Saia do Closet sem calundu, a poesia te chama!
Marccelus Bragg
Com as alpargatas em prosa, nós que somos desta Bahia das letras – a mesma nação acarajé e mãe de um Castro Alves, Antônio Short e Wally Salomão, vamos aproveitar o momento e dar um aperto de mãos. Dizer um sincero “prazer em te conhecer” ao poeta: Valdeck de Jesus.
 
Este artífice das palavras vem de Jequié. Está na casa dos trinta e é um profissional do turismo. Entende de sol, luz e cultura sertaneja. A sua visão mítica do passado se entusiasma, quando ele se lembra dos folclóricos repentistas das ruas da Cidade Sol. Recorda na sua pródiga imaginação a peleja eterna entre Deus e o Diabo. Uma ilíada. Uma batalha cantada por poetas populares e escutada em versos pela gente mais simples e humilde que não entrega os pontos diante do sofrimento. Da infância o medo, como quase toda criança tem - do lobisomem e do chupa sangue – aquela criatura de negro que desce pelo telhado pra sugar o sangue dos moleques endiabrados.

Adulto, Valdeck descobriu que a necrose da alma é fatal quando se sofre do mal de amor. E se for o amor entre iguais? Aquele amor bandido que alguns têm dentro de si e não tem a coragem de fazê-lo livre? Pois está na poesia a linguagem genuína que este letrado resolveu usar, para dizer que esteve por muito tempo no armário. Tendo que fingir e camufladamente falar à mulheres o que na realidade ele sempre quis dizer aos rapazes. Uma conversa franca de homem para homem. Consulente de um tempo de repressão, Valdeck afirma que estamos todos, homossexuais, vivendo um momento de maior abertura e de aceitação.
 
Então o seu livro não vai escandalizar ninguém... a sua poesia é pra fazer sair do calundu quem está sufocado no closet. Quem vive de cara feia e melancólico porque tudo e todos dizem não e o seu “eu” interior diz sim! Assumir-se gay ou lésbica é uma jornada do bem e que no final, na opinião de Valdeck haverá, para quem acredita em sonhos, um brilhante arco-íris representado pela liberdade.
 
Para um poeta o nunca ou o nada é algo que pode ser real. Há uma necessidade incrível de dar vida as palavras e fazê-las refletir num sentimento ou em alguém... Augusto dos Anjos dizia “No delírio, porém, da febre ardente / Da ventura fugaz e transitória / O peito rompe a capa tormentória / Para sorrindo palpitar contente”. Então de palpitação em palpitação vem o contente Valdeck mostrar o seu talento e digo mais. O rapaz faz uma poesia que tem um cunho social indiscutível. Faz uma apologia da felicidade homo. A intenção da arte deste homem é transmitir uma mensagem positiva quando o negócio é sair do armário.
 
E xô patriotada e pondo de lado a xenofobia reinante, o livro "A Brazilian Gay Man Coming Out from the Closet" está sendo lançado nos Estados Unidos e em inglês porque a chance e a oportunidade vieram daquelas bandas.
 
Bons ventos soprem a favor de Valdeck... a poesia gay precisa navegar conosco.
 
Um breve histórico do surgimento desta publicação:
A idéia de publicar um livro de poemas dirigidos aos meus amores surgiu da minha necessidade de dizer ao mundo que eu sou gay e que eu não tenho medo de que isso se torne público e também da minha vontade de ajudar outros gays, através do meu exemplo.
 
Algumas vezes eu ouvia relatos de amigos meus, me falando sobre “amores secretos”, sobre romances vividos às escondidas, etc., e eu então via meu passado, como se fosse num espelho. Lembrava da época em que passei por esse mesmo processo de “aceitação” do fato inegável de ser gay num país cheio de preconceitos. Aí surgiu o desafio. Sair do armário em grande estilo, como é próprio do mundo gay: Publicar um livro em escala mundial, numa língua falada nos quatro cantos do planeta. Depois de um amigo americano, Prince Kusi, me deu algumas dicas, não parei mais de pensar no assunto, até o momento de ver meu livro pronto, como se fosse um filho que acabava de nascer. Meu livro se chama “A Brazilian Gay Man Coming Out from the Closet” (Um gay brasileiro saindo do armário).
 
Valdeck Almeida de Jesus, Salvador/BA, 04 de novembro de 2004
 
My love Gel
 
To the real illusion:
I don't know if you are a goddess from Olympus,
Resurrected from the abyss,
Or if you are simply a human being,
Born in the Bahian capital;
A well-planned sculpture,
Or an accident that I sculpted;
Ethereal and abstract,
Or concretely real!
Either you are or you are not,
I touched and I felt you
— Felt you tremble with desire . . .
Whether dream or illusion,
 I only know that I remember
Your breathless breathing!
 
 
Em Português:
 
À ilusão real
Não sei se és uma Deusa do Olimpo
Ressuscitada do abismo
Ou se és um simples ser humano
Nascida na capital baiana;
Uma escultura bem planejada
Ou obra do acaso que a esculpiu;
Etérea e abstrata
Ou concretamente real!
Ou sejas ou não sejas,
Toquei e te senti
Te senti vibrar de tesão...
Sendo sonho ou ilusão
Só sei que me lembro
De sua ofegante respiração!
 
Valdeck Almeida de Jesus, Salvador,
22 de março de 1992
Barraca Beijoca, Patamares
 
Este livro brevemente será lançado no Brasil, em Português. Este mês ele estará disponível para compra via Internet:
www.Booksamillion.com www.barnesandnoble.com www.amazon.com
 
Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 23/05/2008
Código do texto: T1001564
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