Sonhos & Pesadelos
Sonhos & Pesadelos [enquanto o sono não vem]: Autor: Domingos Oliveira Medeiros. Apoio&Produção: Rio de Janeiro: 2002. 247 p.
Livro composto de crônicas, contos, artigos, narrativas diversas, nas quais conta episódios da existência e vida política atual e passada, estórias, histórias curtas. No final cordéis criativos com métrica diversificada. Vate de verve fluente em prosa e verso; estilo escorreito, conciso. Vai narrando com domínio da língua portuguesa, de forma agradável, com orações curtas que não cansa o leitor, de forma clara.
Grande engenho literário. Nasceu para ser escritor, comunicador excelente! Polemista, protestador! O protesto politicamente correto! Bendito pesadelo da noite, no qual Domingos vira escrita fértil e produtiva!
Diria no bom sentido – que o Domingos Oliveira Medeiros é um escritor compulsivo. O que lhe sai da mente e a pena obedece -quanto mais escreve, mais lhe surgem idéias e temas palpitantes. E sabe dizer com originalidade!
Domingos vai escrevendo como que conversa com outra pessoa, de forma elegante e objetiva. É uma prosa com ritmo. Pelo que li do escritor Domingos, no usina de letras, onde o conheci e passei a admirar,- com mais de três mil trabalhos – não faltou tema que o mesmo ainda não tenha se pronunciado, conteúdo consistente, com estética própria e inconfundível. Escreve sobre tudo e para todos.
Mesmo quando o autor não é tão linear, surrealisticamente, em alguns escritos, torna-se não difícil de digerir. Prolixo mas não cansativo. Escreve bem para os outros e naturalmente para si – no sentido de que escolheu livremente do que falar e o faz magistralmente.
Une boas idéias, experiência, criatividade e talento para escrever. Em alguns escritos o autor tem sido até didático. Ensina coisas, dá exemplos, insinua atitudes a serem tomadas.
Excelente o conto “As Aparências enganam”. Só no final da narrativa se descobre que aquele amor doentio, que lhe fazia sofrer, do qual se refere o autor - era o cigarro! Super criativa a crônica “A vírgula e sua luta contra a discriminação”.
Apresenta em discurso coerente e lógico, valores intangíveis e tangíveis, mostrando a fragilidade humana e os paradoxos da vida: o sim e o não; a partir de suas ruminâncias racionais da insônia, ao traduzir o calcanhar de Aquiles do mundo real.
Conhecedor profundo dos problemas do país, seus pontos cruciais – oferece inclusive sugestões valiosas à cata de soluções. Experiente no domínio da vida pública brasileira, na qual exerceu vários cargos de administração em órgãos federais. Altamente politizado e consciente da agudeza da estrutura e conjuntura política, com espírito crítico e mordaz disseca os trâmites difíceis, da política nacional.
Lendo Domingos de Oliveira Medeiros, se aprende muita coisa. Nasceu predestinado a escrever. Qual escriba dos tempos imemoriais. Missão de comunicar, esclarecer e alertar sobre os males deste planeta tão conturbado, prestes a desembocar numa guerra sem precedentes na História universal.
Para encerrar esta minha modesta apreciação, com certeza não fiz uma leitura profunda nem abrangente do autor – gostaria de transcrever esta oração, em “Exilado”, pg. 81-83 do livro em epígrafe: “Exilado, voltou a estudar. Pensando um dia em retornar à sua pátria, resolveu cursar Engenharia Florestal. Quando chegasse o grande dia, poderia retornar ao Brasil e cuidar de uma planta tenra e bela: a Democracia”.
Parabéns ao autor por magnífica obra e ao público ao ser premiado com leitura tão oportuna!