Filhos $ Amantes (TVD) Cap.24

Capítulo 24

A campainha tocou. De cuecas, Moisés expiou pelo olho mágico. Era dona Perpétua. Ainda bem que conseguira o dinheiro para pagá-la. Usurária! Não precisava do tanto quanto alardeava. Abriu a porta e deixou-se ver de corpo inteiro. Fez ar de surpreso.

___ É a senhora! Desculpe atendê-la nestes trajes... Passei um creme... Fui acometido de uma coceira danada!

___ Fique a vontade! Pelo menos está de cuecas. O falecido andava nu pela casa, um horror! Aquilo murcho, pendurado...Desculpe contar essas intimidades...

Moisés sorriu e convidou-a para entrar. Retirou algumas peças de roupa da velha poltrona e ofereceu-a para a senhora sentar-se. Ela, pelo espelho defronte, podia observá-lo no pequeno apartamento. Como não cobiçá-lo? O sexo protuberante, as nádegas e pernas musculosas dele, demonstravam que estava viva. Velha, solitária, existia para cobrar aluguéis atrasados. O marido morrera doente do pulmão. Fumante inveterado. Deixara, além da pensão, locações para aumentar a renda. Aquele rapaz mexia com o quê restava de seus hormônios. Viu-o pegar um maço de notas e contá-las.

___ Que bom que o senhor voltou a trabalhar! disse ela.

___ É... pintura pra muitos dias, explicou achegando-se mais dela. Aqui está o que lhe devo. Pode contar...

___ Não é preciso... Cheiroso esse creme que está usando!

___ O pior é que não alcanço as costas para passá-lo... É onde mais coça, reclamou ele.

___ Comeu alguma coisa que lhe provocasse alergia? Ou será o cheiro da tinta que está usando?

___ Não sei, não sei... Só sei que coça tanto! Quase me enlouquece durante a noite! confessou ele.

___ Se quiser, passo onde o senhor não atinge, ofereceu-se ela.

___ A senhora faria esse favor?

___ Claro, meu filho!

Moisés dirigiu-se para cama e se deitou de bruços. Ela inibiu-se vendo aquele macho a espera de seus préstimos. O fogacho, que a abandonara, voltava desnorteante. Quando ficava nervosa, tosse irritante a acometia e chegava a urinar. Não podia estragar tudo com uma crise. Incontinência urinária, não! Sentou-se ao lado dele, solicitando o creme.

___ Ah, sim! É este aqui... a senhora pode lambuzar bem as mãos...

Ela não esquecera como eram as costas de um homem. Hoje em dia eles viviam expostos na mídia. O inquilino estava na flor da idade. Másculo, sadio, potente... Sentara em má posição. A dor na coluna a fez reclamar:

___ Desculpe, devo parar, dói-me a coluna.

___ Fica em cima de mim com as pernas abertas, disse Moisés com resolução.

___ Como!?

___ Tira a “calçola” antes...

___ Bem, eu...

___ Se quiseres, fecha a janela e apaga a luz, disse Moisés.

___ Não, não... quero ver tudo, balbuciou a mulher.

___ O que estás esperando, então? falou o rapaz, impaciente.

Ele era tão convincente, cafajeste que ela pretendia saborear todos os momentos. Obedeceu. Sua ressequida e desfigurada “xerinha” renascia ao calor daquele garanhão. Sentiu-se a rainha do pompoarismo. Não sangrava mais, e aquela incontinência... O rapaz fez menção de virar-se e pediu:

___ Não saias de cima de mim!

Ela não estava ali para contrariá-lo. O fogo entre as pernas dele aumentara. Ficou orgulhosa em provocar ainda a libido de um homem. Submetia-se à vontade da voz dominadora:

___ Vai, meu pássaro está latejando, retira ele da gaiola! Aproveita, é todo teu!

Era todo dela. Queria-o entre os seios murchos. Imaginariamente revitalizados por silicone. Sorvê-lo com a língua molhada e boca rejuvenescida. Não o almejava dentro de si. Desejava-o explícito, jorrando sêmen abundante. Tirou a dentadura para não correr o risco de engasgar-se.

