O Menino e a Garça (2023) - Análise com Spoilers
Eu estava assistindo, e no meio daquela confusão que estava a minha cabeça, me veio uma frase da Elke Maravilha "A morte é o orgasmo da vida". É o grande momento, é para isso que nascemos, ou uma das muitas missões que temos.
Precisei ver alguns minutos iniciais da crítica da Isabela Boscov para confirmar a minha teoria de que algumas ideias anteriores foram aproveitadas nesse longa. A jornada da Chihiro, a teoria do caos em princesa Mononoke (principalmente), a mensagem da efemeridade da vida em "Os Pequeninos". Tudo contribui para a mensagem final.
O contexto da guerra e a luta no mundo espiritual culminam nas peças brancas mostradas no filme. É como o Mahito diz, elas contém uma força do mal, e o que são as forças do mal se não a derrota de um. É como, se você passou numa faculdade disputada é porque alguém não passou, se tem medalha de ouro, é porque tem a de prata, e por aí vai. A teoria do caos vai além da borboleta, ela é também o próprio caos, a ordem é uma desordem, o natural é que as folhas caiam no quintal, mas o humano vai lá com sua ordem e varre as folhas.
Por isso a destruição do mundo espiritual é mostrada de uma maneira extremamente bonita, é como em "Princesa Mononoke", e só um parênteses nesse filme. Em "Princesa Mononoke" não há inimigos, os humanos protegem-se como podem, e se saciam do poder, mas os animais, os lobos e os javalis fazem o mesmo. A natureza encarnada naquele cervo com rosto de homem, é o único com a consciência disso. Ele não amaldiçoa a Lady Eboshi quando ela "tira a vida" dele, ou deixa de mostrar piedade perante ao orgulho do deus Javali.
Desculpa o brain storm.
Esse desinteresse pelo poder, ou pela ordem se faz muito presente em "O Menino e a Garça". O universo, as folhas, as pedras, os animais, os espíritos estavam todos lá, então a consciência, necessitada de certezas, pôs ordem em tudo.
Tem sua mensagem de luto, mas fiquei tão fissurado na parte lúdica, e delirante, que eu nem prestei atenção nesse restante.