A DAMA DA LOTAÇÃO
Entraram no catálogo da Netflix diversos filmes clássicos brasileiros, como Vidas Secas, São Paulo S.A. e A Dama da Lotação.
Este último é um clássico da pornochanchada brasileira e mostra uma Sônia Braga totalmente exuberante. Ao contrário dos outros filmes citados, este fez um grande sucesso, talvez por ser uma pornochanchada, e o brasileiro adora esse tipo de filme por começar com a palavra "porno".
No filme, ela interpreta uma mulher aparentemente meio frígida com seu marido, mas com desejos latentes escondidos. Quem dá o tom do que vai acontecer no filme é a amiga dela: "De repente você não sente desejo pelo seu marido, mas se atrai por outros." Ela parece ter uma fixação pelo toque e toca, por debaixo da mesa, o pé do melhor amigo do seu marido, com quem acaba tendo uma relação adúltera. Ela descamba para o adultério e dá vazão aos seus desejos mais recônditos.
Trai o seu marido com motoristas de ônibus, com um desconhecido que vê no ônibus e acaba fazendo sexo em um cemitério, e até seduz o seu sogro, que a considerava como filha.
Desconfiado de todas essas traições, seu marido aponta uma arma em riste para ela e a faz confessar todas as traições. Tudo começou com um desconhecido no ônibus, que pediu ajuda a ela. Ela foi com ele até um lugar ermo e exigiu que ele batesse em sua cara.
A Dama da Lotação é baseado em um conto de Nelson Rodrigues e o nome não é por acaso: a moça parece ter fixação por desconhecidos que encontra no transporte público. Com um deles, ela o vê apoiado na condução e se esfrega ao lado dele com movimentos lascivos, simulando o ato sexual, e os dois culminam tudo fazendo sexo na praia. De recordação, o moço desconhecido leva a sua calcinha de presente e a deixa abandonada na areia.
O filme acaba com o marido resignado e com a protagonista Solange assumindo a sua figura mítica como "A Dama da Lotação".
Sônia Braga entrega uma atuação soberba e corajosa, que esbanja sensualidade. O clima do filme é bem provocador e instigante, o que se reflete na fotografia do filme, com cores vivas, fortes e quentes, que sobressaem o vermelho, cor que insinua o pecado e o desejo.
Embora tenha sido controverso e alvo de censura na época de seu lançamento, A Dama da Lotação é hoje considerado um clássico do cinema brasileiro, destacado por sua ousadia temática e pela atuação memorável de Sônia Braga.