cabeça dar-se-iam imagens como em um filme, expondo fixamente o retrato daquela moça que o conhecera de uma forma muito estranha e inesperada. A noite vai se rastejando lentamente, o ponteiro do relógio parece não sair do lugar, deixando-o inquieto, preso entre quatro paredes, curtindo a solidão do silêncio da madrugada que o atormentava, achando que a noite naquele dia era uma eternidade! Três horas da manhã e Davi ainda não conseguira pregar os olhos; levanta da cama e começa a ler freneticamente um dos livros da estante e ao folhear as laudas de um dos livros, algo lhe chamou a atenção, fazendo-o fixar o olhar arregalado no determinado canto da página. O livro falava de depressão e de pessoas deprimidas e Davi se interessara pelo assunto, já que o tema tinha tudo haver com ele. Atinou o rapaz; “eu não percebi o valor desse saltério!” Com muito holocausto, finalmente ele consegue dormir. Amanhece o dia, são dez horas da manhã de uma segunda feira, Davi acorda acabrunhado com o sol querendo castigar, aquecendo o seu rosto, através de uma réstia de luz, vinda de uma brecha na janela de seu quarto, acordando-o irritado. O suor rolava sobre seu corpo quase nu, em forma de gotículas escorregando sobre o seu corpo, chegando por vezes a fazer cócegas. Faltou energia já há algum tempo e o ventilador deixou de funcionar; Davi levanta às pressas, e como num passe de mágica, a jovem moça cabeleireira ainda estava grudada em sua mente, como se fosse uma ostra colada numa pedra cheia de lodo. “Estou fudidamente apaixonado”, diz Davi; “parece um fantasma! Pra todo lugar que olho essa donzela está... sai pra lá assombração!” Pensativo, Davi vai ao banheiro e molha sua face para tirar o enfado daquela noite que mais parecia uma eternidade, olhando profundamente no fundo de seu próprio olho através de um espelho, já em estado de depauperação, que refletia a imagem do rapaz quase fora de foco. Perguntas inexplicáveis passavam como em um turbilhão pela sua mente fazendo Davi entrar em depressão. Tudo se misturava nessa hora e ele não atinara de forma alguma sobre o que realmente estava acontecendo. Se fora a preocupação com a moça por estar ali num local sem futuro, ou particularmente falando se estava apaixonado e não estava percebendo ainda. Três e dez da tarde, o dia ainda estava muito claro e belo, neste lugar só a partir das cinco, é que o dia começa a morrer, deixando no horizonte a tristeza profunda de uma paisagem sorumbática, avermelhada, dando entender que uma enorme bola de fogo, está mergulhando num poço de larvas incandescentes, fazendo assim, um fim de dia macambúzio. Davi finalmente resolve ir ao encontro de sua paixão serena e doce, ele se apronta colocando um traje social dá um grau no seu sapato, deixando-o num brilho espantoso, calça todo no linho, passado e engomado. Vai à estante de seus velhos livros, a qual tem uma espécie de uma pequena porta, abre, e tira um perfume de uma deleitosa fragrância. Sai o rapaz pelas ruas, parecendo que ia há um baile social. Congratulações de várias pessoas que passavam por perto dele e inalava o olor do gostoso perfume, e perguntavam certos curiosos para onde ele ia tão cheiroso e tão arrumado, Davi não dizia nada, mas respondia apenas com um sorriso . Começava naquele instante a trajetória do rapaz em direção ao mercado de Carnes e Peixes, ensaiando no caminho o que ia falar para a moça assim que a avistasse. Entra o Davi pelo portão principal do mercado. Fim de feira, mas ainda havia várias pessoas comprando algumas verduras de malíssima qualidade, até porque era fim de feira mesmo. Assim que o rapaz pôs os pés dentro mercado, foi como num passe de mágica, todos ficaram atônitos com a cena diferente que estavam vendo, mas Davi não percebera que estava sendo observado, com olhares críticos e zombeteiros. A viajem por entre o seu interior fizera ele, não se dar conta nem que estava num mercado de carnes e peixes e sim à procura de uma Cinderela bravia e irritada. O intuito dele mesmo era atravessar o corredor e ir ao encontro da tão esperada cabeleireira; “Eu a conheci ontem, será que ainda me lembro da fisionomia dela?” Atinava o Davi com o olhar correndo de um lado para o outro para ver se a avistava em algum outro lugar. A consternação era tanta que mesmo com passos largos, parecia que ele já tinha caminhado algumas léguas. Finalmente Davi vê a placa Cabeleireira e a porta estava entre aberta, na sua cabeça passou um milhão de coisas ao mesmo tempo. Aproximou-se rapidamente e o que era tão esperado, desmoronou como um deslize de uma avalanche, saiu pela porta um homem de boa aparência que a beijou e disse “Mais tarde a gente se encontra” a moça fez aquele ar de ventura e fez menção que ia entrar, mas seu olhar dimanou de imediato para Davi que realmente estava chamando a atenção de todo mundo. “Boa tarde!” Disse Davi, já com diferente expressão à do dia anterior e também demonstrando uma profunda tristeza com a cena que o mesmo acabara de presenciar; “O que é que você quer, hen? Eu não estou aqui para servir de palhaça, já tive alguns clientes hoje, se é isso que quer saber . Estou vendo que vai dar uma tacada ! E também eu não sei o porquê estou lhe dando alegria” responde a moça num tom de desabafo e Davi fica ouvindo observando-a sem dizer uma só palavra, mas querendo inquirir o seu nome , e sem saber o motivo da força que está lhe travando.“Quer dizer algo?” Interroga a moça que notara de imediato a força que o rapaz estava fazendo para se comunicar. “Não” Responde o Davi, mas numa transição brusca retoma a força e finalmente consegue perguntar o seu nome “Meu nome é Suzana” responde a moça já sabendo qual era a dele e retoma como uma tacada de palavras dessa vez amenas, mas com muita ironia “Mercado de Carnes e Peixes, Salão de Beleza! Você não acha que está social demais para o local não, meu amor?”. A partir daí, é que Davi vê o seu traje dando um completo contraste com o ambiente. A moça gozou com a sua cara, dando uma gostosa e sarcástica gargalhada. Davi se enfureceu, mas se redimiu diante de seu sentimento para com ela. Levantou a cabeça e perguntou “É seu namorado aquele rapaz, que acabou de sair?” Não, respondeu a moça com desdém e Davi, volta a insistir nas interrogações “E você tem namorado?” Suzana retorna a resposta com uma certa raiva. “Eu juro como não vou lhe responder essa pergunta! O que é que há? Você por acaso resolveu tirar sarro com a minha cara, oh, moleque? Chega! Saia do meu salão e não volte nunca mais!” Suzana já estava com a paciência esgotada e retorna com a certeza de que estava falando muito sério “Ou você se manda daqui, ou caso contrário, eu vou chamar a polícia” Davi baixa a cabeça e sai, todo descabreado e pede desculpas. O mar revolto de suas depressões voltou a tona e assim o rapaz desconsolado chega em casa, com uma consternação profunda cai de bruço sobre sua cama e chora seu pranto, pela primeira vez, “Eu sofro por alguém”. Pensa Davi com a cabeça mergulhada no travesseiro, e umedecendo-o com os pingos de suas lágrimas. Mais uma noite em claro. Dessa vez Suzana não sai de sua cabeça. Os dias passam e Davi sempre retorna ao salão de beleza, mas a resposta era sempre a mesma, não! A vida de Davi passou a depender de Suzana e Suzana nem dava trela para ele. Suzana, uma moça alta, branca, cabelos