ZODÍACO: O ASSASSINO EM SÉRIE QUE VIROU FILME.

Mais uma vez, por indicação do grande Barcinski, fui assistir Zodíaco, do diretor David Fincher, que ele chamou de o melhor filme desse cineasta. É difícil imaginar que isso seja verdade, considerando que é o mesmo diretor de Seven. Mas Zodíaco, de fato, é um grande filme, embora eu o considere inferior à obra mais aclamada de Fincher. Ainda assim, é um filme impressionante, baseado em fatos reais — e é sobre esses fatos que quero falar neste texto.

 

O filme é baseado no livro Zodíaco, do cartunista Robert Graysmith, que trabalhou no San Francisco Chronicle até se aposentar para escrever sobre um serial killer que aterrorizou São Francisco no final da década de 60, autointitulado “Zodíaco”. A adaptação de Fincher para as telonas conta com um elenco estrelado, formado por alguns dos meus atores prediletos. Jake Gyllenhaal interpreta Robert Graysmith, Mark Ruffalo vive o principal investigador do caso, Dave Toschi, e Robert Downey Jr. interpreta o jornalista do Chronicle, Paul Avery.

 

No filme, o personagem de Jake Gyllenhaal, apesar de ser um simples cartunista do jornal, se envolve no caso Zodíaco a ponto da obsessão, o que destruiu sua vida pessoal. Sua família o abandona devido à sua dedicação exclusiva à investigação, que também os coloca em risco. No entanto, Graysmith foi fundamental para avançar nas investigações, embora, até hoje, a verdadeira identidade do assassino do Zodíaco não tenha sido revelada.

 

O filme aponta como principal suspeito Arthur Leigh Allen, uma figura estranha, condenada por pedofilia e retratada como misandrica e excêntrica. Ele tinha várias ligações com o caso, como possuir um relógio da marca Zodíaco, botas semelhantes às usadas em uma das cenas do crime e armas compatíveis. Porém, sua caligrafia não coincidia com a das cartas enviadas pelo assassino aos jornais de São Francisco. Essas cartas, algumas criptografadas, continham insultos e ameaças a jornalistas, além de promessas de novos ataques caso não fossem publicadas.

 

No próprio filme, é mencionado que a amostra de DNA de Leigh não coincidiu com a coletada em uma cena do crime. Contudo, suspeita-se de contaminação na obtenção dessa evidência, o que a tornou inconclusiva. Já em 2021, um grupo de 40 investigadores independentes apontou Gary Francis Poste como o verdadeiro assassino. Chegaram a essa conclusão analisando uma foto de Gary e comparando-a com o retrato falado do Zodíaco.

 

Curiosamente, para os padrões de um serial killer, o assassino do Zodíaco teve relativamente poucas mortes confirmadas — apenas cinco, de acordo com minhas pesquisas. É “relativamente pouco” porque uma única morte já é muita coisa, mas, para os padrões de um sociopata, foi uma contagem baixa.

 

O que me chama atenção é a inteligência elevada atribuída a serial killers retratados em filmes, como em Seven ou Hannibal em O Silêncio dos Inocentes. Na vida real, não sei se isso é verdade. Pelos casos que conhecemos, como o Bandido da Luz Vermelha ou o Maníaco do Parque, eles parecem ter um poder de convencimento significativo, mas não possuem inteligência extraordinária. Muitas vezes, são pessoas humildes. Esses assassinos agem mais por um impulso maligno e uma ânsia incontida de subjugar o outro, vê-lo sofrer, ou eliminá-lo para sua própria satisfação — algo mais poderoso que um orgasmo, como o próprio assassino do Zodíaco escreveu.

 

Essa patologia está presente em toda a sociedade, embora nem todos tenham a audácia de executar planos doentios. Filmes como Psicopata Americano ilustram bem isso. Esses indivíduos podem estar em qualquer lugar, até mesmo em plataformas como o Recanto das Letras. Recomendo que pesquisem o perfil “Kill Grave” aqui no RL, caso tenham curiosidade. Por acaso, acessei um dos textos dele e me deparei com escritos abjetos, que demonstram total perversidade e falta de empatia pelo próximo. É um exemplo claro de como pensa um potencial serial killer.

 

Dave Le Dave II
Enviado por Dave Le Dave II em 18/11/2024
Reeditado em 18/11/2024
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