O ladrão de arte
Roma, capela de Santa Giuliana, o retábulo que Caravaggio pintara a Anunciação desaparece sem deixar pistas.
Paris, Sociedade Malevitch, a curadora da instituição em meio a possibilidade de um leilão de uma falsificação, ao supervisionar a câmara de segurança é surpreendida com o sumiço de um tesouro, o quadro Branco sobre branco, do pintor abstrato russo, a mesma obra que está na Christie's.
Londres, National Gallery of Modern Art, a mais recente aquisição do museu é roubado às vistas da segurança.
Três roubos de pinturas famosas são a base do livro de estréia de uma das maiores autoridades em crimes contra a arte, o norte-americano Noah Charney. O LADRÃO DE ARTE (The Art Thief: A Novel, tradução de Cláudio Figueiredo, Intrínseca, 320 páginas, R$ 39,90), um romance engenhoso sobre os delitos contra a arte, cheio de suspense, com uma narrativa envolvente, com reviravoltas e manipulações mil. Partindo de um roubo real, o autor constrói o argumento do livro alertando o auge que vivemos na atualidade dos crimes contra os museus e galerias de arte.
Os três roubos quase simultâneos, em locais de visitação publica, parecem não terem nenhuma conexão, entretanto conforme as páginas do livro avançam descobrimos que tudo faz parte de um plano maior que mistura investigação policial e o mundo da arte. Um mundo dominado pelo dinheiro, onde encontramos pessoas dominadas pela ambição e pela vaidade, e não pela estética e valor cultural das quais representam as grandes obras que expõem ou vendem.
Os investigadores chamados para desvendar, investigam o cenário cada qual de sua maneira. Gabriel Coffin, que podemos dizer ser o alter ego do autor, é chamado pela polícia italiana, por possuir impressionante currículo e cujas relações profissionais o conectam a instituições acadêmicas e a seguradoras. Em Paris, Geneviève Delacloche, a curadora da Sociedade Malevitch, conta com o auxílio de uma dupla de inspetores da polícia francesa. Eles se deparam com uma trilha de pistas que se revela um verdadeiro quebra-cabeça. Em Londres, Harry Wickenden, veterano da Scotland Yard, lidera a investigação na Galeria Nacional de Arte Moderna. Juntos, investigaram as pistas e as ramificações que levam a um mundo complexo de crimes.
O autor possui um conhecimento extraordinário de arte, colocando em meio ao texto, explicações históricas e estéticas de obras conhecidas, como a Monalisa. Consegue abordar o mundo dos leilões, dá uma idéia como é a segurança por trás de uma famosa pintura, Um romance cativante, pelas intrigas e pelos seus desenrolares, dando uma perspectiva de um tema que também ocorre no Brasil, como os freqüentes roubos em galerias públicas e privadas. Bem recomendado pela critica especializada, a história vai atrair não só os amantes da arte, mas para quem gosta de uma boa investigação para encontrar a verdade por trás do mistério.
O AUTOR Noah Charney, de vinte e sete anos, nasceu em New Haven, Connecticut e estudou na Universidade do Maine. Depois, mudou-se para o Reino Unido, onde completou dois mestrados. Como desenvolveu um gosto por crimes ligados à arte, fez um doutorado em História do Roubo de Obras de Arte pela Universidade de Cambridge. Hoje é director, e fundador, da Association for Research into Crime against Art (ARCA), a primeira organização internacional do género.