Tami, sem esperar, logra êxito junto a Noriko ao falar da preferência de seu filho por ela.
Também fomos felizes
TAMBÉM FOMOS FELIZES
Miguel Carqueija
Resenha do filme “Também fomos felizes” (Bakushu) – Shochiku, Japão, 1951. Roteiro: Kogo Noda e Yazujiro Ozu. Produção: Takeshi Yamamoto. Direção: Yazujiro Ozu. Fotografia: Yuharu Atsuta.
Elenco:
Setsuro Hara como Noriko Momiya
Chishu Ryo........................................Kouchi Momiya
Chicaige Awashima...........................Aya Tamura
K. Miyake..........................................Fumiko
I. Sugai..............................................Shukichi
C. Higasjiyama..................................Shige
H. Sugimura......................................Tami Yabe
Hiroshi Nihony Anagi........................Kenkichi Yabe
Shuji Sano.........................................Sotaro Satake
Com sua cunhada, Noriko expõe a sua simplicidade.
"Diferente de algumas pessoas, não me preocupo de ficar sem dinheiro."
(Noriko Momiya
Contemplando a praia.
Encantadora tela das relações humanas pelo aspecto dos sentimentos e da família, um grande título do genial diretor Yazujiro Ozu.
Tudo gira em torno de Noriko Mamiya, uma jovem de 28 anos que mora com os pais, o irmão, a cunhada e os dois sobrinhos, ainda meninos. Sorridente, prestativa e trabalhando fora, Noriko é pressionada pela família e até por seu chefe no trabalho, todo mundo acha que ela deve se casar.
O mais extravagante é que esse chefe indica um amigo empresário e a proposta é passada à família de Noriko e todo mundo acha ótimas as referências só que ninguém conhece o sujeito, muito menos Noriko; mesmo assim ela chega a ser “investigada” por uma agência especializada (sic).
Embora mantenha uma face sorridente e otimista parece que Noriko quer escapar da ideia de casar com um desconhecido 14 anos mais velho e ainda solteiro. Quando seu amigo de infância, o médico Kenkichi, resolve mudar de Tóquio para a pequena cidade de Akita, atendendo a uma oportunidade melhor de trabalho, a mãe dele, Tami, visitada por Noriko com um presente de despedida, comenta o quanto gostaria de ver Kenkichi casado com Noriko. E Noriko aceita na hora, para espanto e felicidade daquela senhora — aliás, relativamente jovem.
A decisão de Noriko começa desagradando a família — especialmente o irmão — por decidir tudo sozinha, como se não estivessem decidindo por ela; mas acabam se conformando. Os pais de Noriko são tranquilos e fleumáticos, sentindo-se felizes com a vida que levam. Sua zanga também é tranquila e passageira.
O final porém é comovente quando Noriko, em seu aposento, chora pelo seu destino, pois tudo indica que ela não estava querendo casar com ninguém. E a família ainda se queixava de Kenkichi por ser um viúvo com uma filha, mas Noriko não se importava com isso.
É um filme de grande beleza e sentimentalidade. A fotografia em preto-e-branco ajuda muito na atmosfera minimalista.
A família se reúne, avós e netos na frente.
Rio de Janeiro, 19 e 21 de fevereiro de 2024.
Noriko (muito bem interpretada por Setsuro Hara): o pranto na solidão.