PONTO DE VISTA

Direção: Pete Travis

Elenco: Dennis Quaid, Matthew Fox, William Hurt, Forest Whitaker, Sigourney Weaver, Edgar Ramirez, Eduardo Noriega.

Origem/Ano de produção: EUA/2008

Duração: 92 min.

Talvez a melhor palavra para descrever PONTO DE VISTA seja vertiginoso. O diretor Pete Travis, imaginando eventuais comparações com o seriado 24 hs, optou por seguir uma narrativa pouco convencional, dividindo o filme em vários segmentos de um mesmo acontecimento – Os tais pontos de vista.

Aparentemente, o roteiro conta uma história já conhecida por todos: organização terrorista atenta contra a vida do presidente norte-americano, durante uma conferência na Espanha. Tentando fugir do lugar-comum, Travis e o roteirista Barry Levy bolaram o esquema, até certo ponto interessante, de conduzirem a narrativa ao clímax, e, subitamente, voltar atrás, ao início de tudo. Esse subterfúgio faz com que o filme tenha cerca de quinze minutos do seu tempo repetidos à exaustão, embora a constante repetição das mesmas cenas não cheguem a cansar a platéia, porquanto insere novos dados que ajudarão na elucidação do problema proposto.

Seguindo o mesmo esquema do seriado 24 hs, PONTO DE VISTA não deixa o espectador tomar fôlego, vai de surpresa em surpresa, como numa montanha-russa de adrenalina. O grande problema é que quando se opta por imprimir um ritmo alucinante a um filme de ação, corre-se o risco de ressaltar as falhas do roteiro e a falta de profundidade das personagens, na medida em que as ações tornam-se muito mais importantes que as emoções. Nesse sentido o diretor peca, pois apenas o Thomas Barnes do sempre correto Dennis Quaid oferece ao espectador uma faceta psicológica mais apurada, e isso somente no início, faceta essa logo esquecida em detrimento à ação desenfreada do restante do filme. Nem os Oscarizados William Hurt (como o presidente Asthon) e Forest Whitaker (o turista Howard Lewis), que já demonstraram serem ótimos atores, nem Matthew Fox, o doutor Jack da série Lost, conseguem escapar de uma atuação burocrática. E o que dizer então da produtora de televisão Rex Brooks, interpretada por Sigourne Weaver, que desaparece da trama após os dez minutos iniciais?

Também não fica muito claro qual a intenção final dos terroristas nem os motivos que levam um agente do serviço secreto americano e um cinegrafista de televisão a compactuarem com os extremistas, ou como um líder que mata centenas de pessoas explodindo uma bomba numa praça lotada, de repente coloca tudo a perder apenas para não atropelar uma menina de dez anos.

Apesar dos problemas, o filme consegue segurar bem os 92 minutos de projeção, na base de muita ação e corre-corre. Destaque para a boa escolha do cenário, a cidade espanhola de Salamanca, que empresta suas cores fortes à trama e torna as cenas de ação muito mais interessantes do que se tivessem sido gravadas em alguma cidade americana.

COTAÇÃO: BOM

Resenha crítica publicada no site Cranik, do qual o autor é crítico de cinema. Para ler mais de 200 resenhas de filmes variados, acesse http://www.cranik.com