longos e repartidos ao meio. Sempre elegante com seu traje country; calça comprida e blusa mostrando o umbigo, rostinho angelical. Características estas, que fez o Davi se apaixonar de verdade. Amor doentio, possessivo, pode dizer platônico mesmo; mas tão de repente? Não seria uma paixão demasiada? Qualquer que seja o grau de sua paixão, não vinha ao caso; só se sabe mesmo, é que o sofrimento do rapaz marcara seu interior, doendo como uma ferida fétida e dolorosa, marcando em sua alma o arrependimento de tudo o que havia dito para Suzana. A briga consigo mesmo, não deixara de hipótese nenhuma Davi pensar, e de uma forma caótica, a depressão tomaria conta de seu eu, fazendo-o entrar num buraco de fundo infinito, mas, uma escola, pronta para dar-lhe uma boa lição, esperando que ele tire proveito de tudo aprendizado. O amor de Davi era maior do que ele e, portanto não o deixara nem pensar nesse fato. O que ele queria mesmo era tê-la em seus braços naquele momento. À medida que o tempo foi passando, suas forças foram diminuindo cada vez mais, era como se o demônio dominasse o seu ser. Ele não conseguia se dominar. O que ele estava sentindo naquele momento era de uma força muito mais dominante do que ele. Numa hora como esta qualquer pessoa não quer ver ninguém e nem aceita qualquer conselho e sim, se isolar de tudo e de todos, trazendo como resultado a certeza que não valemos nada e que o mundo não precisa mais de nós, assim se sentia Davi naquele momento. Um imprestável, um grão de areia no meio do deserto. Suas lágrimas já jorravam como bica, só em alguém tentar se aproximar dele para conversar algo. Seus olhos inchados constantemente e de coloração rubra, parecia que ele estava fumando um baseado; mas não, era realmente uma ferida aberta em seu coração. Depois de estar em seu cárcere do destino, uma bela manhã de sol fervente, impulsivamente, Davi toma uma nova vida e resolve sair em busca de Suzana. Começa então, uma busca como se fosse uma caça ferrenha entre um gato e um rato. Davi, perdidamente apaixonado e Suzana numa normalidade estupenda, até porque ela nem atinara, que estava passando esse turbilhão de informações românticas pela cabeça daquele rapaz, que quase destruiu sua vida, usando palavras de tão baixo teor . Sente Davi naquele momento, a dor real da saudade, o queimor dentro de seu peito aparentemente bruto, mas que, no fundo daquela montanha de músculos, que trabalha como uma máquina sem parar, existe uma centelha, que já estava em brasa e a doer horrendamente, deixando claramente o alto grau de perigo de um sentimento aparentemente sutil. Pensa em tom de desabafo “Meu Deus, como dói... devo eu estar louco? O que será que está acontecendo comigo?”. A vida de Davi começara ali. Os dias foram se passando e um turbilhão de dor foi tomando conta do daquele jovem rapaz; este, que parecia ser uma pessoa forte e de repente diante de uma remota situação, se viu prostrado diante de um mar negro cheios de ventanias e trovoadas . A depressão domina o corpo de Davi, grudando no fundo de sua alma, deixando resquícios de uma profunda saudade, que nem ele mesmo sabia de quem. Estava Davi no fundo de um poço, se sentindo só no mundo , a vergonha de ser inútil para o mundo estava de mãos dadas com o seu destino. Mais dias se passou e cada vez mais o barco afundava. Nesse estado, Davi não comia, não bebia, só sentia vontade de se isolar do mundo, nos cantos de parede parecendo um bicho selvagem, vivendo em uma mata virgem. O organismo de cada ser humano, pelo menos tenta reagir a qualquer enfermidade, que venha aparecer. Com Davi não foi diferente. Em alguns momentos, batia-lhe um ânimo que nem ele mesmo sabia de onde vinha, mas, bastara uma ocasião sem nexo, para ele desabar em sua depressão mergulhando profundamente em seu mar revolto novamente. Ele se tornara ali, um prisioneiro do seu próprio eu. Um turbilhão de informação desencontrada marcara presença novamente, martelando na cabeça do rapaz, fazendo-o se achar um nada diante de tudo. Mais dias fora passando, e Davi, já bastante debilitado pelo desprezo, com muito esforço, tenta se erguer e ir ao encontro de Suzana. Com muito esforço, tenta levantar, mas suas pernas pesavam como se estivesse carregando um saco de chumbo. Davi acaba desistindo de ir ao encontro de Suzana. Não dava pra ninguém o socorrer; pois, ele sempre morou sozinho e ultimamente estava de férias de seu trabalho, que não ficava muito distante de seu lar. Um belo dia de uma manhã ensolarada, alguém chega à sua porta e diz em tom bem audível. “Davi”, num passe de mágica e velocidade relâmpago, ele abriu os olhos, mas já não consegue falar. Uma lágrima desceu do seu rosto, escorrendo por entre suas pálpebras enrugadas e debilitadas; pois Davi conhecera aquela voz e tinha certeza que se tratava de Suzana. Será, que é uma alucinação? Pensa alto como em um delírio; Suzana se aproxima e diz “Eu vim te ver , Davi ! Minha vida não está sendo a mesma desde o dia em que nós nos conhecemos . A voz de Suzana soa como um canto de sereia, e um eco inunda o ouvido de Davi, fazendo-o suspirar muito mais forte do que antes, caindo ele na real , que tudo se tratava de um sonho. Assim que Davi descobriu que tudo não passou de um sonho, sua dor chega ao topo, e o resultado dessa fantasia , foi exatamente o trasbordamento de sua dor através de um grito, chamando por ela . Esse grito descia por dentro de seu eu, fazendo o seu corpo todo estremecer, mas ali, ninguém ouvia o seu grito, só o seu espírito, que comportara uma doença que nem mesmo ele sabia do que se tratava. Só doía muito. Mais tempo fora passando e Davi cada vez mais ia definhando a espera de Suzana; esta , nem imaginara que aquele rapaz zombeteiro estava à beira da morte por sua causa. Mesmo decadente, Davi passava horas delirando e o som da voz meiga da moça não Parava de soar em seus ouvidos, como em um delírio. “Como ela sabia meu nome? Atinava Davi. De onde ela me conhece? Será que eu joguei uma grande oportunidade no lixo? Por que será que agora , é que eu vim descobrir o quanto esta desconhecida moça é uma parte de mim !? Ah , quanta pergunta me faço e o pior é que eu não sei responder nenhuma! Eu não presto; eu não valho nada!” Entre quatro paredes, aquele rapaz aparentemente descontraído e sarcástico se transformou numa singela e sublime flor, tão frágil que bastava a lembrança vir a tona em sua mente, para um verdadeiro duelo invisível, começar de uma forma bruta e destruidora . Davi toda vez era nocauteado por si próprio. Sua mente, que anteriormente estava vazia e repentinamente era tomada de um turbilhão de informações confusas e doentias. Triste estado do Davi, pairado sobre o seu leito insólito. Seu corpo cada vez mais ia definhando. Passava-se o tempo e onde está a injeção de ânimo que ele havia tomado? Mesmo em situação decadente ainda estava gritante aos ouvidos, a frase marcante que Suzana dissera no dia do encontro catastrófico. “Você não se chama Davi?” O seu subconsciente ficava martelando esta frase constantemente, o destruindo cada vez mais, de pouquinho em pouquinho, lentamente; um verdadeiro suplício. A sua alma já estava esperando o momento do desencarne, mas Davi arfara como se seu espírito não quisesse de forma alguma deixar o corpo. Será que Suzana naquele momento tiraria Davi dessa situação?

