UMA CHAMADA PERDIDA

DIREÇÃO: Eric Valette.

ELENCO: Shannyn Sossamon, Ed Burnes, Ed Harris, Gabriel Byrne, Azura Skye, Ana Cláudia Telancon.

ORIGEM/ANO DE PRODUÇÃO: EUA/2008.

DURAÇÃO: 87 min.

Mais um remake de filme japonês. Dito isso, poderia muito bem encerrar a resenha, pois todo mundo que gosta de cinema já sabe bem o que significa: suspense sobrenatural, alguns sustos, dezenas de clichês e, é claro, o indefectível fantasminha pálido que assola as imaginaçãoes orientais. Além de ser uma versão fraca do bom filme japonês CHAKUSHI ARI, creio que também estamos um tanto quanto saturados do estilo oriental de terror que tem invadido as nossas telas nos últimos anos. O que era novidade e inovação vai aos poucos se tornando repetitivo e para piorar a situação, Hollywood sempre dá um jeito do filme ficar mais comercial ainda, como se isso fosse possível...

Neste aqui, a estudante Beth Raymond (Shannyn Sossamon, de "Regras da atração") perde vários colegas de uma forma misteriosa, após receberem uma chamada telefônica onde seus próprios gritos de morte são ouvidos, de um futuro bem próximo. Visões perturbadoras parecem enlouquecer as vítimas, antes da hora fatal, que acontece exatamente no dia e horário prenunciados pelo telefonema. Um exorcista televisivo convence uma amiga de Beth, que também recebeu a ligação, a participar de um programa ao vivo, mas não consegue evitar sua morte. Intrigada, começa a investigar o motivo da maldição e descobre que a próxima pessoa a morrer é sempre escolhida a partir da lista de contatos do celular da vítima. É então que ela recebe a tal ligação, é claro, e tem que correr contra o tempo para descobrir um modo de anular a sentença de morte. Conta para isso, com a ajuda do policial Jack Andrew (Ed Burns, de "As aparências enganam"), que também perdeu a irmã após receber a maldita ligação no celular. De pista em pista, eles chegam a um hospital incendiado onde algumas das vítimas haviam trabalhado, e se vêem às voltas com o passado nebuloso de uma enfermeira e sua filhinha.

Se você assistiu ao trailler, possivelmente também foi fisgado pela exuberância da montagem, no melhor estilo montanha-russa, mas não se engane: UMA CHAMADA PERDIDA seria um ótimo média-metragem, mas não tem fôlego para segurar os 87 minutos de projeção, então se perde em tramas parelelas inúteis e na inexperiência do novato diretor Eric Valette, que além de desperdiçar uma boa oportunidade para homenagear o longa que inspirou o remake, dirigido pelo seu colega japonês Takashi Miike, ainda se contenta em fazer um filme óbvio demais, onde todo mundo sabe exatamente o que vai acontecer a seguir. Tudo bem, Alfred Hitchcock alcançou fama e prestígio fazendo exatamente isso, mas é coisa que somente os gênios conseguem, e esse não é propriamente o caso do francês Eric Valette.

Em alguns momentos é impossível não comparar UMA CHAMADA PERDIDA com outro remake oriental, O CHAMADO, de 1998. A diferença básica é que o sobrenatural, que antes se manifestava através de uma fita de VHS, agora aparece na forma de um celular, cujo toque específico deixa um clima de que algo terrível irá acontecer, mas quando acontece, não consegue impactar o espectador, o que é, no mínimo, frustrante, para um filme de terror. Outra detalhe mal trabalhado pelo roteiro é a pretensa fobia que a personagem principal sente por 'olhos-mágicos', uma vã tentativa de fazer com que o filme tenha uma densidade psicológica, mas que no final só serve para tornar a trama mais arrastada.

Esperamos sinceramente que o cinema americano dê um tempo nesses remakes que não acrescentam nada à obra original, pelo contrário, apenas servem para reafirmar que estas são bem superiores às cópias, e para roubar um público que poderia estar assistindo a bons filmes orientais em DVD.

COTAÇÃO: FRACO.

Resenha crítica publicada no site Cranik, do qual o autor é crítico de cinema. Para ver mais de 200 resenhas de filmes variados, acesse www.cranik.com