Trump & Machiavelli

As resenhas de filmes que escrevo tende ao leitor que quer saber do enredo. Só isso.

O Aprendiz é um grande filme e deveria ter levado o Oscar. É delirantemente nojento. Não escatológico de excrementos, mas moralmente nojento. Leva às últimas consequências o cinismo e a crueldade maquiavélica.

No inicio, Trump é retratado como um empreendedor bonzinho perseguido por minorias. Conhece Roy Cohn, advogado. Juntos escancaram a corrupção jurídica e administrativa da cidade de New York.

Como os autores afirmam que os fatos são reais, fica a frase de Donald no final; "Minha verdade, a tua verdade e a dele, não se misturam."

Eu entendi que que Roy se apaixona pela figura nórdica-wasp de Trump e decide ajudá-lo (gratuitamente. O quê?) a chantagear juízes e políticos novaiorquinos. É sempre uma coisa só. Liberar todos os imposto em troca de grandes obras privadas que geram milhares de emprego. Só o prefeito Ed Koch barrou Trump.

Daí em diante Donald se torna o próprio Roy Cohn na sua versão mais visceral. No filme não conta, mas Trump fez uma campanha tão grande de difamação a Koch que ele perdeu a eleição para o primeiro negro como prefeito de New York, apoiado por ele.

Os lugares e a reprodução da época não tem nenhum deslize e o frenesi do roteiro são superbos. Uma das cenas impactantes é filmada como se fosse por celular em público, onde criador e criatura se encontram. A atuação de Jeremy Strong (indicado como coadjuvante) e Sebastian Stan (indicado ao Oscar como ator principal) ficará nos anais do cinema. De um lado se vê o desespero e o ressentimento que nos aperta o coração. Do outro, o cinismo e a ingratidão que nos enoja. Sensacional.

Outra cena marcante é quando Donald, num surto de raiva, estupra a esposa Ivana.

É mostrado o envolvimento dele com a escort-girl e sua declaração de que estava apaixonado por ela.

É fascinante como Ivana tem que demonstrar em público orgulho por Trump, enquanto ele lhe dá créditos como decoradora de ambientes. Depois do estupro.

Aqui fica a dúvida se todas as estrepolias sexuais de Trump não foram secretamente vazadas pela esposa.

A Substancia é grotesco.

Em O Brutalista há deslizes de contra-regra e cena desnecessária de sodomia. Sem contar o final truncado que parece final de novela fracassada.

O Conclave é chato e Coppola fez muito melhor em O poderoso Chefão III sobre os pecados e virtudes dos cardeais. Aqui parece que dissimuladamente queriam agradar aos lbtg+etc elegendo um cardeal do terceiro mundo, pardo e hermafrodita.

Anora me irritou e era uma história banal requentada.

O filme brasileiro não chega aos pés do que argentinos e chilenos já fizeram antes sobre o mesmo tema.

Os outros filmes concorrentes não quis ver.