Marley & Eu – A vida e o amor ao lado do pior cão do mundo
Autor: John Grogan
Tradução: Thereza Christina Rocque da Motta
Editoria prestígio
São Paulo, 2006
302 páginas
Um dia desses, recebi um PPS que dizia que o homem ainda terá muito o que aprender com os cães em termos de amor, companheirismo e lealdade. Achei curiosa a observação em especial porque como apaixonada por cães eu sempre tive muita admiração por estas qualidades que elegeram esses animais como os “melhores amigos do homem.”
Sempre que via esse livro exposto, o rosto de Marley na capa parecia me olhar como quem dizia: “tem certeza que não quer conhecer minha história”? Até que um dia, levei-o para casa e fui lendo a conta-gotas para desfrutar por um tempo maior as façanhas de Marley.
Até que eu lesse esse livro nunca soubera que cães, como humanos, podem sofrer de desequilíbrio mental. Marley era um desses cães, cuja deficiência limitava sua capacidade de aprendizagem. Para um Labrador, ser expulso do adestramento por não conseguir corresponder aos comandos é um indício forte de que algo estava muito errado. Labradores são conhecidos por serem bastante inteligentes. Marley era um desastre. Desobediente por natureza colecionava peripécias que somente um John Grogan não desistiria de criá-lo. Marley foi agraciado ao ser levado para a companhia de um colunista de jornal da Flórida e Pensilvânia. Um escritor sempre tirará algum proveito das piores situações, nem que seja fazendo que elas ganhem vida nas mãos de seus leitores.
Para este fim Marley foi bastante generoso. Para falar em poucas palavras o que custou para o autor criá-lo, Jonh Grogan admite: “...poderíamos ter comprado um pequeno iate com o que nós gastamos com nosso cachorro e tudo o que ele destruiu. Mas me pergunto: quantos iates ficam esperando junto à porta o dia inteiro até você voltar? ...” (pag. 235). Somente que já teve um cão compreenderia isso.
O livro nos faz rir e chorar com as façanhas de Marley. É uma história de amor cheia de entusiasmo canino. Uma leitura encantadora para quem gosta de cachorro.
O autor é surpreendente em contar detalhes curiosos e descrever como esses bichinhos conseguem nos conquistar e logo fazer parte da família. Mesmo um cão desequilibrado feito Marley consegue ser tão amoroso e companheiro que acabei concordando com o PPS que me mandaram outro dia. Como John Grogan descreve em seu livro, mesmo um cão maluco pode “mostrar aos seres humanos o que realmente importa na vida: lealdade, devoção, simplicidade, alegria. E também as coisas que não tem importância. Um cão não precisa de carros modernos, palacetes ou roupas de grife. Símbolos de status não significam nada para ele. Um pedaço de madeira encontrado na praia serve. Um cão não julga os outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Um cão não se importa se você é rico ou pobre, inteligente ou burro, educado ou analfabeto. Se você lhe der seu coração, ele lhe dará o dele. É realmente muito simples, mas mesmo assim, nós humanos, tão mais sábios e sofisticados, sempre tivemos problemas para descobrir o que importa ou não.” (pag. 292)
Marley aprontou todas e mais algumas para merecer a referência de pior cão do mundo. Mas com todos os defeitos e malfeitos, ele ensinou muito ao seu dono. A lição que todo cão tira de letra: amizade e altruímo. Acima de tudo, lealdade incondicional.