Em algum lugar do passado, resenha 

 

Resenha do filme "Em algum lugar do passado" (Somewhere in time): EUA, Rastar, Universal, 1980, 103 minutos. Produção: Stephen Deutsch e Ray Stark. Direção: Jeannot Szwarc. Roteiro de Richard Matheson com base em seu romance. Música: John Barry e Rapsódia sobre um tema de Paganini, por Sergei Rachmaninoff. Com Christopher Reeve (Richard Collier), Jane Seymor (Elise Mc Kenna), Susan French (idem), Christopher Plummer (Robinson), Teresa Wright, Richard Matheson.

 

Muitas pessoas apreciaram esta fita de ficção científica, de resto baseada em romance do conhecido Richard Matheson, autor também do clássico "I am a legend" (Eu sou a lemda), já filmado três vezes. Matheson também roteirizou filmes de Roger Corman. E também é roteirista deste "Em algum lugar do passado".

Todavia a história contada é piegas, inverossímil e com pontas soltas, além de cenas constrangedoras. Para mim foi difícil assistir até o fim.

Cristopher Reeve interpreta, sem muita convicção, o autor teatral Richard Collier, que ao lançar uma peça é abordado por uma mulher muito idosa que lhe entrega um relógio e murmura: "Volte para mim". E assim começa a jornada de Collier; ao descobrir que se tratava da atriz Elise Mc Kenna, que faleceu pouco depois deste encontro, e ver o seu retrato, acaba consultando um cientista a respeito da viagem no tempo. Com base no que aprendeu ele aluga um quarto de hotel e se auto-sugestiona até conseguir viajar ao passado - praticamente com a roupa do corpo - e travar conhecimento com a musa misteriosa.

O romance de amor que se verifica é bobinho, mantido mediante a ocultação dos fatos. Mesmo se não passasse o efeito da auto -hipnose - pela descoberta de uma moeda de sua época esquecida no bolso do paletó - como poderia Collier sustentar uma história pessoal, se ele vinha do futuro? Não havia quem o conhecesse em 1912; e seria muito difícil explicar sua origem a Mc Kenna.

O empresário da atriz, Robinson (Christopher Plummer) tinha portanto razão ao desconfiar de Collier. Aliás esse personagem Robinson acaba se perdendo na trama. E Collier, obsecado por um amor impossível, deixou para trás todos os seus parentes, conhecimentos e posses. Pode isso?

Ainda tem o caso do relógio que ficou na posse de Elise após o sumiço de Richard; e ela, já velha, o devolveu a ele. Ou seja, preso num círculo vicioso temporal, o relógio não tem origem.

 

Rio de Janeiro, 31 de julho de 2024.