POESIA VIRTUAL - vídeo poesia.
Não se trata, é verdade, de uma resenha, no sentido maior do termo. Faço apenas um comentário do livro “Poesia Virtual” - vídeo poesia, de Ricardo Araújo, publicado pela Perspectiva, em l999.
O autor é professor titular da UnB, trabalhando, sobretudo, em níveis de Mestrado e Doutorado. Tive, por sinal, o privilégio de ter sido seu aluno quando fazia Mestrado em Literatura na UnB.
Neste trabalho, Araújo procura traçar um caminho no qual se viabilizem encontros entre “formas”, tecnologias e computações gráficas. Deste tripé inteligente brota uma linguagem “sui generis” marcada pelo que se convencionou chamar de “VERBIVOCOVISUAL”. O fenômeno se revela mergulhando livremente num “sistema de dígitos” e numa “sintaxe analógica”. Desta forma, segundo afirma certo crítico, as combinações das esferas “crítica/criativa” e “técnica/artística” se desenrolam numa espécie de jogo no “modus faciendi”.
São 170 páginas de encanto e profundo desafio - distribuídas em três grandes partes e um apêndice - perpassando os poemas “Bomba”, “SOS” de Augusto de Campos; “Parafísica” de Haroldo de Campos; “Femme” de Décio Pignatari; “Dentro” de Arnaldo Antunes e “O Arco-Íris No Ar Curvo” de Julio Plaza. Vale ressaltar ainda as presenças, digamos, “vivas” dos poetas-autores revelando os próprios processos de criação, numa perspectiva crítica.
Não é à toa esta assertiva de José Míndlim, prefaciador do livro, “imaginar que poesia e técnica pudessem dar-se a mão, pareceria aos amantes da poesia uma idéia inconcebível”.
Ao nos depararmos com iniciativas deste porte, sentimos, sinceramente, que a Universidade, mormente na área de Humanas, em que pesem os óbices, vai cumprindo seu papel. Araújo avança “com seriedade, imaginação, e incansável esforço de muitos anos, na busca de novas formas de expressão poética”. No mais, amigo, é lermos e estudarmos “Poesia Visual – vídeo poesia”.