Era uma vez La Fontaine

As narrativas curtas sempre formaram o imaginário da humanidade. Em meio às fogueiras, os mais velhos contavam histórias que encantavam todos a sua volta. Pelos caminhos das cidades, homens iam de aldeia a aldeia trilhando o caminho da contação. As fábulas seguiram essa jornada, sempre existiram e por séculos estiveram presentes nas sociedades de diferentes épocas e locais do mundo. Essas narrativas, cheias de sabedoria, que usa animais para abordar as condutas e os sentimentos humanos são um dos grandes exemplos da criatividade popular. O francês Jean de La Fontaine (1621-1695), revitalizou as fábulas em seu tempo, período em que o rei Luis XIV, o rei-sol, incentivava as artes como ninguém.

Uma cabra ia passear no pasto

Mas antes fechou a porta

Para deixar sei filhinho seguro

Avisou-lhe que não abrisse de jeito nenhum,

Senão quando fosse ela mesmo que voltasse

Um lobo, ouvindo tudo aquilo,

Foi bater na porta fingindo que era a mãe,

O cabritinho, esperto que era,

Pensou, analisou e respondeu:

- Algo me diz, “Não abra!”,

Que você é um lobo em voz de cabra!

O cabrito e o lobo página 57-59

O livro ERA UMA VEZ LA FONTAINE, organizado e recontado pela ilustradora e escritora Kátia Canton, é uma amostra de dezoito contos por homem que trouxe às narrativas das fábulas para o mundo da poesia, com muito lirismo e imagens. O volume faz parte da série ERA UMA VEZ... que já apresentou um pouco da vida e dos contos escritos do também francês Perrault, dos irmãos Grimm, de Hans Christian Andersen, de Esopo e agora La Fontaine.

Encontramos em suas páginas ilustrações clássicas de mestres como Gustave Doré, Delierre e Grandville, com ilustradores brasileiros e suas técnicas contemporâneas. Além da própria Canton, a obra reúne Regina Carmona e suas xilogravuras, Cristina Mutarello e sua arte de colagem, Berna Reale e sua expressão de lápis de cor, pintura e colagem, Marcela Tiboni e seus desenhos com fotografias e Vítor Mizael e seus recortes de figuras.

Um livro encantador, La Fontaine modernizou as fábulas, dando um sentido mais atualizado para cada uma delas, por meio de suas fábulas criticava a sociedade da época. Sua inspiração veio de Esopo, e fez com rimas para facilitar a memorização, sempre dizia: “sirvo-me de animais para instruir os homens”.

Constate como ainda estão modernas, as fábulas do burguês que se inspirava na corte para fazer suas histórias.

SERVIÇO

Era uma vez La Fontaine

Katia Canton

Ilustrado por: Regina Carmona, Cristina Mutarelli, Berna Reale, Marcela Tiboni e Vítor Mizael

80 págs. / 17x24 cm

ISBN 978-85-368-0391-3

R$ 26,00