A vastidão de um mistério
"The vast of night" (A vastidão da noite) é um bom filme para quem gosta de ouvir uma história sendo contada, como um relato assustador narrado por alguém ou um podcast de temática sobrenatural. Nesses casos, as próprias palavras e a forma como são ditas são o ingrediente principal para se arrepiar. No filme, a trama vai sendo montada aos poucos, juntando peças que vão sendo descobertas ao acaso.
Em meio a algumas correrias, tudo acontece inteiramente através de diálogos, em cenários escuros durante uma única noite numa cidadezinha minúscula na década de 50. Além da escuridão que reina, o lugar está deserto, pois quase toda a população está dentro de um estádio para assistir um jogo. Os dois jovens protagonistas parecem ser as únicas pessoas trabalhando naquela hora, o que os levará a se expor à vastidão da noite sobre suas cabeças. Ele, locutor de rádio, e ela, telefonista, acabam se unindo numa investigação improvisada, que tem início justamente por causa de suas profissões – que giram em torno do áudio.
O suspense começa com pessoas ligando para a rádio para informar alguma coisa ou para a central telefônica em busca de ajuda, porque algo estranho está acontecendo. E é no céu. As peças vão aparecendo gradativamente mas mesmo com o quebra-cabeça ainda cheio de buracos, chega aquele ponto em que continuar incrédulo é impossível, pois quanto mais procuram, mais encontram, aproximando-se cada vez mais de um ciclo que eles ainda nem perceberam.
Foi muito interessante que com esses poucos e simples ingredientes o filme conseguiu proporcionar uma experiência diferente e imersiva, criando uma atmosfera tensa e obscura que mostra como são vastas as formas de se contar uma boa história.