Sobre Realidade e Fantasia

Realidade & Fantasia de autoria de Maria Helena Coelho.

1996/70p./ Abas “Alma de poeta”, de Lourdes Coelho.

Com imensa honra, a poeta Helena Coelho me incumbiu de tecer um comentário, espécie de prefácio do seu segundo livro de poesia: Realidade & Fantasia”. Eis-me aqui tentando captar a grandeza lírica de sua obra, que é tão importante quanto a nobreza do seu caráter, da magnanimidade do seu coração.

Mulher de geração anterior a minha, símbolo da ternura de mãe esposa dedicada e mulher romântica – qualidades refletidas nos sensíveis e bonitos poemas, legados ao público como numa síntese representativa desta espécie rara de mulher, nos dias de hoje, tal qual ave leve e sonhadora, com ares ainda de menina tímida e árvore frutífera de raízes indestrutíveis.

Nos premia a autora, com sua poesia plena e bucólica num telurismo com cheiro de terra molhada nas águas de “A Fonte”, os “Cantores da Floresta” e outros poemas. A poeta Helena Coelho reflete entre outras, em seus poemas, a saudade de sua infância, pois “recordar é viver”, segundo provérbio popular. O amor romântico que tentou viver ao longo de sua união, transformando algumas de suas fantasias em realidade e às vezes a dura realidade, interrompendo as asas da fantasia, está bem refletida no poema “Noite de Luar”.

Helena Coelho canta a natureza do sertão, no multicor de sua beleza em “Um pôr de sol no sertão”. Igualmente com sua sensibilidade poética, homenageia os elementos básicos da natureza, sem os quais não haveria vida na terra: a água, o sol, a terra e ainda a lua com sua brisa noturna, vindo amenizar as lides do dia. Na ânsia de poesia, como complemento vital, Helena Coelho tenta definir o que é “Poesia”, em cujo poema diz: “Para a poesia não há definição/Ela nasce de momentos imprevisíveis/Que invadem a lama e o coração”. Como algo divino, a autora acredita num ser superior como está refletido em vários poemas seus. Veja-se em “Para que tristeza”,no qual demonstra sua fé e agradece a Deus por tudo, com alegria.

No poema “Crianças” vê-se claramente o lado social cristão da autora, pessoa humana e sensível aos males sociais. Em “Fantasiando” ela clama “um mundo sem violência/onde não haja ambição/onde as pessoas se olhem/e possam se dar as mãos”.Apesar de Helena Coelho fazer parte de uma geração romântica, na qual está presente a tranquilidade, o luar, a pureza, a nostalgia, devaneio, solidão, a poeta se debate em alguma conflitos de mulher moderna: desce à realidade e teve ímpetos de dar seu grito de libertação. Vejamos o que ela diz no poema “O frio”: Existe um frio mais frio/Que é o frio de teu corpo/Existe vida mas falta calor/um clima indesejável tenta apagar/ O fogo de nosso amor.Em “Hoje estou pensando”: Prefiro continuar sonhando/A vida assim vou levando/da cor que ela vier/ E seus momentos sentindo/ Sem arroubos nem lamentos/Assim são meus pensamentos...

Seus poemas em homenagem ao seu esposo falecido, ao seu filho inesquecível Jaiminho e aos seus sete filhos, jorram de saudade, ternura e amor maternal inigualável. alterna, no seu livro, um soneto do Sr. Jaime Coelho(seu esposo) intitulado: “A Mendiga”, por sinal, muito significativo. Coloca também alguns poemas de sua filha Lourdes Coelho, poetisa herdeira da veia poética materna e paterna, pois cheios de amor e beleza. Tudo nos leva a crer que o convívio de Helena com seu carismático esposo e convicto espírita Jaime Coelho, inconscientemente inspirou-lhe o poema “Outro Espaço”, no qual a poeta diz: Essa passagem é apenas o roteiro/ Para a morada futura, certamente/... E se atentos escolhermos o caminho/ Haveremos de gozar essa outra vida/ Sem sombra, sem tristezas, sem espinhos.

A poeta utiliza um campo semântico típico de um trabalho versado num estilo lírico-romântico; nos transmite muita harmonia, com a beleza que lhe é própria, a qual podemos admirar vivamente nos poemas: “Noite de luar”,”Fim de tarde”, “Mãe”, “Infância”, “Belezas da Infância” e “Meus rascunhos”.

Enfim, não é difícil perceber que o amor é tema constante em sua obra poética, este sentimento universal se multiplica nas entrelinhas de seus versos e poemas.Não sei se contemplei, com todos os horizontes a obra da autora. Deixemos que o leitor o faça, realizando esta viagem maravilhosa nas estradas da Realidade e nos caminhos da Fantasia, da poeta Maria Helena Coelho. Parabéns minha grande amiga e irmã na poesia!

maria do socorro cardoso xavier
Enviado por maria do socorro cardoso xavier em 17/04/2006
Código do texto: T140626