Resenha crítica do filme "Revolution"de Hugh Hudson
Batalhas violentas, paixão por uma causa, paisagens significantes do nascimento de uma grande nação.
Logo na abertura do filme, observamos o clima de revolta nas ruas de Nova York.Cidadãos comuns, unidos pelos ideais de liberdade, contra as intoleráveis leis inglesas. No ambiente aberto reina a paixão aliada ao desejo revolucionário colonial, desejo esse tão fortemente incitado pelo panfleto de Tom Paine, o qual enxota a luta pela sonhada liberdade.
Na verdade, a revolta aberta somente teve início, no momento em que o rei declara os americanos em rebeldia, ocasionando assim a clareza das posições e lutas dos colonos americanos em busca da independência.
Ficou evidente no decorrer do filme que, muitas vezes, as pessoas se viam obrigadas a se alistarem para o campo de batalha, fato esse explicito no comportamento do personagem de AL PACINO, o Tom Dobb, que se rebelava e gritava aos quatro ventos: essa guerra não é minha! No entanto, alistou-se levado pelo instinto paternal de proteção ao filho menor, que movido talvez pela emoção ou curiosidade infantil, alistou-se mesmo sendo criança e sem a presença dos seus responsáveis. Esse fato demonstra de forma geral que os americanos eram excitados a participar da luta pela independência incluindo mulheres, homens e crianças de variadas idades. Seria isso um abuso, um erro, uma irresponsabilidade? Como condenar mediante o sucesso dos resultados?
As treze colônias americanas realmente, apesar das lutas internas, conseguiram desafiar a nação mais poderosa do mundo! Esse importante acontecimento começa em março de 1975 com a tomada de Boston pelos americanos. È importante ressaltar também problemas quanto a organização, pois mesmo possuindo grande força de vontade, inúmeros voluntários do exercito por exemplo,alistados por um ano e meio, muitas vezes abandonavam a luta para cuidar de seus afazeres.
Foram vencidos em Nova York e Filadélfia em 1777, mas ao ganharem a batalha de Saratoga, o animo voltou a se restabelecer nos colonos. A decisiva intervenção francesa foi de suprema importância para o sucesso americano. Os franceses também movidos pelos ideais de liberdade do movimento e ao serem motivados por Franklin, viram nesse apoio a oportunidade de vingar-se da Inglaterra, pelas pesadas perdas de 1763. Ajudaram os americanos inclusive transferindo dinheiros para eles e após a assinatura de um contrato, buscaram a aliança dos espanhóis contra os ingleses.
A luta dos Estados Unidos contra a Inglaterra foi apenas uma
guerra de independência ou foi uma revolução?
Esse questionamento é feito pelo autor Jaques Dechot, que propõe também uma reflexão sobre o tema: “Guerra pela Independência Americana ou Revolução Social? Responde que os historiadores americanos se dividem a esse respeito. Mas afirma que a Guerra da América foi de forma incontestável, uma grande revolução política. E fundamenta sua afirmação com base na adesão dos patriotas às idéias dos filósofos, especialmente Rousseau, Montesquieu e Locke, que escreveram que todo governo deveria ser fundamentado num contrato social.
O produtor Irwin Winkler e o diretor Hugh Hudson, evidenciam momentos fortes que marcam de forma peculiar a exploração da burguesia que efetivamente lucrava confortavelmente, enquanto o povo lutava heroicamente, vestidos em roupas comuns, enquanto os poderosos repetiam: não importa quem merece ganhar mas quem ganha. Numa alusão aos interesses capitalistas e não ao puro desejo de liberdade!
O filme se prende um pouco ao sentimento de família, ao amor e ao comportamento do personagem principal, sua trajetória de vida e seu amor por Deise, mulher patriota que encoraja Dobb a permanecer no campo de batalha e se torna no final sua companheira.
A descrição psicológica desse personagem centraliza-se no seu desejo pessoal de liberdade, o sonho de uma vida calma, harmoniosa, sem lutas.
As pessoas personificadas em Dobb,foram ludibriadas pelas autoridades, ao prometerem dinheiro aos combatentes e não cumprirem a promessa, sem contar nos maus tratos e a má alimentação. Essa é a história vista de baixo, dos heróis do povo, da vitória da população americana como um todo, índios, negros, brancos...Pois ainda assim, sendo por vezes usados, seguiram em frente e lutaram bravamente por seus ideais!
Na história muitas são as ações que terminam por transcender
A vontade imediata daquele que a desencadeia.Pretendendo
Eliminar num ato de vingança o inimigo, um homem ateia
Fogo a um rastilho para destruir a casa. As labaredas
Do incêndio terminaram por fugir-lhe do controle e toda a região,
Inclusive sua residência é devorada pelas chamas.
Esse exemplo dado por Hegel, determina o papel histórico do General Tomas Gage, que ao tomar consciência que os colonos americanos haviam armazenado armas e munições num pequeno vilarejo nas redondezas de Boston, ordenou então uma operação de busca e captura. Os tiros dados pelos colonos tinham o objetivo de travar a marcha da coluna inglesa.O que aconteceu realmente foi que os tiros ecoaram pelo mundo, desencadeando a primeira revolução das Américas, contra o colonialismo europeu.
Esse filme proporcionou uma reflexão sobre a necessidade de coragem e iniciativa dos povos em determinadas situações em que a esperança deve substituir o medo, a coragem, a covardia e a morte apenas o sacrifício pessoal pelo bem comum da coletividade.
A presença de Ned, filho de Dobb é um exemplo marcante durante várias cenas principalmente pela demonstração de força, coragem determinação, inclusive quando incentiva o pai, quando o mesmo tenta recuar. Portanto, a união de pai e filho, a ajuda mútua nos momentos difíceis, na cumplicidade de cada ação, torna o filme menos denso, haja vista o colorido fosco e a fraca iluminação proporcionam um pouco de cansaço. Apesar disso, que é tão pouco diante do conhecimento construído, valeu a pena rememorar, agora com o enriquecimento de detalhes, esse acontecimento que influenciou tanto outro pelo mundo afora!