ALGUÉM O PROCURA

O último suspiro gritara intimamente no seu mundo interior, enviando mensagem para seu corpo, dizendo que o seu espírito iria traspassar para a nova morada, deixando-o abandonado no seu quarto silencioso; mas quando tudo parece acabado, sempre surge uma luz no fim do túnel e não foi diferente com Davi. Alguém bate à sua porta. Uma certa manhã, Davi sente os seus pés ficarem frios como gelo e por mais que tentasse mexer, algo lhe impedia. Continuara entorpecido. Era como se ele tivesse preso pela sua própria consciência. Nesse instante, mais turbilhão de informações desencontradas jorravam como bica na sua cabeça, uma correnteza de informações desenfreadas, fazendo-o não entender quase nada.“Será que eu estou morrendo?” Pensou Davi em um ínfimo instante de reflexão, mas não podia fazer absolutamente nada. Repentinamente alguém bate insistentemente à sua porta. A vontade de Davi de dizer “Eu estou aqui” era de tamanha grandeza, mas seu corpo inativo não o deixara se mexer; não restava mais forças em seu corpo. Num golpe brusco, a porta veio à baixo e o grito de socorro , era audível à distância . A presença de um amigo de seu cotidiano, fizera perceber quanto era inadmissível o que o mesmo estava passando, podendo ter procurado alguém para quem sabe um desabafo. Agora é tarde. Davi assistira toda a cena de desespero do amigo, como se ele estivesse em um camarote, através de uma janela imaginária dentro de si próprio. Repentinamente chega Suzana à porta. “Finalmente descobri onde este rapaz mora!” disse Suzana , como se estivesse andado léguas, à procura de Davi, chegou transpirando e cansada . Mesmo sem dizer uma só palavra, Davi tenta reagir e o amor que o seu espírito comportara dentro daquele corpo naquele momento, preste a dar o suspiro final, era mais forte que ele , tanto , que era a causa de toda a sua queda. Seus olhos fitavam a Suzana de uma forma fixa. Já existia um brilho diferente no olhar de Davi. A alegria reinara novamente e aquele corpo em chamas de enfermidades, começara à tomar outro semblante “O que ele tem ?” , interroga preocupada a Suzana para seu amigo . Não sei, fazia dias que eu estava a sua procura, e só agora foi que desconfiei que ele estivesse aqui , retruca o amigo de Davi , que o manda reagir , dizendo em tom brusco e nervoso que ele reagisse . Não se sabe se foi uma mágica, ou milagre, mas Davi continuara a sua vida normalmente. Tudo estava indicando que toda doença que ele carregava como uma cruz, era o seu subconsciente lhe martelando por causa da sua reação anarquista, com relação à Suzana. A bela moça de cabelos cumpridos e olhar afetuoso, juntamente com o amigo de Davi, juntos tiraram-no daquele quarto, que já estava com um odor nada agradável. Davi é levado para um hospital e lá, recebe todo tratamento; Suzana não o repudiara um só instante. O tempo passa e Davi vai se recuperando aos poucos, bem mais de pressa do que se imaginava; mais uma vez torna-se visível, que a sua doença não era enfermidade no seu corpo e sim, no seu espírito. Assim que Davi sai do hospital, começou a sua vida normal, e muito agradecido ao amigo, lhe dá uma festa em agradecimento ao ato demonstrado. É nessa festa que começa à selar o romance de Davi e Suzana. Eles se namoram, chegaram a realmente sentir amor um pelo o outro; ainda doentio, claro, uma ferida desta natureza, não cicatriza tão facilmente como se pensa. O coração de Davi ainda estava fragilizado pelo sofrimento anterior. Passearam muito, conversaram, e numa tarde de domingo, em pleno parque municipal da cidade, Suzana fala para Davi que é espírita e freqüenta o centro Cardecista . “Que legal”, disse Davi, olhando profundamente no seu olho. Muitas vezes Suzana levou-o ao centro e Davi já não era tão leigo como antes. Continua doendo o peito de Davi, mesmo estando muito bem com a Suzana. O tempo é o responsável por esta cicatriz. Mas o destino é o dono do caminho que vamos percorrer na estrada de nossa vida e como num passe de mágica, tudo terminara de uma forma brusca, mas, amigável. Ele mesmo chegou a conclusão que tinha criado na Suzana uma personagem que não tinha nada haver. Foi bom, mas pouco durou. Cada um sai para o seu lado, continuando as suas vidas normalmente. Suzana com o passar do tempo se casa e Davi também se arruma com uma moça da mesma cidade; desta vez, não, com aquele amor platônico, enfermo, que sentiu uns tempos atrás pela a Suzana. Há de convir que este último, talvez seria o verdadeiro amor. Há de se perguntar se ele realmente encontrou a sua alma gêmea. Quando tudo parecia estar bem na vida daquele rapaz loiro de cabelos cumpridos e encaracolados, uma nuvem negra pairava sobre sua casa, trazendo-o problemas de todas as ordens. Já na convivência de sua mulher, os problemas se tornavam cada vez mais intensos à medida que o tempo ia passando. A gota d’água foi quando ele descobriu que a sua mulher o traía com seu melhor amigo. O desespero depressivo batera à porta sem o mínimo de piedade. Em sua cabeça passara naquele momento, muitas coisas ruins, deixando-o quase em estado de loucura. Loucura mesmo. Davi, sem atinar direito, chega rapidamente a uma gaveta de uma fórmica que estava no canto de sua sala, pega um revólver e sai descontrolado para o seu quarto. Com muito pesar, ouviu-se o tiro à longa distância. Davi desencarna num golpe certeiro em seu ouvido. Suzana fica sabendo pouco tempo depois e sai às pressas, sem acreditar; mas desmaia quando descobre que se tratara de uma verdade. Chorando muito em seu enterro, ainda tenta consolar a família, que até então não sabia a causa daquele ato impensado de Davi. A multidão que acompanhou o seu enterro mostrava como o rapaz era querido na cidade.

A MUDANÇA

Suzana vem morar em Maceió depois de muito tempo da morte de Davi. (A partir de agora, posso dizer que se trata de uma história piamente verdade).

