A gramática de Emília

Emília no país da Gramática é um livro infantil escrito por um dos maiores escritores do país: Monteiro Lobato e foi publicado em 1934.A obra fictícia reproduziu a indignação do autor ao observar uma escola cuja metodologia reprime, e induz o aluno a viver rotulado de idéias que até aos próprios professores chocam. Induzido-os a decorar regras lingüísticas que muitas das vezes se quer são utilizadas, educando indivíduos muitas das vezes incapazes de dominar a língua materna.O autor dá vida a imaginação, humaniza os personagens e personifica as palavras criando um país com a língua materna e suas regras lingüísticas, sugerindo que os personagens ao invés de estudar e decorar a retórica gramatical, conheçam-os profundamente analisado as suas essências.Ele ainda apresenta diálogos onde há a procedência da arbitrariedade do signo.Explicitando que o nome não precisa necessariamente ter relação com o sujeito).”-nome é nome não precisa ter relação com o nomado”. Em outro diálogo o personagem Pedrinho relata que o ensino do idioma é uma “cacetação”, pois os usuários são obrigados a decorar definições , as quais na maioria ele ou não entende , ou simplesmente não as usa.A angústia de Lobato ainda emana em muitas escolas anos depois. A língua é figurada como um país, o "País da Gramática", povoado por sílabas, pronomes, numerais, advérbios, verbos, adjetivos, substantivos, preposições, conjugações, interjeições.

Quindim, o rinoceronte, é quem leva o pessoal do Sítio do Picapau Amarelo (Emília, Pedrinho, Narizinho e Visconde de Sabugosa) para lá, e é ele quem tudo mostra e tudo explica. A obra de Lobato analisa os compêndios que circundam o ensino da gramática utilizado pela língua materna, além de demonstrar os confrontos existentes entre língua-padrão e não padrão.

O texto pressupõe que os gramáticos são detentores da língua ;O autor enfoca o confronto entre os gramáticos e lingüistas , usufruindo do discurso dos personagens apresentando um passeio por lugares povoados por sílabas , pronomes etc. A boneca Emília protagoniza o papel principal ao lado do rinoceronte Quindim que é considerado o “paquiderme sabidão” e “grandíssimo gramático”, ambos resistem contra o uso exagerado das normas figurativas e exteriorizam o caráter didático-pedagógico da obra estabelecendo assim o poderio da gramática.Evidenciam a relevância do preconceito lingüístico através do discurso.É interessante analisar também o público personagen:São crianças moradores do Sítio do pica-pau Amarelo que são moldadas para interceder também no pensamento adulto transportando os mesmos através da literatura infantil.

“Sabe-se que o escritor é aquele que pelo poder da criação “inventa” um mundo no qual aqueles que se aventuram a conhecer têm de se submeter as suas criações e (criaturas), seria um “aceitamento”, necessário (ou obrigado) das condições do sistema ao qual se deseja ligar, a fim de que se encontre a harmonia do bom estar da sobrevivência” .(DURGAN)

Ocorre uma denuncia da relação mascarada da gramática e dá lingüística. Na qual os gramáticos estudam as palavras da língua sendo que só os mesmos não absorvem uma relação gramática povo.Porém são considerados “os guardiães da língua”.O autor assume a posição de contestador e critico destas “normas lingüísticas “, bem como a posição de questionador dessa preocupação excessiva dos gramáticos em nomear e quoisificar. O autor criou uma narrativa extremamente envolvente e interessante na obra “Emília no país da gramática”, a qual proporciona a criação de uma nova metodologia voltada ao ensino de Língua e Literatura. Cujo enredo propiciou parâmetros para a formulação de um novo modelo de aulas de Língua Portuguesa. Monteiro Lobato ousou e inovou com objetivo de “transformar”. Muitos estudiosos de Lobato já afirmaram que o motivo para que ele tenha escrito este livro foi por "vingança", por ter sido reprovado aos quatorze anos de idade na prova de Português.Significando assim que além do olhar crítico do autor, havia um pouco de frustração... Por ter sido quando criança vítima desse método de ensino.

Referencias Bibliográficas:

(DURIGAN Marlene, NICOLA Janaína. Entre o discurso da inovação e a tradição gramatical: Em cena, Emília e Eulália, pág. 32)

(PEREIRA JUNIOR, Luiz Costa. A gramática de Emilia. IN: Revista Língua Portuguesa. Ano: II número 27,2007. pág.36-42)

Olívia dos Santos Nascimento
Enviado por Olívia dos Santos Nascimento em 11/08/2008
Reeditado em 01/11/2009
Código do texto: T1123367
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