Filme “reflexões de um liquidificador”
“Eu deveria me lembrar mais do corpo humano, porque cada parte é inimiga da outra. Os ouvidos torcem o que escutam. Os olhos distorcem o que veem. A língua usa e abusa de frases para seduzir, confundir, melhorar ou piorar as coisas, conforme lhe dá na teia.”
Reflexões de um liquidificador é um filme irreverente, surpreendente, que foge totalmente do convencional. Nele, acompanhamos o cotidiano de um casal de idosos, que levam uma vida aparentemente normal, exceto pelo fato de que a protagonista conversa com o seu liquidificador, o qual começou a “ganhar vida” após ter sua hélice trocada. A “máquina velha” (narrada por Selton Melo) traz reflexões fantásticas sobre as relações humanas, uma vez que assiste tudo pelo lado de fora, portanto percebe fatos que não observamos mais, por sermos engolidos pelo cotidiano. Talvez para alguns não seja um filme confortável, apesar de trazer um humor ácido, pois além de retratar um assassinato, demonstra o ser humano em sua essência: suas mazelas emocionais e suas “podridões”, isso em meio a um cotidiano totalmente pacato. Retrata a vida de uma forma simples, porém ao mesmo tempo absolutamente complexa. Além de risadas e da estranheza de um liquidificador falante, carrega consigo ensinamentos fortes e reflexões acerca dessa incógnita que é a vida e as relações que nela se formam.