Nasce uma estrela

Em “Nasce uma estrela” podemos identificar diversos problemas relacionados à saúde mental. Ally é extremamente talentosa, mas conformada em deixar o seu talento de lado, devido a sentir que não se encaixa nos padrões da indústria. Como é insegura e não construiu uma base forte para consigo mesma, logo com a ajuda do produtor se molda para que consiga alcançar o sucesso em sua carreira, transformando-se assim em um produto passível de vendas, enterrando sua subjetividade. Por outro lado, mantém um relacionamento com Jackson, um adicto que repete a história do pai com o alcoolismo e até então não busca um tratamento. Encontra no vício em bebidas e pílulas uma forma de camuflar seu vazio existencial. O relacionamento entre os dois reflete em uma união de sintomas, ela insegura e codependente, ele adicto e em declínio da carreira, sentindo na pele tudo que o vício pode roubar. O filme demonstra a fragilidade da saúde mental, a sensação de se sentir um peso, de não saber lidar com a doença, a insegurança e suas nuances, um relacionamento baseado em feridas abertas de ambos, além de outras demandas psicológicas que nem o maior sucesso consegue resolver. Traz importantes reflexões e talvez a maior delas seja: não há sucesso, nem relacionamento que salve alguém que nega a si mesmo: suas inseguranças, sua doença, suas mazelas. É preciso se a ver e lidar com suas dores para que elas não reflitam em outras áreas da vida. O que parece ser “apenas” um romance, na verdade é uma exemplificação de que devemos sempre ter um olhar cuidadoso e afetuoso para nossas demandas emocionais. Afinal caso não ressignifiquemos nossas dores, elas podem nos engolir. Não há nada do lado de fora que resolva o que dói por dentro. Sejamos responsáveis com nossas feridas e saibamos fazer das mesmas, uma escada para o verdadeiro sucesso: estar em paz consigo mesmo.

Daniella Dantas
Enviado por Daniella Dantas em 16/01/2025
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