Eu, autor destas notas, presenciei com toda lucidez e lealdade o fato que agora vou narrar. Davi existiu, na cidade de Garanhuns , no Estado de Pernambuco . Namorou a Suzana realmente, mas, não se constitui numa verdade como eles se conheceram como descrevi no começo. Na realidade eles se conheceram lá em Garanhuns. Fiz uma entrevista com Suzana e ela me passou alguns dados que não poderiam deixar de faltar nestas notas. Segundo ela, Davi morava na mesma Rua que ela, precisamente cinco casas depois da dela. O endereço verdadeiro lá em Garanhuns era Rua Coronel José de Almeida, nº 215, esta era a casa de Suzana. A casa de Davi, era a de nº 222. Eles se conheceram de forma inusitada e ao contrário do Romance no começo desta escrita. Na verdade, ela foi quem ficou loucamente apaixonada por ele. Primeiro namorado de Suzana, nascia em seu peito uma louca paixão. Era encontro e mais encontro. Segundo Suzana, ainda hoje sente o cheiro do perfume que ele usava que era “Contory” e o sabonete era “Brisa”. Coisas que marcaram minha vida, diz Suzana. Ela me falou até em tom de gozação. O primeiro beijo nele, se constituiu em uma aventura por demais interessante. Ele foi quem roubou um beijo dela e por não ter experiência ainda, até por acanhamento, ele a Batizou de “PERU”. Eu presenciei em uma comunicação ele a chamando de Peru e fiquei sem entender. Depois Suzana me falou o porquê. Este apelido era porque ela não sabia beijar e segundo ele, só sabia balançar a cabeça. É bem humorado, o Davi, mesmo depois de morto. O nome dele completo era DAVI CORREIA DE LIMA. A morte de Davi, sim, foi um episódio. Ele faleceu em Garanhuns em 1991. Vou narrar os fatos das comunicações através do copo, mas não com predicado de datas; pois, tudo ocorreu naturalmente, primeira experiência minha, sem contar que eu era uma pessoa incrédula e daí então, nunca passou pela minha cabeça minutar algo para deixar documentado. Coisa que hoje qualquer fenômeno diferente, eu já anoto todos os detalhes. Lembro-me o ano muito bem. Nos meados de 1999 . Estava eu, por volta de 19:30 hs , na casa da Suzana, muito bem pacífico no sofá, em seu anfiteatro. Foi quando tomei ciência do fato pela primeira vez . Suzana me narrara com emoção o que aconteceu . História bonita para um romance, um conto, ou até mesmo uma novela, mas não para um hipotético documentário. Suzana mora no Loteamento Santa Lucia, Tabuleiro dos Martins, Maceió-Al , precisamente, numa transversal à rua Belmiro Amorim. Conversamos naquele lusco-fusco vários assuntos, principalmente sobre espiritismo. Este assunto me presenteou, até porquê, na época, eu estava escrevendo a novela “O portal da eternidade” e foi a partir daí, que passamos a ter um vínculo maior de ternura. A conversa ficou estonteante de uma forma, que muitas outras vezes, nos encontrávamos naquela mesma sala, para falarmos sobre o mesmo mote “Espiritismo” achaque que se tornou para mim, com o passar do tempo, muito apaixonante. Suzana me proferia que freqüentava um centro espírita, naquele mesmo confim, e que o grupo que compunha aquela entidade era muito sério. Acabou me convencendo. O nome do centro é Jesus no lar. Interessei-me e comecei a freqüentar também, uma vez na semana; mas, em si tratando das nossas conversas, continuávamos, toda vez que a gente se encontrava em sua residência. Ela já me recebia com jantar, bolinho, pudins e etc, e eu já estava ficando uma pessoa, posso até dizer; um amigo muito íntimo. A conversa se tornou por demais atraente, quando falamos a respeito dos copos que andam, coisas como estas que desde criança eu sempre conservava uma certa curiosidade de saber como se processava o feito; e expus para a Suzana que desde a infância tinha esta curiosidade, a qual, sem se fazer de rogada, propôs a me mostrar como era feita a comunicação através de um copo. Até então, eu nem me liguei muito; até porque, apesar de estar escrevendo uma novela no tema, não obstante de ter estudado muito a respeito, nunca tinha visto na prática algo nem parecido. Daí, uma certa incredibilidade. Suzana me falava muito deste tipo de comunicação, como era que tudo ocorria e tudo aquilo que ela me falava, ia juntando a minha curiosidade que era uma coisa ancestral e depois de muita conversa não resisti, Marcamos a nossa primeira experiência. A primeira vez que Davi se comunicou com Suzana foi na loja onde ela trabalhava “Vital Eletro”, na rua do comércio em Maceió; hoje, encontra-se na paragem uma outra loja de móveis, motivo da “Vital eletro” ter falido. Suzana relatou que suas colegas de trabalho descobriram sobre a comunicação através de um copo e cobravam muito da Suzana e pediam muito para ela fazer. Um dia, depois de muita insistência, Suzana finalmente matou a curiosidade de suas colegas, sem saber que o inesperado estava prestes a acontecer. Depois de todo ritual, para chegar a comunicação, chegou um espírito e disse para Suzana que a conhecia. Ao invés das meninas ficarem surpresas, Suzana foi quem ficou perplexa. Este espírito deu o nome de Davi e disse já ter namorado Suzana. As meninas ficaram sem entender e para Suzana começava ali uma avalanche de realidade bem diante de seus olhos, mostrando para ela que se tratava de um fato muito sério e não de uma simples brincadeira para matar curiosidade, como ela mesma achava que era.

