Paranoid Park
Ao final da projeção surge de todos os lados da sala de cinema risos desdenhosos, irônicos e depreciativos. Quem entendeu de fato o filme, se sentiu envergonhado de estar ali, envergonhado de ser brasileiro, envergonhado da nossa juventude, envergonhado de tamanha ignorância, da incapacidade de avaliar e compreender um produto artístico de tamanha qualidade e significância.
O mais novo filme de Gus Vant continua a buscar entender o universo dos jovens, através de uma abordagem mais introspectiva. A trama se passa com o jovem skatista de 16 anos, Alex (Gabe Nevins). Ele visita o parque mitológico dos amantes do skate, o Paranoid Park, com um amigo.
Ao voltar do Paranoid Park no trem pelo lado de fora, Alex acaba matando acidentalmente um experiente guarda local. Esse acontecimento vai nortear todo o longa. A partir desse acidente, o jovem skatista se retrai e se isola ainda mais do restante do mundo, a medida que a idéia de que ele matou um homem vai se solidificando na sua consciência.
O filme começa pelo meio quando Alex começa a escrever uma carta sobre o episódio, por sugestão de uma amiga, como uma forma de terapia, para aliviar o peso de sua consciência, porém nunca sabemos o que está escrito nela. "Paranoid Park" não possui um desenrolar cronológico, porém as sequência do retrocedimento da história, sempre esclarecem o espectador acerca dos fatos.
O longa não é nada convencional, são raros os diálogos, Gus Vant tenta nos esclarecer o que se passa com esse garoto através do seu silêncio e expressões. A idéia de trabalhar somente com atores amadores aproxima o filme do que se propõe que é imergir no universo real dos jovens. Como já foi comprovado no início do texto, esse filme não irá agradar a qualquer, é preciso se transportar para o universo criado por Gus Vant, ter sensibilidade para captar os mínimos detalhes.
O filme não nos tráz respostas prontas, muito menos uma conclusão. Ele apenas incita uma reflexão absolutamente pertinente. "Paranoid Park" não é um produto, é um meio, uma ferramenta com um propósito definido. É uma obra como poucas, só quem viu e teve sensibilidade necessária para absorvê-la, sabe do que eu estou falando.
Nota 8,0
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