CONFIGURAÇÕES SOCIAIS E SINGULARIDADES: O IMPACTO DA ESCOLA NA CONSTITUIÇÃO DOS SUJEITOS, de Tereza cristina Rego
CONFIGURAÇÕES SOCIAIS E SINGULARIDADES: O IMPACTO DA ESCOLA NA CONSTITUIÇÃO DOS SUJEITOS, de Tereza Cristina Rego.
Por Paulo de O. Nascimento
Esse texto é iniciado com o destaque à importância que a escola ocupa, na atualidade, no desenvolvimento social dos indivíduos.
Em um mundo cada vez mais informacional, cheio de desafios e impasses, a escola é apontada como um dos meios para enfretamento destes. A escolarização permite formar o indivíduo nos mais diversos níveis das sociedades humanas.
É a escolarização a porta de acesso dos indivíduos no “novo mundo”. Por isso que estudos têm sido desenvolvidos no sentido de compreender melhor essa relação entre a escola e a sociedade.
O processo de aprendizagem é amplo e envolve tudo o que compõe a vida dos indivíduos e/ou sujeitos sociais. Destaque é dado à escola, que, dependendo de sua composição, desenvolve determinados tipos de sujeitos. É o conhecimento técnico científico que a escola oferece aos indivíduos e é por isso que é uma instituição diferente da família e necessária. Sua atuação enfoca o desenvolvimento do aluno, e acaba por interferir positiva ou negativamente nesse desenvolvimento.
O que a escola promove junto ao individuo o que está diretamente relacionado com o meio cultural no qual ambos estão inseridos. Como a lei do uso e desuso de Darwin, o que se aprende na escola pode perdurar ou ser esquecido pelos indivíduos na medida em que estes usam ou não o aprendizado adquirido. O processo educacional não pode ser entendido sem que se tenha ciência do contexto sócio-cultural no qual os sujeitos-alvo estão inseridos, sendo que cada escola atua de maneira diferente e, em uma mesma escola, existem sujeito múltiplos. Daí, o perigo das generalizações reducionistas de algumas teorias que se prestam à análise do fenômeno escolar.
A escola atua junto ao individuo de modo a redirecioná-lo a dar novos rumos aos seus desenvolvimentos, diferente, em partes ou no todo, do que a família, como uma das bases educacionais, realiza. Assim, o poder da educação familiar não é irrestrito, bem como determinada instituição e/ou órgão educacional.
Mas o individuo pode ser concebido como o resultado desses hibridismos.
O que se pratica nas escolas contribui efetivamente para o sucesso ou fracasso escolar. As relações estabelecidas socialmente determinarão o desenvolvimento ou não dos sujeitos. Todos deverão ser considerados na analise do individuo e as relações estabelecidas entre este e os grupos sociais.
A escola, enquanto promotora de informações, conhecimento cientifico dos indivíduos, torna-se indissociável da vida dos indivíduos. A escola é plural, constituída por sujeito plurais e forma sujeitos plurais. Nisso, o individuo torna-se fruto do meio social no qual está inserido.
O modo com se dão as relações faz com que os indivíduos elaborem estratégias para, ao mesmo tempo, lidarem com o meio e sobressaírem-se. Cada indivíduo era construir suas relações de acordo com seus objetivos e anseios. As mudanças podem ocorrer a qualquer momento em relação a esses indivíduos e suas estratégias de trato social.
A família deixa marcas que o ambiente não conseguirá apagar e o indivíduo atuará com essas marcas naquilo que lhe couber.
A escola também é concebida pelos indivíduos como uma via de acesso para um futuro melhor, em relação a um passado ou um presente indesejados.
A forma como a escola se estrutura e/ou modifica a sua estrutura atua também nas estruturas e rumos de vida de seus alunos. As relações que a escola possui com seus alunos é sempre singular.
O professor é o maior responsável pelo sucesso ou fracasso de sua disciplina. A relação que a escola estabelece com seus alunos é sempre determinante no sucesso ou fracasso destes alunos.
Cada etapa do processo individual promovido pela escola é, de algum modo, importante para que o aluno possa prosseguir em seu percurso escolar.
Em suma, todas as experiências promovidas pela escola são constituintes das singularidades dos indivíduos que se prestam à escolarização, isso em conjunto, é claro, com suas experiências familiares, religiosas, políticas, etc. é o tipo de escolarização que dará as diretrizes para a formação dos indivíduos.
Com isso, a autora nos chama a atuação para a importância da escola na construção de indivíduos socialmente estruturados, que se prestam a buscar se desenvolverem e desenvolver aquilo em que acreditam.
O texto é rico em exemplos de como as relações entre a escola e os indivíduos podem ser determinantes. São resultados de uma pesquisa sobre o impacto da escola na vida dessas pessoas, que se mostram muito eficientes quando dão sustentação à proposição da autora, sintetizadas acima.
O texto ajuda-nos a compreender melhor o papel da escola em relação ao sujeito e a sociedade, enquanto cada um procura exercer e desenvolver o (s) papel (s) para o (s) qual (is) foram compelidos a exercer.
Bibliografia
REGO, Tereza Cristina. Configurações Sociais e singularidades: O Impacto da escola na construção dos sujeitos. In: OLIVEIRA, Marta Kohl de (org.). Psicologia, educação e as temáticas da vida contemporânea. São Paulo: Moderna, 2002.