John Henry: lenda norte-americana

 

Resenha da animação de curta-metragem "John Henry". Walt Disney Pictures, EUA, 1999. Produção: Steven Keller. Direção: Mark Henn. Roteiro: Shirley Pearce. Argumento: Jim Story, Tom Labaff e Nathan Greno. Trilha sonora composta e conduzida por Stephen James Taylor. Canções de Gary Hines e Billy Steele interpretadas por The Sounds of Blakness. Supervisão de argumento: Tim Hodge. Duração: 10 minutos.

Elenco de dublagem;

John Henry......... ............... Geoffrey Jones

Polly Henry...............,......... Alfre Woodard

Narração,,............................Alfre Woodard

Thomas.................................Dave Murray

Mac Tavish...........................Tim Hodge

 

Confesso que eu desconhecia a história de John Henry, uma lenda norte-americana cuja real existência é controversa. Mas toda lenda tem seu fundo de verdade.

Os Estados Unidos são um país novo se comparado à Grécia, China, Índia, Japão, Egito etc. Por isso suas lendas, exceto as dos índios, são poucas e recentes. A de John Henry é da segunda metade do século 19.

E segundo consta é um apanagio do povo negro daquele país.

John Henry - nem sabemos se era o seu verdadeiro nome - foi, com sua noiva Polly, um escravo até que, no fim da guerra civil, veio a alforria propiciada por Lincoln. John e Polly se casaram, tiveram um filho mas precisavam de trabalho. John então se empregou numa ferrovia 🚆; ela teria sido construída na Virgínia Ocidental.

John Henry era enorme, dono de uma força descomunal; ele animava os demais trabalhadores, pois havia prazo para terminar a linha até chegar a uma terra além da montanha 🏔️, onde todos receberiam propriedades. John tinha facilidade em martelar os pregos que prendiam os trilhos 🛤️ aos dormentes. Mas ao chegarem à montanha apareceu uma estranha máquina que podia perfurar a rocha, com uma perfuratriz a vapor.

Ante a perspectiva de desemprego para todos (negros e imigrantes irlandeses) John desafia a máquina (seu condutor é um mistério: uma sombra vista no interior do aparelho) para uma competição, ver quem melhor perfuraria a pedra.

Na sequência - é o que reza a lenda e o desenho mostra - Henry ganha, chega primeiro ao outro lado, quebrando loucamente a pedra com dois enormes martelos - marretas aliás. A máquina perfuratriz quebra. John, porém, morre de exaustão ou talvez de parada cardíaca, e seu sacrifício garante o futuro de todos.

O amor entre John e Polly é um detalhe a parte, e no fim vemos a jovem viúva contando ao filho a história do heróico pai.

Como mostra o filme, John era gigantesco e forte, mas era bom, gentil, altruísta. E sua lenda já atravessou gerações.

O diretor e animador Mark Henn já havia trabalhado em muitas animações da Disney, como "A pequena sereia", "A bela e a fera", além de "Mulan". Em "John Henry" o traço é meio pesado mas funciona bem, tendo em vista o caráter dramático da história, que chega a ser edificante.

Um libelo implícito em favor da Justiça Social e da igualdade entre os povos.

 

Rio de Janeiro, 26 de julho de 2024.