As Tranças de Bintou, escrito por Sylviane Anna Diouf com ilustraçãoes de Shane W. Evans, relata a vida de uma menina que sonhava em ter tranças, mas que na verdade tinha somente quatro birotes na cabeça.
A personagem vê no modelo adulto (a irmã mais velha ) o sonho de beleza. Quer tornar-se bela como a irmã. A sociedade em que ela vive - uma tribo africana - transmite-lhe estes valores. O relato dos preceitos desta sociedade, aproxima-se dos parâmetros do mundo contemporâneo: a competição, o encanto com o belo, a exclusão do que a sociedade "entende" como "não dentro dos padões ou moldes".
O texto é próximo à linguagem poética, prima pela excelência. Transmite conceitos de humanidade, cooperação e anti -racismo. Dá ênfase à beleza da menina (valoriza a criança). A avó é porta-voz dos ensinamentos: a valorização do idoso, o respeito ás tradições e passa esses conceitos às crianças. Portanto, ficam assim respeitados os ensinamentos familiares.
Notadamente, o livro transmite uma ideologia que se funda na noção do não-racismo, na integração dos povos, na cooperação e na solidariedade entre os clãs, entre os membros da sociedade. Ressalta a beleza e a afabilidade da raça negra. Circunscreve um lugar de respeito e dignidade para as minorias. Subjaz a idéia de que o mundo é um lugar para todos, e não para alguns.
A autora, ela mesma nascida em África, relata esta história da menina com grande riqueza, com preciosíssimos detalhes. Fica evidente no livro o caráter pedagógico, pois a menina depois de salvar dois amiguinhos, quase afogados, tem como prêmio os enfeites no cabelo (não as tranças) que ela tanto queria.
Todos reconhecem seu valor e sua recompensa por ser uma boa menina, é ter satisfeito o seu mais íntimo desejo.