"120 horas" traz elementos de "O colecionador de ossos"
O último bom filme de suspense que tive o prazer de assistir foi "O colecionador de ossos", de Philip Noyce. A trama, muito bem engendrada, fazia-me colar os olhos na tela a procura de uma solução para as mortes misteriosas. Não descobri quem era o assassino, e fiquei contente. O filme só me agrada, quando surpreende. Procurei assistir a outras películas do gênero, mas só encontrei roteiros que propunham apenas ações já utilizadas por tantos outros longas-metragens do gênero.
Diminui minhas idas ao cinema e intensifiquei as leituras. Li com muito gosto vários lançamentos calcados na fórmula mistério-investigação, mas nenhum tão bem construído quanto "120 Horas", de Luis Eduardo Matta. Colei os olhos nas páginas vibrantes. Pronto! A literatura estava me dando o mesmo prazer do que o cinema.
A história de "120 Horas" mostra-se, parágrafo a parágrafo, muito enigmática e, talvez por isso, facilite a compreensão de universos protagonistas, como tráfico internacional de armas, o requintado palco da moda proposto pelo autor e um plano sórdido desenvolvido a sete chaves.
Num livro desse teor, a pesquisa apresentada nas páginas guia o leitor, mas não de maneira impositória e irritante. Matta dilui cenas e dados como um mestre no gênero, deixando "120 Horas" ágil, mas com elementos históricos de ares tupiniquins. A morte de um físico brasileiro, que construía uma bomba-atômica na Síria, gera conseqüências macabras.
Cada momento do livro parece ter sido estudado pelo autor com cautela, tal como ocorreu no filme "O colecionador de ossos". Pistas aparentemente indecifráveis convidam o leitor para participar da história como se ele estivesse estudado com Sherlock Holmes. Cheque os seus batimentos cardíacos: "120 Horas" reserva momentos de tirar o fôlego e merece um lugar na estante de qualquer leitor que aprecie um bom suspense.
Sobre Rodrigo Capella:
Rodrigo Capella: Escritor, poeta e jornalista, Rodrigo Capella nasceu em São Paulo, Capital, no ano de 1981. Publicou o primeiro livro, intitulado "Enigmas e Passaportes" (Forever Editora), em 1997, com apenas 16 anos. Em 2005, quase dez anos depois, o autor voltou ao cenário literário com dois lançamentos: "Como mimar seu cão" e "Transroca, o navio proibido", ambos pela Editora Zouk. Rodrigo Capella também publicou poemas em diversas antologias, entre elas "Diversos" (Andross Editora), "Ave Palavra" (Clube Amigos do Livro) e "Além da palavra" (Scortecci Editora). Em breve, Capella vai lançar "Rir ou Chorar, o cinema sentimental", obra que narra as aventuras do cineasta Ricardo Pinto e Silva. Esse livro vai ser lançado pela Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial, comandada por Rubens Ewald Filho.
Mais informações: www.rodrigocapella.com.br