Procurando Firme
Ruth Rocha é a autora de Procurando Firme. As ilustrações são de Ivan & Marcello.
A autora confere à história um quê de maravilhoso, pois começa com princesas e castelos. Depois, desconstrói essa imagem com o célebre - Dá um tempo ! Que os jovens tato gostam de usar.
Na verdade, a princesa quer ser livre como o irmão, quer ter o poder que a sociedade confere aos homens. Veste-se como menino e adquire, digamos, um "ar meio grunge", meio rebelde, meio contestador. Essa linguagem, próxima da maneira dos mais novos se expressarem, é um grande apelo para que eles leiam o livro.
A criança desse entre-séculos, assoberbada com aulas de tudo:(como se a finalidade da vida fosse a excelência) caratê, natação, judô, computação e outras coisas mais, entende de imediato o que está sendo dito.
A obra de Ruth Rocha "desinventa" o conto de fadas, constrói de outra maneira aquilo que todo mundo conhece. A princesa, linda, indomável e insubmissa, não aceita os princípes escolhidos por seus pais, quer construir seu próprio caminho. Dessa forma, diz para a mãe - Ai, mãe, não estou a fim de agradar esse moço. Acho ele muito chato!" Todos os príncipes são rejeitados poe ela que em determinado momento da história quer até trocar de nome (seu nome era linda flor) - "Que nome mais careta!. Quero que me chamem de Teca, de Zaba, de Mari, um nome mais moderninho!"
A escritora usa a linguagem despojada dos adolescentes e mostra as diferenças entre o universo masculino e feminino. Usa esses recursos com graça e maestria. A linguagem do livro é irônica e divertida. Podemos dizer que é um conto de fadas às avessas, construído de forma leve e agradável.
A narrativa não nos conta o que a insubordinada princesa procura, mas com certeza, ela está à procura de sua própria identidade.
UFF - 2004