ENCURRALADOS
Direção: Mike Barker
Elenco: Pierce Brosnan, Gerard Butler, Maria Bello, Emma Karwandy.
Origem/Ano de produção: Canadá-Inglaterra/2007.
Duração: 98 min.
Eis aqui uma grata surpresa: exceptuando-se o péssimo título em português (o original, "Butterfly on a wheel", cunhado de um poema de Alexander Pope, poeta britânico do século XVIII, literalmente quer dizer "Borboleta na roda", uma alusão à força empregada em demasia para destruir algo frágil), ENCURRALADOS é um filme que surpreende justamente por ser mais do que aparenta. Um princípio água com açúcar, um desenrolar aparentemente tosco e infantil, e um final totalmente inesperado fazem o charme dessa produção britânico-canadense, capitaneada pelo ex-007 Pierce Brosnan (que, aliás, também é um dos produtores do filme).
Neil e Abbey Randall (Gerard Butler, de "300" e Maria Bello, de "Marcas da violência) vivem o que parece ser o sonho americano: uma bela casa, um belo carro, uma bela filha, um belo emprego e tudo parece ir de vento em popa na vida do casal. O publicitário é um dos queridinhos do seu chefe no escritório onde trabalha e tudo indica que receberá uma promoção em breve. Num belo dia em que Neil se prepara para passar o final de semana no chalé do chefe e Abbey vai aproveitar para sair com uma amiga, eis que surge Tom Ryan (Pierce Brosnan), um sujeito aparentemente louco, que diz ter seqüestrado a filha do casal, Sophie. Suspeita confirmada, os dois passam a ter que seguir ordens que beiram o ridículo, como conseguir 300 dólares para pagar a conta do restaurante e entregar uma caixa vazia em um endereço qualquer num prazo de tempo determinado, bem ao estilo "Duro de matar III". Nesse momento é que o filme parece não fazer muito sentido, pois as tarefas que Tom Ryan encarrega os dois de cumprirem parecem tão infantis quanto inconseqüentes. Se nesse ponto você, espectador, se sentir incomodado, não se preocupe, há uma explicação. Aliás, explicação é tudo que o seqüestrador não dá aos Randalls, o que torna o caso cada vez mais inverossímil, ao menos do ponto de vista do casal.
Chegamos então à parte em que começam os desentendimentos, pois enquanto a esposa quer seguir à risca os planos do seqüestrador, o marido quer se rebelar e resolver tudo à sua maneira. É nesse momento que Neil começa a perder o controle e a demonstrar toda sua insegurança, fazendo com que aquela vida "perfeita" que levara até então se desfaça pouco a pouco, até desmoronar por completo na última seqüência do filme, com uma reviravolta muito bem planejada pelo roteirista William Morrissey, que lança luz à alguns detalhes que os mais observadores não haviam conseguido entender. Vale também pela conclusão, que explica tudo de uma forma simples, mas deixa o final em aberto, ao encargo da imaginação de cada espectador: afinal, eles ficam juntos ou não?...
A direção de Mike Barker é segura, deixando os bons atores Pierce Brosnan, Gerard Butler e Maria Bella totalmente à vontade para fazerem a sua parte.
Uma curiosidade: a cena onde Pierce Brosnan perde o controle do carro e bate na mureta de um estacionamento é real, e foi aproveitada pelo diretor, que achou a reação dos atores ao acidente muito de acordo com os personagens.
COTAÇÃO: BOM
Resenha crítica publicada no site Cranik, do qual o autor é crítico de cinema. Para ver mais de 200 resenhas de filmes variados, acesse www.cranik.com