ROBINSON CRUSOÉ (Daniel Defoe)
O livro de Daniel Dafoe fala de um marinheiro inglês (o Robinson Crusoé do título), que depois de algumas viagens no século 16 (inclusive ao Brasil), vê-se naufragado e só, numa ilha desconhecida na região do Caribe.
Logo ele percebe que terá bastante trabalho para poder condicionar-se à nova vida. Para tanto, ele se vira como pode, cria uma lavoura, pastagens para animais domesticados e passa a morar em duas cavernas, em partes opostas da ilha. Para não perder a noção de tempo, cria um método próprio, que consiste em marcar cada novo dia com um risco na caverna. Assim ele consegue ter uma idéia exata do tempo preso à ilha.
Com o avançar desse tempo, Crusoé descobre que o lugar também é usado por tribos de silvícolas, canibais que a procuram para sacrifícios humanos. Numa dessas situações, salva um índio que então se torna seu servo, a quem ele dá o nome de Sexta-Feira.
Mais de vinte anos após os fatos, ocorre um novo naufrágio e assim Robinson Crusoé entra em contato com alguns sobreviventes do navio, que foi a pique. Juntos, eles então improvisam uma viagem num bote até o continente próximo, para buscar ajuda. Robinson, contudo, fica para tomar conta da ilha.
Nesse ínterim, um outro navio ancora próximo à ilha e o herói dessa história acaba por socorrê-lo, isso vinte e sete anos depois de seu naufrágio. Ele volta então para a Inglaterra, sua terra natal, levando consigo seu fiel escudeiro Sexta-Feira. A saudade, todavia, faz com que empreenda nova viagem à ilha onde morou. Lá ele reencontra os náufragos do primeiro navio, que tinham partido até o continente próximo e depois tinham voltado.
Alguns aceitam o convite para voltar ao continente europeu de navio, mas outros acabam preferindo ficar mesmo na ilha, uma vez que depois de tantos anos, acabaram por se acostumar à nova vida.
O enredo de Daniel Dafoe é cativante, instigador, daqueles que retém a atenção com doses bem distribuídas de descrição, suspenses, anticlímax e clímax. Contudo, há um excesso de intervenção positivista com claras intenções morais que hoje “datam” a história e fazem perder muito de seu viço. Para adolescentes que estão a ganhar “gordura literária”, a história é bem legal, mas para aqueles que estão que entendem o ato de ler como um élan que eleva o homem a uma outra dimensão sensorial, a leitura desse Robinson Crusoé acaba se tornando um fastio remendado de tanto que o autor tenta nos convencer de que todos os povos do mundo deveriam ser “cristianizados” pelo herói da história.
(Editora Martim Claret, 156 pg., 56ª edição)