300

Direção: Zack Snyder

Elenco: Gerard Butler, Lena Heardey, Dominic West, David Wenhan, Rodrigo Santoro, Vincent Reagan.

Origem/Ano de produção: EUA/2006

Duração: 117 min.

Antes de tudo, devemos dizer que 300 não é um filme recomendável para espíritos sensíveis. As cenas, principalmente de batalhas, são cruas e violentas, retratando a verdade histórica por trás da mini-série em quadrinhos “Os 300 de Esparta”, do premiadíssimo Frank Miller. Durante todo o filme há um festival de mortes e o diretor Zack Snyder, mais conhecido por aqui pelo remake de “Madrugada dos mortos”, clássico setentista de George Romero, não economiza nos litros e mais litros de sangue que respingam no colo dos espectadores mais desavisados. É bom deixar claro que isso não chega a ser considerado um defeito para um épico, o sangue, como personagem, tem lá seu valor dentro da trama.

O filme conta uma história de bravura e heroísmo: em 480 a.C. o Rei Leônidas, de Esparta, saiu ao encontro do numeroso exército do Rei Xerxes da Pérsia contando apenas com os trezentos guerreiros da sua guarda pessoal e mais alguns voluntários e curiosos, que, por sinal, pulam fora quando a coisa fica preta para o lado deles. Usando um criativo estratagema, Leônidas e seu pequeno exército de ferozes guerreiros conseguem resistir bravamente por três dias, infringindo pesadas perdas ao inimigo, numa típica batalha de Davi contra Golias.

Eis aqui um filme onde o excesso de tecnologia, que normalmente atrapalha o bom andamento de uma história, só ressalta as qualidades da produção. Desde as coreografias das lutas, passando pelos cenários em tons pastéis e as indumentárias dos guerreiros, tudo colabora para que 300 seja um grande espetáculo visual. É claro que a atuação do elenco foi primordial para transformar o filme num sucesso de público. O ator escocês Gerard Butler brilha na pele do Rei Leônidas, numa atuação segura, dosando com perfeição os momentos de explosão e fúria com aqueles mais comedidos e introspectivos. Boas atuações também para Lena Heardey, como a Rainha Gorgo, papel que cresceu de importância em relação à HQ, e Rodrigo Santoro, o prepotente Rei Xerxes, que apesar da pequena participação consegue se destacar, aqui muito distante da figura de galã a que estamos acostumados a vê-lo. O roteiro também colabora, dosando diálogos bem amarrados com a ação que permeia toda a fita. Provavelmente o único senão, além do excesso de violência, seja a insistência em utilizar-se da já ultrapassada figura do narrador, o que parece ser inerente ao gênero épico no cinema. Talvez os diretores e roteiristas devessem acreditar um pouco mais na inteligência dos espectadores e em sua capacidade de entender o que está acontecendo na tela.

Cotação: BOM

Resenha crítica publicada no site Cranik, do qual o autor é crítico de cinema. Para ver mais de 200 resenhas de filmes variados, acesse www.cranik.com