Coração a Esmo
“Por si só o título Coração a Esmo, já denuncia tratar-se de um livro de poemas românticos, onde o sentimentalismo e a imaginação se sobrepõem à razão”. Com essa afirmação o escritor José Olívio inicia a apresentação do livro de poemas de Cristiana Alves professora e poeta baiana.
A leitura do livro foi sugestão de Tom, meu companheiro. É um livro agradável de ler e o coração não está tão a esmo assim. Ao contrário, está de pés bem fincados na sensibilidade, no olhar que alcança realidades para além das aparências.”Sou uma mulher de metáforas” diz, no poema que dá título ao livro.
O ritmo e a forma que a autora escolheu para validar o que pensa e sente nos 41 poemas do livro é leve, de leitura fluente, mas isso não tira a intensidade de versos como estes: “Se eu fosse o sonho, faria eterna a inocência das crianças e erradicaria a maldade humana” (Se) e “A rotina se transforma em prisão viva e o homem aprisionado sonha com o vento que livre sopra, dança e se movimenta no deserto do Saara”(Os Giros da Vida).
A poeta faz consigo um diálogo maduro. Seu universo poético é o amor e suas formas. Da paixão amorosa (Silêncio que Murmura) ao sentimento religioso (Deus), da observação (Ré Confessa) a aceitação da indiferença do tempo (Tempo Fugaz).
Na constatação da urgência da vida “Nada de falar de amor eterno se a vida é efêmera” (Nada pra Depois), falando em efemeridades o seu “E-mail” meio que lamenta: “Já não espero o carteiro com suspiros poéticos de atriz de teatro.”
Pena. Mas Tempus fugit e se eu fosse esperar o carteiro para enviar essa resenha, provavelmente você não a estaria lendo e, certamente, Cristiana não saberia que gosto de poemas, que, de férias, aceitei a indicação da leitura com prazer.