1º experiência

Tudo começou numa reunião por acaso. Cheguei à casa de Suzana para uma simples visita, aparentemente foi uma simples visita, mas na realidade parece que o destino nos colocou à frente de uma missão muito mais complexa do que se imaginava naquele momento, trazendo informações lógicas e precisa do desconhecido mundo dos espíritos. Esta foi a minha primeira experiência do lado espiritual. A partir desta experiência, que por sinal, foi impressionante, que a minha vida tomou rumo, me fazendo desacreditar, desmoronando todo pensamento incrédulo que ao longo do tempo a igreja me fez rezar, incutindo na minha mente uma teoria fajuta e retrograda de pensamentos fanáticos quase sempre sem sentido algum. Cheguei a ser coroinha, acompanhando o padre nas missas dia de domingo na cidade onde eu morava. Ajudava nas novenas fim de ano, acompanhando a romarias. Hoje, eu não dou ouvidos para o que os religiosos falam. Na verdade eles ouvem a música tocar e não sabem onde. Esta foi a conclusão que tirei depois das experiências palpáveis que aqui vou narrar. Na noite marcada para fazermos a sessão de comunicação através de um copo, cheguei mais cedo; jantei e conversamos muito sobre o Davi. Percebi uma certa tensão na Suzana. Algo a incomodava. Apesar de ter chamado a minha atenção, interrogue-ia naturalmente. “Algo lhe incomoda?”. Ela retruca dizendo, que não estava se sentindo muito bem. Mesmo assim continuamos. Levantei da mesa, levei os pratos para pia e a Suzana logo foi colocando uma toalha apropriada para o copo deslizar com mais facilidade. Naquele instante, tudo parecia normal, Suzana apareceu com uma tesoura, um papel e uma caneta. Pediu-me que escrevesse o alfabeto em letras de forma, não esquecendo também de escrever uma numeração de 0 a 9. Assim fiz, escrevi as letras do alfabeto e os números do zero a nove. Tudo naquele momento estava me chamando a atenção. Percebi que naquele momento, que havia algo de estranho no semblante de Suzana. Estávamos todos nervosos, não sei explicar o que realmente estava acontecendo comigo naquela noite. Senti algo de estranho também no ar, talvez pela curiosidade, mas fiquei estático, esperando a reação de Suzana, que para mim foi inédita, aquela experiência, que até então estava ali por estar, mas na realidade não acreditava absolutamente em nada. Considerava-me um cético por natureza, mas a curiosidade falou mais alto. Na 1ª sessão, cortamos e distribuímos as letras, de forma que ficassem arrodeadas fazendo uma espécie de círculo. Rezamos um pai nosso e uma ave-maria. Colocamos o dedo sobre o fundo do copo de maneira leve. Logo em seguida Suzana perguntou em tom audível, que se tivesse algum irmão que quisesse se comunicar através do copo, que se manifesta-se. Ela pediu que eu também falasse com o copo, e eu estranhamente falei, mas, me sentindo muito mal, achando que estava fazendo um papel ridículo, falando com o nada. Mesmo assim continuei, pra ver até onde ia a loucura de Suzana. Repetimos várias vezes, e o copo insistia em continuar inerte o tempo todo. Estávamos todos sentados, esperando um retorno e nada parecia acontecer. Estava me sentindo um alucinado. A Suzana continuara pedindo que todos nós nos concentrássemos, e daí continuou a sua lida novamente, sempre na tentativa de ver o copo se manifestar, deslizando sobre a mesa e assim respondendo todas as perguntas; mesmo assim, o copo não saía do lugar. Depois de muita tentativa, e os nossos dedos entrelaçados em cima do copo, repentinamente, como num passe de mágica, o copo começou a deslizar lentamente. O que mais me causou estranheza, a forma que o copo deslizava, a rapidez se tornou cada vez mais atuante e o copo começou a girar como se estivesse conhecendo o lugar de cada letra. Girou algumas vezes rapidamente; cheguei a pensar que era os nossos dedos que estavam empurrando o copo, mas isso não era possível, porque na hora que começamos a fazer as pergunta ele nos dava a resposta com frases longas, percorrendo muito rápido letra por letra sem errar uma letrinha sequer de cada palavra. Pela rapidez que o copo se movimentava, cheguei a conclusão que seria impossível se raciocinar tão rápido para dar resposta tão corretas e o que é mais impressionante; sem errar nenhuma letra, isso foi o que me deixou mais intrigado. Por mais que quiséssemos. A hipótese de que eram os nossos dedos que estavam movimentando o copo se tornou remota. Outro fenômeno que me chamou muito a atenção, foi exatamente a comunicação de Davi. Suzana jamais poderia imaginar que aquilo fosse acontecer. Eu não acreditara em nada do que estava vendo, mas era muito real para que eu pudesse duvidar, o meu subconsciente estava me dizendo que se tratava de uma verdade e eu vi algo de estranho no copo, não sei como, mas vi. Não sei se era perceptível para Suzana, mas, uma névoa inundava o interior do copo, como se tivesse fumaça em seu interior. Mesmo assim, inconscientemente não estava dando crédito algum. O que parecia ser apenas uma brincadeira para matar uma curiosidade minha, se evidenciava aos poucos em uma sessão espírita muito séria. E novamente Suzana perguntou ao corpo se tinha alguém que gostaria de se comunicar. A resposta veio em seguida, o copo começou a deslizar lentamente sobre a mesa, e a girar para locais indeterminados. Os meus braços ficaram cansados cada vez que o copo deslizava sobre a mesa, era como se eu tivesse carregando um peso enorme em meus braços se tratava de uma dorzinha leve e cansada. O copo parou. Suzana perguntou para o copo se o espírito que estava ali era do bem ou se era do mal. O copo começou a deslizar procurando as letras e saímos juntando, terminamos descobrindo que se tratava de familiares da Suzana. A reação de Suzana foi por demais espantada, ela jamais pensaria que chegasse a mesa um parente seu. O Espírito comunicante chegou à mesa e nunca me passou pela cabeça que aquilo fosse acontecer. Mas uma vez pensei que era uma farsa; mas o espanto estampado no rosto de Suzana me fez perceber que se tratava de algo muito sério. Era realmente seu parente que estava ali na mesa. Logo no começo Suzana não deu crédito e começou a fazer várias perguntas para ver se realmente se tratava de uma verdade e os espíritos que estavam à mesa se comunicando através do copo, insistiam em dizer que eram seus parentes. Deu o nome de José Pequeno. Assim que ele falou este nome, Suzana falou “Tio Zé ?!”Fiquei sem entender e perguntei, “Quem é Tio Zé”, ela retrucou Suzana "Que coisa incrível" , segundo ela foi estupefato aquela comunicação e estava naquele momento lhe causando uma forte sensação de arrepio em seu corpo . E eu estava na mesa, meio sem entender o que realmente estava acontecendo. Percebi que os olhos de Suzana se enchiam de lágrimas a medida em que ela ia fazendo perguntas e ia obtendo resposta de assuntos que somente ela sabia. Já passava da meia-noite, e a sessão estava preste a terminar. Os parentes de Suzana se despediram, abençoaram-na e mandaram recados para a família, depois deixaram o copo. Depois em conversamos à respeito e ele me revelou que se tratava de um que dela que fumava demais e acabou morrendo de Tuberculose em Garanhuns. Ela me contou também um fato interessante que antes dele morrer, pediu pra era um cigarro e ela disse que não dava. Mas ele insistia demais. Ela falou que, como seu tio estava sem escapatória alguma, ela cedeu um cigarro para ele e logo em seguida acabou morrendo.

Terminada sessão. Logo em seguida fizemos um levantamento e Suzana ainda estava boquiaberta com que havia visto, "isto nunca me aconteceu", retruca Suzana, ainda com os olhos cheios de lágrimas. Pela reação dela, dava para perceber que realmente tinha uma verdade na história. A partir daquele momento o interesse pelo assunto tomou conta de mim e pedi para marcar uma outra sessão.