Moisés abraçou-a, de olhos cerrados, como se ela fosse a mais bela mulher do mundo. Ignorou seu cheiro de cânfora. Deixou-a melar-se com seu esperma como criança chupando sorvete de chocolate. Não precisou falar o quanto custava aquela festa. Fizera-a feliz. Ao sair deixou o aluguel atrasado sobre a poltrona. Ainda estirado na cama se convenceu que podia ganhar a vida satisfazendo pessoas... A Vapor Dourado tinha sido o seu primeiro teste.

. “A voz de um jovem fez-se presente:

___ Eu me chamo Maxmiliano, Max. És novo aqui? É tua primeira vez? Queres fazer um programa?

Moisés encabulou-se. Nunca outro macho tinha lhe falado daquela maneira sem levar uma porrada. E Max insistiu:

___ Faço um preço camarada!

___ Tenho cara de bicha por acaso? protestou Moisés.

___ Não és zod, és sig! desculpou-se Max, decepcionado.

___ É isso aí, afirmou Moisés meio sem jeito.

___ Escusa-me, cara! disse Max. Pensei que... teus cabelos grisalhos... gosto de coroas, entendes? Pagam bem!

Moisés ficou parado diante de Max sem saber o que dizer. Sua conversa era tão estranha!

___ Vou te apresentar a um cliente supimpa, disse Max quebrando o silêncio. Vais gostar dele... ele é divertido e mão aberta. Peraí aprendiz...

Moisés teve vontade de ir embora. Contudo os problemas, que o aguardavam lá fora, o retiveram. Despiu-se e enrolou-se numa toalha. Tudo ali era magnífico! Estátuas, flores desabrochando, mesas, bancos espalhados, música, perfume no ar... Não tardou e Max trouxe pela mão sujeito um tanto amaneirado, vestindo roupão azul. Apresentou-os:

___ Este é Moisés, cara! Cabe a ti batizá-lo! É a primeira vez dele na casa...

___ Ai, que tudo! Sempre quis ser madrinha de um bofe bem criado, disse o cliente, beijando Moisés no rosto.

___ A hora é de vocês, disse Max, afastando-se.

Moisés seguiu o fulano para uma suíte. Cama ampla, TV, ar condicionado, frigobar, espelho... Tudo era mais confortável do que sua modesta moradia. O zod desfez-se do roupão e deitou-se. Pediu para que fizesse o mesmo. Tentava desinibi-lo com gracejos:

___ Relaxa, meu bem! Tira a toalha: o colega precisa respirar... Quanto cobras?

___ Sei lá, meu! Quanto podes me dar?

___ Posso te dar de nota dez a R$ 500,00...

Moisés sentiu-se um idiota. Como satisfazer aquele tipo sem atrativos, de pinto mole e desancado? Avançou para a cama e ficou ao lado dele. Percebeu que seus músculos e dote agradavam o zod. Este pegou a mão de Moisés, apertando-a contra si e quase gemendo falou:

___ “Meu corpo te deixa louco de desejo?... Não deixa?... Tem estilo... aqui é retinho, não tenho muitos quadris... e aqui...”

Levou a mão do sig, para a virilha, que se ergueu abruptamente, contrafeito. O abusado continuou no texto do filme Cabaret:

___ “Talvez, tu não gostes de mulher... oh, tu não gostas?”

Moisés não entendeu aquele jogo de ‘boiola’. Viu-o aproximar-se, rindo, abaixar-se e com a boca quente lubrificar seu “pau” de saliva. Olhava submisso a pedir:

___ Quando gozares me chama de Liza!”

Moisés não acreditava no que lhe acontecera nos últimos dias. Sua carteira estava forrada com mais de dois mil reais. Três clientes, a senhoria: todos generosos. A injeção não doera tanto. No jogo estava com sorte. Ou a mesa o deixava ganhar? Não cruzou mais com Max naquele dia. Tinha na cabeça a casa, repleta, onde ressoavam gargalhadas, gritinhos, vozes dos garçons servindo as mesas... A mãe diria: aquele dinheiro era fruto da luxúria. Por que pensar nela? Ninguém precisava saber o quê fazia. Se Deus via tudo, o demônio tinha olho gordo...

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