Beatriz Navegante, de Helena Sut Ribeiro
Uma Viagem ao Mundo Feminino
O livro Beatriz Navegante: Confissões de uma Barriga, de Helena Sut Ribeiro: Quem de Direito, 2002- 72 p. – (Caderno de Espanto ) , possui uma narrativa intimista, lírica, com idéias bem amarradas, que provoca reações de perplexidade e estimula a reflexão.
Helena Sut Ribeiro, é carioca, mas reside no Paraná desde 1999. É autora de poesias, crônicas, contos e peças teatrais. É cronista do jornal Concurso & Carreira, com circulação no Paraná, Santa Catarina e R. Grande do Sul e do Jornal Manifesto Arte. Colabora ainda no Caderno Arte& Cultura da Agência Carta Maior.
Em Beatriz Navegante, a autora usa jargões jurídicos como ponto de apoio para falar de algo que a perturba: a morte. “Quando finalmente, aceitei a subordinação ao Senhor-Deus existe! - percebi que a morte era apenas um ato imposto pela Autoridade Impetrada para, no curso do processo de purificação da alma, criar algum critério de seleção para os demais planos celestiais”.
A personagem Beatriz questiona a morte, pois deseja se perpetuar. Na verdade ela busca o significado para a sua própria vida. Tudo se torna possível com a gravidez e o nascimento de sua filha. Com as transformações do seu corpo, ela passa a observar o seu próprio “umbigo”.Quando a filha nasce, Beatriz toma consciência de que ser mãe é se perpetuar, conhecer. “Em casa sorriso da minha filha, aprendo a rir com mais felicidade; em cada olhar, olho-me com mais verdade. Conheço—me, enfim”.
Confissões De Uma Barriga - Nesse belo texto, a autora personifica a barriga e a transforma em protagonista de suas vivências. Com uma prosa gostosa ela envolve o leitor e assim, juntos, vivenciam a volta da personagem ao ventre materno e a sua viagem às profundezas da alma feminina. Em busca do crescimento interior, ela procura outros ventres, mas logo descobre que fez escolhas erradas. Rompe, então, alguns cordões umbilicais. Quando dá a luz tudo fica mais claro: “Passei a entender meu momento com mais realidade. Todo o passado já havia sido armazenado na lembrança, todos os umbigos enterrados em roseiras, algumas cicatrizes ainda marcavam o ventre. Por que não me perceber com um todo, sem ficar tão obcecada com o centro?”
Esse livro nos faz pensar, nos faz sonhar. É coerente, lírico e genial.