2ª experiência

Uma semana após a primeira sessão, fizemos um segundo encontro e Suzana, ainda falava da sessão anterior, e falou que deu o recado para a família. Suzana desperta o desejo de repetir a experiência novamente. E assim fizemos, começou todo ritual novamente; recortamos as letras e distribuímos como na sessão anterior. Esta foi a sessão, posso dizer assim, que marcou a minha vida em se tratando da existência do mundo dos espíritos, a existência da vida pós-morte. Foi exatamente nesta 2ª sessão, foi aí, que evidenciou e me ver que tudo se trata de uma realidade. Hoje confesso, que realmente é um fato. Depois de todo o ritual, as evidências iam se tornando cada vez mais clara. O seu namorado Davi sempre marcou presença nestas reuniões. Naquela noite, começava o ritual novamente. Davi é você? Suzana pergunta para o copo, que ficou inerte por um bom tempo. Eu fiquei parado esperando o que ia acontecer. Repentinamente, Davi diz: Sim, sou eu e ele falou pra Suzana “Aqui tem um cidadão querendo falar com o Flávio”. A Suzana retruca me olhando no fundo dos olhos; “Flávio, tem gente querendo falar com você!”Comigo , disse eu , sem entender e sem saber o que dizer. O copo deslizava sobre a toalha e corria para cada letra formando frases perfeitas. Eu, estranhamente perguntei ao copo. “Qual o seu nome?” O copo deslizou em círculos e disse-me, escrevendo que o nome dele era Antônio. A Suzana me interroga, querendo saber que é Antônio. “Não sei” , respondi certo de que não conhecia nenhum Antonio falecido. Me tornei por demais ousado e perguntei novamente o copo “Quantos anos faz que você morreu ?”. Mais uma vez o copo deslizou e disse-me que fazia sete anos que ele havia falecido. Minha mente passava como uma fita de filme várias imagens, tentando lembrar quem era o tal Antonio. O copo, nesse momento começou a deslizar, mesmo sem eu perguntar nada; e escreveu a palavra “TONHO”, pedi desculpa, pois realmente não estava conseguindo atinar de quem se tratava. Ele falou que era meu amigo e morreu à sete anos. Perguntei se tratava de um parente falecido e ele respondeu que “não” era amigo mesmo. O meu braço estava muito cansado e o copo deslizou, escrevendo que o dito “TONHO” estava me prejudicando, pois o meu braço estava cansado, porque ele estava tirando muita energia de mim. Davi entra na comunicação imediatamente e disse que o Tonho percebeu que estava me prejudicando e se afastou para não me prejudicar. Movido pela curiosidade, eu retruquei imediatamente dizendo; “Não tem problema pode se comunicar assim mesmo. Voltei a perguntar; dessa vez até com curiosidade de saber quem era o espírito ali presente. Interroguei-o novamente”. Não teria alguma coisa que me fizesse lembrar realmente de você?”, e o copo me fez desmoronar, bruscamente escrevendo a palavra “MOTO”, meu corpo tremia com uma reação estranha. Naquele dia, senti a mesma sensação que Suzana sentiu ao se comunicar com seus familiares . Um arrepio tomou conta de mim de uma forma muito forte e conversamos muito; ele do lado de lá e eu do lado de cá. Era realmente o meu amigo Tonho da moto que trabalhou comigo no Grupo Toledo. Éramos amigo de verdade. Ele trabalhava no setor de compras nos conhecemos em 1989, ano que entre para trabalhar no setor jurídico da empresa. Fizemos amizade e saímos muito para beber. Éramos como se fosse irmãos. Tonho era casado com “Maria”, e tinha três filhos , morava no conjunto Benedito Bentes , em Maceió . Fomos muito amigos, realmente. Muitas vezes a mulher dele achava que a gente saía , para beber e arrumar mulheres, mas não era, saíamos sim, para tomar umas e outras e conversar coisa banais. Eu sempre o achei muito afoito no volante e reclamava, pedia para diminuir, mas nunca quis ouvir os meus conselhos. Eu percebia, que ele tinha muita segurança na máquina. É o natural do ser humano, achar que nunca vai acontecer consigo. Seis meses antes da morte dele, Tonho teve um acidente na moto, mais ou menos em frente ao cemitério parque das flores em Maceió, e ele saiu gravemente ferido, mas recuperou e mais uma vez eu o pedia para ter cuidado. Mesmo assim não houve pedido. Seis meses depois deste acidente, numa manhã, de ................................ de 1991, cheguei no meu trabalho logo cedo e estavam todos em silêncio. Eu achei estranho ao entrar na sala e vê todos com expressão de tristes. Foi quando me deram a triste notícia de que o meu grande amigo havia falecido num acidente na entrada do Benedito Bentes. Segundo contam algumas pessoas, que ele dessa vez estava correto e um caminhão entrou no cruzamento pela contramão. Fui ao IML (Instituto Médico Legal) para ver o corpo. Ao chegar lá, muito chocado, fui ao local e estava o corpo do meu grande amigo; aparentemente ele estava bem, não percebi nada quebrado, até que peguei em seu braço e vi, quanto o seu corpo estava despedaçado. Assim foi o que aconteceu com o Tonho da Moto, falecido realmente como ele escreveu através do copo, há sete anos. Eu fiquei numa situação horrível, algo de estranho tomou conta do meu ser, sentia um peso em meu corpo como se tivesse carregando uns cinqüenta quilos nas costas. Naquele momento tomado até pela emoção, eu quase implorei que ele não saísse dali e perguntei como ele estava e Segundo o Davi, transmitiu, que ele estava muito bem, só estava com saudades de mim e todos. Senti uma tristeza profunda, em saber que ele não tinha recebido ainda uma sequer ajuda de irmãos mais evoluídos e interroguei Suzana “Por que?” O Tonho era uma pessoa tão boa!”, a Suzana retrucou dizendo que ele ainda estava no Umbral. Depois me interessei pelo assunto e descobri que o umbral é exatamente uma região, onde ficam os espíritos perturbados”. Mas o Tonho tá perturbado com que?” Me interroguei em pensamento. Sete anos que ele se foi, ainda está nesse lugar”. Suzana me explicou que ele precisava de muita oração, daí, fizemos pedindo aos nossos mentores espirituais ajudassem ele. Aquela noite foi para mim, o começo de tudo. Hoje eu posso me considerar um espírita; hoje eu vejo mais amplo e digo para céticos, existe e comprovei fatos, que seria eu, um insano se tivesse ainda alguma dúvida e que eles só vão acreditar na vida espiritual, um dia que eles tiverem uma prova da qual eles mesmos não possam duvidar dela. Assim como eu tive. A sessão foi fechada e marcamos outra; eu já estava me empolgando com o tema. Outras reuniões perguntei ao Davi se ele havia visto o Tonho e ele disse que nunca mais teve notícia.

Suzana comentou com seus familiares o que estava acontecendo e todos se interessaram em ver como era que funcionava a coisa. Vieram à Maceió e só o Davi se aproximou de Suzana. Esta sessão eu não estava presente, mas fui informado do que aconteceu. Eles vieram mais na intenção de falar com os tios de Suzana que chegaram à mesa na primeira sessão e estes não apareceram mais. Outras sessões que fizemos, Davi se tornou meu amigo sem eu mesmo conhece-lo nem por foto. Suzana mandou Davi me dizer do que ele morreu e o mesmo relutou em falar no assunto; o copo ficou inerte o tempo todo. Suzana insistiu, dizendo que eu era de paz, era um amigo e que ele não se envergonhasse do que havia feito e ele acabou dizendo mesmo muito devagar que foi um suicídio. Depois disse que amava a Suzana e ainda guardava um ciúme dela incrível. Disse que também transava com ela, quando ela estava fazendo amor com seu namorado. Davi me confidenciava coisas que não era normal uma pessoa saber tanto. Até prever o futuro ele previa. Suzana mandava que eu perguntasse alguma coisa para ele e ele respondia tudo. Eu não me contentava e perguntava em outras sessões a mesma pergunta, e ele ficava muitas vezes abusado, dizendo que não ia me responder mais, pois sabia que eu estava o testando, e que eu ficasse sabendo que ele não era uma pessoa de mentiras; só falava aquilo que ele tinha absoluta certeza. Falou que a noiva do irmão de Suzana o traía, deu o nome do cidadão que ela saía. E Suzana até brincava muitas vezes com ele, chamando-o de fofoqueiro. Suzana resolve ligar pra sua cunhada e dá a notícia de que estava sabendo que ela traía o irmão dela com um cidadão e Suzana falou o nome dele. Eu estava presente nesta sessão e fiquei sem compreender o que estava acontecendo. Nem conhecia a moça que Davi estava falando e nem tampouco o rapaz, mas depois a Suzana me falou a história; depois da confirmação, ficou registrado mais um fato verídico e palpável. Em outra sessão Davi revelou que o namorado de Suzana “(P)” ia passar por muita dificuldade por causa da invasão de sem-terras nas propriedades dele. Suzana preocupada perguntou se ia sair morte e Davi confirmou que sim; perguntou quando era que ia acontecer, e Davi disse que não tinha certeza de data, mas que ia ser breve. Com pouco tempo depois desta sessão, acontece um tiroteio na fazenda do “(P)” e morre um sem terra; foi noticiado em jornal televisivo local. Suzana liga pra mim imediatamente e disse, Flávio, lembra do que Davi falou ?” Fiquei boquiaberto com a notícia.

3ª experiência

Na terceira sessão, eu levei um amigo, era um companheiro de Teatro, um tipo de cidadão perturbado. Foi também por curiosidade, para ver como funcionava a comunicação através do copo. Suzana me passava muitos livros espíritas para eu ler e eu me deliciava com as histórias que muitas vezes eram contos reais. Nesta sessão, Davi estava presente, aliás, ele sempre esteve presente nas sessões.

