Primo Basílio: novela global na tela de cinema

A adaptação do grande clássico de Eça de Queiroz, "Primo Basílio", é ambientado na São Paulo do final da década de 50. A doce Luiza (Débora Falabella) é casada com o engenheiro Jorge (Reynaldo Gianecchini). Após muitos anos, Luiza reencontra seu primo Basílio (Fábio Assunção) com quem teve um namoro na juventude. Jorge, envolvido com a construção de Brasília, acaba viajando para lá. Era o que faltava para reaproximar Luiza e Basílio, porém a empregada da casa, Juliana (Glória Pires) acaba encontrando umas cartas comprometedoras e passa a chantagear Luiza, afim de obter sua aposentadoria.

Essa trama é conhecida por milhares de pessoas, através das páginas do livro de Eça de Queiroz, um clássico do Romantismo. O Diretor Daniel Filho tinha uma tarefa nada espinhosa pela frente, transformar a trama do livro de Eça de Queiroz em um filme, haja visto que o enredo em si e as características dos personagens por si só tratariam de prender o público atento durante todo o longa. O filme não alcançou tudo que uma obra dessa magnitude lhe proporcionava. A começar pela construção do personagens que difere daquela feita por Eça. Luiza deixa de ser uma donzela ingênua que foi seduzida pelo primo e passa a ter a mesma parcela de culpa que Basílio. Já Juliana perdeu seu caratér tirano, de vilã e ganhou doses de humor, uma adaptação totalmente desnecessária prejudicial ao contexto da obra. Em todos os personagens faltou a profundidade que sobrava na obra literária.

Quanto aos aspectos técnicos, o filme se aproximou bastante à uma novela global, não tanto pelos personagens, mas pelas tomadas das câmeras e do roteiro em si. Praticamente todas as escolhas feitas pelo diretor foram equívocadas ou não surtiram o efeito esperado. O filme prende atenção do público justamente por ter uma estrutura novelesca, de acontecimentos pobres em conteúdo, porém agéis e com ápices que não deixam ninguém desgrudar da tela. Como produção cinematográfica o filme é fraco e não convence, a adaptação não foi bem feita e não acrescentou nada a quem já leu a obra e nem instiga as pessoas a correrem às livrarias e adquirir o livro.