Suzana terminou a oração e perguntou se tinha alguém querendo se comunicar. Perguntava constantemente “tem alguém aí?” e o copo corria, escrevendo que sim. Perguntou se era do bem ou do mal, e o copo respondeu que era do bem. Insistente, Suzana pergunta mais uma vez “poderia me dizer seu nome ?” e o copo dessa vez escreveu a palavra “boi” , foi até motivo de chacotas, Suzana e eu brincamos, achando que o espírito estava querendo brincar e Suzana foi até um tanto severa dizendo que ele deixasse de brincadeiras e falasse o nome dele corretamente. O copo mais uma vez escreveu a palavra “Boi”. Suzana já estava preste a encerrar a sessão, mas Davi entrou na comunicação e disse que ele não estava brincando. O nome dele realmente era “boi”. O que aconteceu, foi que o espírito comunicante se tratava de uma pessoa analfabeta e escreveu a nome ao pé da letra. Na realidade era “Boy”. Suzana perguntou se o boy era de confiança e Davi disse que ele era de paz. A partir daquele momento, foi que tive e certeza de que o que a gente estava fazendo, se tratava de algo muito perigoso. Davi confirmou, mas nos deu a segurança de que ninguém iria se aproximar dali. Confirmou que o “boy” era de paz. Confirmou também, que o “boy” tinha raiva do meu amigo que estava presente à mesa. Essa confirmação o deixou sério e sem saber o porquê dessa raiva. Até porque ele sempre foi um católico de carteirinha e não acreditava naquelas experiências. O boy se comunicou através do copo e disse que não gostava dele e tinha morrido por causa de um problema com os dois. (F) ficou abismado com o que estava vendo e me confessou que não estava acreditando em nada. O boy disse que, em que ele pudesse prejudica-lo ia prejudicar. Começou a partir dali, a se desvendar um monte de coisas inexplicáveis. Estava na cara o motivo de tudo dar errado para ele. Tentei explicar, mas foi difícil convence-lo que se tratava de uma espécie de obsessão; mas (F), nunca acreditou. O Davi também confirmou este fato. Tentei de várias formas conversar com o “Boy” para deixar o (F) de lado, mas foi em vão. Ele sempre me falava com rancor e muita raiva, sempre dizendo que ia se vingar e que não tinha perdão. Como falei anteriormente “Só se acredita na hora em que se tem uma prova da qual a gente não possa duvidar dela. (F) Estava diante de uma prova dessa, e por mais que quisesse disfarçar de que não estava acreditando, eu notava em seus olhos que ele não queria dar o braço a torcer, mas, na realidade, ele estava era preocupado com esta descoberta. O boy se tornou freqüente nas sessões de copo, juntamente com o Davi, Suzana sempre interrogava Davi para saber se o boy era de confiança mesmo e o Davi afirmava que sim. Começamos a freqüentar um centro espírita cardecista “Jesús no lar”, e lá tivemos a orientação de como é perigoso, a prática que estávamos fazendo. Um fato também marcante nas nossas experiências era que todas as vezes que Suzana fazia a oração final, Davi dizia “AMÉM”.

O BOY DESVENDA O MOTIVO DE SUA MORTE

Em outra sessão, mas que na ocasião (F) não estava presente. Fizemos várias perguntas ao “Boy”, inclusive seu nome verdadeiro, o qual revelou o nome de “BRAGA”, disse que o princípio da perseguição do (F), não foi dessa existência e sim de uma anterior. Narrando sua história através daquele simples copo, percebemos a revolta e a raiva que guardava do (F), sempre dizendo que ia se vingar. Disse que era casado com uma mulher que ele não revelou o nome e nem de onde, mas disse com propriedades tudo o que aconteceu. Sua mulher conheceu (F), e acabou traindo o Boy, com ele. Este foi o motivo de sua morte. Ele, assim que descobriu o envolvimento se sua mulher com o (F), ficou fragilizado e acabou dando um tiro no ouvido. Mais um na lista dos desencarnados a tirarem as suas próprias vidas. Ainda hoje, há esta perseguição e Davi informou pra Suzana que ele continua do mesmo jeito e não teve nenhuma melhora. Nas sessões de copo que fazíamos, conversávamos muito com ele, tentando mostrar o caminho de Jesus Cristo,falando para ele que não valia à pena guardar aquele rancor de uma coisa que já se passou, que a vida continua, o caminho é longo e ele, tinha que evoluir; precisava esquecer o rancor pra dar continuidade a sua lida; mas todo nosso esforço foi em vão; ele não quis conversa e disse que não queria saber de nada. É lamentável, até porque o tempo que conversamos com o BRAGA, nos provou ser uma pessoa de boa índole.

A PRESENÇA DE UMA VIDENTE

Depois de vários estudos no centro espírita Jesus no lar, conhecemos a Cícera, uma espírita Vidente e a convidamos para ir a uma sessão de copo, já que ela havia revelado em uma conversa, que gostaria de participar só por curiosidade. Marcamos uma determinada noite e na hora, estávamos todos reunidos à espera da Cícera, que não apareceu; peguei o meu carro, juntamente com Suzana e fomos à casa de Cícera chamá-la. Ao chegar à casa, Cícera mostrara uma certa preocupação com a experiência que ela mesma concordou em ir, por achar que estava fazendo algo de errado. Segundo ela, sabia que não era saudável aquele tipo de experiência e se tratava de qualquer coisa muito perigosa. Mesmo assim a convencemos. Chegamos à casa de Suzana, ao entrar, algo me chamou a atenção. Percebi que a Cícera olhava demais para determinados cantos da casa. Eu não me contive e perguntei o que ela estava vendo e me respondeu que a sala estava repleta de gente. Achei até uma loucura; pois na sala só havia eu, Suzana e ela. Cícera olhou parta um canto vazio da parede da casa e Suzana percebeu que alguém a observava. Interrogou logo sem demora; “Tem alguém ali me olhando, não tem, Cícera ?” Retruca a vidente sim, é um índio . A Suzana disse “É o meu mentor espiritual”. A Cícera confirmara dizendo que o espírito está confirmando e dizendo que não é correto fazer a experiência que ela está querendo fazer, por se tratar de algo muito perigoso. Cícera neste momento ficou assustada e pensou em desistir; mas a convencemos novamente. Está vendo Davi, perguntou Suzana para a Cícera muito séria e a vidente respondeu que na sala tinha muitos desencarnados e ela não o conhecera. Repentinamente, como num passe de mágica, Suzana ficou estatelada como se tivesse ouvindo alguém. E eu a observava também boquiaberta com o que estava vendo. Suzana proferiu; “Cícera, Davi está pedindo que você vá ao meu quarto. Ele está lhe esperando lá. Fiquei atônito com a reação inesperada. Não falei absolutamente nada, mas fiquei observando atentamente o que estava acontecendo naquele momento. Mas uma vez marcou presença um acontecimento que deixara marcado na minha vida, um fato que jamais vou esquecer. Cícera foi ao encontro de Davi e assim que abriu a porta. Olhou para Suzana dizendo muito sorridente “Quem é este rapaz tão bonito?” Os olhos da Cícera brilhavam como se estivesse emocionada e mais uma vez disse admirada com a beleza do rapaz “Meu Deus, como ele é lindo” , e Suzana pediu que a Cícera o descrevesse. (É bom deixar documentado que a Cícera não conhecia Davi e nem a Suzana havia comentado de como ele era). Ela, imediatamente falou “Muito bonito, segundo ela, ele estava sorridente. Tratava-se um rapaz loiro, de cabelos encaracolados até a altura do ombro. Suzana não esperava aquela cena e confirmou tudo. “É o Davi”. Segundo a Cícera ele estava sentado sobre a cama da Suzana. Eu fui até o local, mas não presenciei absolutamente nada. Falei que não estava vendo nada, mas a Cícera insistia em dizer que ele estava sentado sobre a cama. É de não se acreditar, mas a discrição da vidente, era perfeita a do Davi, segundo a Suzana. Só quem teve um convívio com ele na vida carnal para realmente conhece-lo na vida espiritual. Esta foi apenas mais uma passagem palpável na história que por certo já estava mudando completamente a minha vida. Uma transição que por certo iria deixar a minha cabeça confusa. Ali estava acabando de desmoronar tudo que a igreja vinha rezando para mim todos estes anos. Finalmente fomos à mesa e começamos todo o processo da sessão. Logo após a oração foi perguntado se havia alguém no copo, querendo se comunicar, e a resposta foi de imediata; Davi marcou sua presença escrevendo seu nome. Dessa vez a Cícera o viu. Suzana interrogou a Cícera “Onde ele está?” Retruca Cícera dizendo “Está do seu lado, Flávio. Segurando seu ombro com as mãos. Foi nesta noite que Davi, revelou que tinha relações sexuais com a Suzana no momento em que ela transava com seu namorado. Cícera também fez amizade com Davi. Suzana pergunta se o boy estava presente e Davi afirma que sim. Mas Cícera diz que não estava o vendo. Davi revela novamente, que o boy estava deformado e não queria aparecer. A sessão terminou e conversamos até tarde da noite. Poucos dias depois, Cícera procurou o centro e comentou com seu Amaro, um dos médiuns da entidade e ele disse que ela errou em ter participado. Não se trata de brincadeira, quando se fala neste tipo de comunicação, diz o seu Amaro. É tão grave que não podemos calcular o grau. Cícera falou que tinha se arrependido e disse que nunca mais ousaria fazer tal façanha. A sessão foi fechada mais uma vez e eu cada vez mais impressionado com as descobertas de cada sessão”.

PROBLEMAS DE ORDEM ESPIRITUAL

Trabalhos com temática espírita, sempre foi para mim o mais apaixonante; tema como este, nos dá um mundo de conhecimentos aos nossos pés. Vários trabalhos com este tema já foram feitos e o único a ter problema de ordem espiritual, foi exatamente a história da novela “O portal da Eternidade”, estes problemas vamos relatar mais adiante. No mundo invisível, existem regiões escuras, em várias dimensões, que vivem nesse lugar, espíritos ainda perturbados ainda reflexo de algum acontecimento na vida carnal. Nessas regiões ocupam espíritos de baixo nível, brincalhões, zombeteiros, suicidas, espíritos que na vida carnal eram muito pegados a bens materiais e etc. A nossa mente tem um poder extraordinariamente imenso, mas nunca paramos para atinar neste fato. Na realidade esta região está dentro de cada um, o umbral propriamente dito, assim como é cahamada esta região, é o poder da própria mente do desencarnado atuando contra si próprio. As perturbações, as doenças mentais, não os deixam enxergar sequer uma luz em sua volta.

PRESENÇA DE ENTIDADES EVOLUÍDAS NA SESSÃO DO COPO

Era mais ou menos por volta de cinco da tarde de um lindo Sábado. Suzana pediu que eu passasse em sua residência para irmos ao centro Espírita fazer uns trabalhos de caridade e dar continuidade ao curso de doutrinação que estávamos. Ao chegar lá, todos estavam trabalhando em proll do próximo, fazendo se cumprir o que o próprio Jesus disse em seus escritos “Amai a teu próximo como a ti mesmo”. No centro, eles desenvolviam trabalhos extraordinários como a Campanha do quilo, a sopa na fazela, a distribuição dos pães e etc. Eu e Suzana estávamos fazendo estudo mediúnico. Terminado o trabalho, era por volta de cinco horas da tarde. Suzana me convida para ir à sua casa. Eu sempre relutando em ir, pois tinha que viajar para Paripueira, pois meus pais se encontravam lá e eu tinha prometido viajar logo depois do curso mediúnico. Suzana insistiu para que eu fosse jantar na casa dela. Era como se houvesse necessidade que eu fosse lá. Suzana nunca teve este comportamento. Insistiu demais e eu alegava ficar muito tarde e não gostava de viajar sozinho à noite. Mas Suzana não deixava de insistir e acabei indo ao dito jantar. Chegando lá, por volta de 6:30 da noite, ela despertou a idéia de fazer o copo. Eu relutei imediatamente, visto que estava fazendo um curso mediúnico e já tinha conhecimento do perigo que era aquela prática. Neguei, mas Suzana disse que estava sentindo, que Davi estava querendo revelar uma coisa. “Impressão”, disse eu para Suzana, mas eu a notei muito impaciente, e disse que Davi estava buzinando no seu ouvido para fazer o copo. Repentinamente ela disse, “Pode ser alguma coisa urgente”. Percebi no semblante de Suzana, que se tratava de alguma coisa séria. Era como se o inconsciente dela tivesse me chamando para a mesa. A partir daí, percebi alguma coisa estranha. Não era mais questão de perigo e sim urgência. Eu senti também alguém me chamando para a mesa. Fui, mas pedi a Suzana para não participar e ficar na assistência. Ela concordou. Fizemos todo processo. Antes de ela terminar a oração, Davi entra em cena, deixando uma mensagem muito curiosa. Ele estava preocupado e muito sério. Parecia outra pessoa se comunicando, me chamou a atenção, porque Davi sempre foi brincalhão e não entrava numa comunicação sem começar a brincar com todos. “O que é que está havendo?” Perguntou Suzana para Davi . De imediato Davi retruca dizendo “É os homens que estão aqui”. Ficamos até sem entender. A comunicação ficou ainda mais interessante quando o “boi”, como assim ele se apresentou, entrou e revelou que a mensagem era para mim. “Suzana me olhou atentamente e disse “Você viu, Flávio? É pra você esta mensagem”. Mesmo sem entender, ouvi. Suzana insiste em interrogar o Davi, “Quem são os homens que estão aqui ?”. Davi revela algo de extraordinário “Os mentores do Flávio”. O “Boi”entra novamente na comunicação dizendo “Flávio eu gosto de você ! Tenha Cuidado com o volante de seu carro; fique alerta”. Me deixou curioso esta comunicação, pois o Davi já havia falado esta mesma frase em sessões anteriores. Eu retruquei de imediato, conversando com o “Boy”. “Por que você está dizendo isso, Boy ?”. Retruca me dizendo “Hoje vai acontecer um acidente com você, e não viaje hoje. Muita atenção com o volante”. Confesso que fiquei assustado com a revelação do boi, vi que estava realmente falando sério. Até pelo comportamento de Davi. O mentores não se comunicaram através do copo, mas o Davi falou que estavam todos presentes, mas não iam se comunicar. Eles estavam ali exatamente para informar a gravidade da minha viajem naquela noite. Perguntei ao Davi se nas sessões anteriores ele estava me alertando com relação ao volante do carro, se tratava deste acidente. Não sei dizer o porquê, mas, me veio logo na cabeça a entidade que pesquisei para a história da minha novela “O portal da Eternidade” e perguntei ao Davi se tinha alguma coisa haver e Davi mais uma vez curiosamente me revelou que tinha tudo haver. Era ela que estava me perseguindo. “Por isso que eu disse que tenha cuidado no volante”. Bastou Davi terminar de dizer estas últimas palavra, para o ambiente ao redor da mesa, se tornar num mal cheiro horrendo, e Suzana levantou os olhos para mim dizendo, “Flávio, na mesa?” Sem entender, fiquei atônico, porque sabia que não tinha sido eu, e quando de repente me veio logo na cabeça a entidade. Pedi a Suzana que fechasse imediatamente a sessão, mas antes tentamos descobrir de quem se tratava e a entidade não quis conversa, dizendo que queira me destruir. Agradeci aos meus mentores espirituais, ao boy e ao Davi, pela preocupação depois, orei por eles. Assim que Suzana fechou aquela sessão, contei sobre a entidade para ela e a mesma ficou mais uma vez boquiaberta e consciente de como era perigosa aquele tipo comunicação. Suzana me pediu que não viajasse. A partir daí, fiquei atento demais ao volante...

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 30/05/2009
Código do texto: T1623295
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